Um espaço vazio que se apodera de cada instante de vida.
O árido e desértico domínio do coração onde impera a escuridão da alma é como uma casa desabitada, que aguarda a mudança de novos habitantes.
A mudança esperada é como uma muda dança, que preencherá os silenciosos recônditos do coração.
Enquanto isso, o grito mudo da agonia ecoa pelos escuros espaços vazios, aguardando a luz que dissipará o medo da dor, ou talvez a dor do medo, sentimentos tortuosos e torturantes com que a escuridão se compraz, enquanto ela mesma não se desfaz.
A escuridão da alma, que reina soberana no silencioso vazio, sente a proximidade da extinção pela aterradora visão do tênue feixe de luz, que se insinua por uma pequena fenda que o amor conseguiu romper.
Essa tímida luz espreita pela fenda que se rompeu quando o coração estremeceu ao sentir o acariciar de uma flor, o afagar de um animal, o sorriso compreensivo a uma dor de uma escuridão alheia.
A cada sentimento terno de um olhar, a cada emoção afável de um acariciar, a cada doce som de um alento murmurado a fenda se expande e fende ainda mais a escuridão, que sem saber o que fazer ou para onde ir se recolhe e submerge em suas próprias trevas.
O amor ressurge, ilumina cada velada fração do coração pacificado, a luz irradia e se estende como divinos reflexos incontidos numa alma tão pequena, agora pronta a reconquistar seu espaço abençoado.
Noemi C. Carvalho
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