
Quem imaginaria um ano como 2020?
Logo no começo de janeiro de 2020 escrevi um texto falando sobre aproveitarmos o ano que estava começando para nos dedicarmos mais ao nosso desenvolvimento espiritual. Agora chegamos em 2021, um ano que pode ser o ano número 1 de um futuro renovado.
Falava, em 2020, sobre aproveitar para olhar mais para o que somos, e não para o que temos ou queremos, cultivando os bons valores e compreendendo as falhas para poder transformá-las.
Pois 2020 poderia ser o ano da nossa visão mais clara sobre nós mesmos. Um ano em que poderíamos escolher olhar para dentro de nós, ao invés de voltar o olhar só para as coisas exteriores. E então, a partir de dentro, olharmos o mundo com uma visão espiritualizada.
Quem imaginaria que 2020 traria um recado tão forte e contundente para nos chamar à reflexão sobre a vida?
2021 pode ser o ano 1 da renovação do planeta.
Enfim, entre receios e dissabores, angústias e tristezas, passamos por 2020 e começamos 2021 com a promessa que este ano ainda trará muitos desafios. A pandemia continua, as vacinas mal começaram e vão ser precisos muitos meses para uma imunização geral.
2021, que significado ele trará para nós? Eu não sou conhecedora da numerologia, mas o algarismo 1 sempre traz a indicação do começo.
O começo é o início, é o caminho aberto à frente mostrando um leque de possibilidades. Também traz a possibilidade de fazer diferente, de transformar e de reinventar.
A pandemia da covid-19 nos forçou a nos reinventarmos. E nos mostrou que isso é possível, que somos capazes de nos adaptar a novas situações e de incorporar novos conceitos.
A transição é um processo que requer novas condutas.
Como parte da jornada evolutiva da humanidade, a transição planetária se apresenta como um destino certo. Mas ela não tem relação alguma com o fim dos tempos e com o sofrimento.
Ao contrário, é uma passagem, como o próprio nome diz. É uma transição que, quando se concretizar, vai trazer melhores condições de vida para todos. A sociedade será pacífica, por isso teremos mais harmonia e mais felicidade, dentro de um modo de viver mais humanitário.
Só que essa transição não acontece num estalar de dedos, nem é um programa que pode ser instalado num computador universal. É o resultado de um trabalho iniciado por Jesus quando de sua passagem pela Terra, há 2020 anos.
Poderíamos dizer que a transição planetária se processa no tempo do gerundismo. Isto é, ela ‘vai estar acontecendo’, na medida em que cada pessoa adequar a sua vibração de modo que ela esteja sempre positiva e ligada à espiritualidade superior. Para que isso aconteça, naturalmente, toda conduta deve ser norteada por bons princípios morais.
O ser humano precisa, portanto, transformar certas características de sua índole, como o egoísmo, a violência, a sede de poder. Também precisa redimensionar o materialismo que se exacerbou nas últimas décadas, bem como a boa convivência no núcleo familiar e a maior aproximação com a espiritualidade.
As características da pandemia.
A pandemia da covid-19 apresentou algumas características diferentes. Ela não se isolou em alguma região e atingiu praticamente o mundo todo quase que simultaneamente, com intervalos de semanas.
Não foi deflagrada por atritos econômicos, políticos ou administrativos entre as nações, mas levou, justamente, à união de forças para combater o “inimigo comum”.
No começo, a pandemia não atingiu as populações mais pobres, sem recursos, sem instrução, mas começou atingindo as classes sociais mais altas.
Começou vitimando as pessoas idosas. Mas até nisso ela mostrou que não seria seletiva e, enquanto pessoas centenárias se recuperavam, outras mais jovens e saudáveis começaram a ser vitimadas.
Apesar de todo o transtorno e o sofrimento que causou, a pandemia do coronavírus também trouxe algumas lições, que competem a nós implementar:
– ela mostrou a importância da compreensão, o importar-se com o outro, superando o egoísmo e a inveja
– nos fez ver que a convivência pacífica é possível, mostrando que todos podem se unir em torno de um ideal para o bem comum
– a igualdade e o respeito devem existir o tempo todo, pois para o sofrimento e para a morte não existe sexo, cor, ração ou idade, e o mesmo vale para uma vida bem vivida
– a cooperação e a compaixão, estando presente e ajudando com bens, com palavras e com sorrisos podem fazer grande diferença para os beneficiados
Um prazo concedido mas que expirou.
Podemos até elaborar um pensamento, considerando as informações de Chico Xavier que ficaram conhecidas como “data limite”.
Ele conta que foi concedida uma moratória à Terra, um prazo de 50 anos, para que a humanidade aprendesse a conviver de forma pacífica e fraterna, pois apesar do desenvolvimento em várias áreas, o ser humano ignorava o aperfeiçoamento moral. E esse prazo expiraria em julho de 2019, 50 anos depois da chegada do homem à Lua, um dos marcos do progresso.
Considerando-se, então, que os primeiros relatos sobre a detecção do novo vírus se deram justamente ao final de 2019, poderíamos talvez supor que a pandemia tenha vindo para estimular a transformação do ser humano.
A dor e o sofrimento são, sem dúvida, instrumentos que nos levam a uma interiorização e uma reflexão profunda sobre nossos caminhos.
E certamente a humanidade, de forma geral, não ia por um bom caminho. Isso é evidenciado quando olhamos, por exemplo, para as disparidades econômicas e sociais, o materialismo acima da espiritualidade, o desrespeito com a natureza.
Isso tudo sem considerarmos as guerras regionais, as religiosas, as econômicas e uma iminente terceira guerra mundial, cujo poderio bélico seria, provavelmente, devastador.
2021 pode ser o ano 1 da renovação, o começo de uma nova era.
Assim, num exercício de livre pensar, podemos imaginar que em 2021 estamos inaugurando o ano 1 de uma nova era, do tempo da transição, da época da renovação.
Mas é claro que isto só vai acontecer se nós nos renovarmos individualmente. Então, vamos aceitar esse desafio e fazer de cada dia um dia um pouco melhor. Vamos, em todos os dias, renovar alguma atitude nossa.
Sem dúvida, governos e empresas precisam também se modificar, mas eles também são dirigidos por pessoas. Voltamos, portanto à necessidade da transformação individual para que se verifique uma transformação coletiva.
Também não podemos ignorar que continua existindo muita violência e desrespeito, não faltam os oportunistas e aproveitadores. Entretanto, temos que nos lembrar que o livre-arbítrio é soberano e cada um é responsável pelas consequências carmáticas da lei de causa e efeito.
Mas se depois que esta pandemia for controlada toda a sociedade voltar ao que sempre foi, certamente haverá um novo vírus, uma nova tragédia.
Afinal, se alguma coisa não está dando certo, não está dando bons resultados, precisamos reavaliar e reformular. O cuidado com o meio ambiente, com os animais, com as pessoas menos favorecidas, com a educação e a saúde globais.
Vejo, também, que se fala sobre a nova era, a Era de Aquário, que se instaurou a partir da conjunção de Júpiter e Saturno, fato ocorrido em dezembro.
Que os astros, então nos guiem, que os benfeitores espirituais nos inspirem. E que assim nós tenhamos a motivação e a determinação para mudar, transformar e melhorar o nosso mundo.
Vamos fazer de 2021 o primeiro ano do resto de nossas vidas, o ano 1 do qual, no futuro, possamos nos orgulhar.
Noemi C. Carvalho