
Uma pequena explicação sobre o ego.
O ego, segundo Carl Jung, é uma das partes da mente humana. Ele está localizado no centro da consciência. É formado por tudo o que foi vivenciado pelo ser, tudo que foi visto, sentido, percebido e compreendido, ou seja, integrado e aceito, e forma a base que organiza os comportamentos e torna os seres conscientes.
A personalidade é composta pela ligação do ego ao que se conhece como self, uma estrutura superior e soberana da pessoa que possui a função de encaminhar o ego e desenvolver a consciência, mediando, estudando e verificando o que se apresenta como desconhecido e inconsciente. O self prepondera em uma etapa conhecida como individuação, que vai se formando ao longo da existência.
O nascimento do ego.
O indivíduo nasce simples e puro, sem um ego. A criança, ao nascer, é pura consciência, fluindo, lúcida, inocente, sem ego. O ego é produzido pelos outros em decorrência de opiniões e julgamentos emitidos sobre ela. A criança aprende que não é aceita como ela é, não a aceitam de forma incondicional, existem condições que devem ser respeitadas.
Ao abrir os olhos e ver o outro, ao tocar o mundo externo, ao ouvir sons estranhos e outra pessoas falando, ao experimentar sabores e sentir cheiros diversos, a criança, com esses sentidos abrindo-se para o exterior, forma uma conscientização do outro em primeiro lugar. Baseado nesse mundo externo, vai construindo personagens, reflexos do pensamento do outro sobre o ser em crescimento.
A partir daí, dá-se a formação do ego. Ele é o agente que interliga a mente com a “sombra”, conscientizando os elementos simbólicos que transitam no campo desconhecido do inconsciente pessoal, interpretando-os e produzindo respostas individuais e únicas. É isto que faz a singularidade dos seres humanos, o que é muito importante para a formação da sociedade e suas relações.
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O ego é a representação desse reflexo. A sociedade é reflexo de todas essas criaturas e, por isso, quanto mais o ilusório mundo se incrementa e se sofistica, maior vai ser a complexidade das personagens que vão se formando uma sobre a outra.
Uma mostra desse processo é o mecanismo que desenvolvemos para tentar mudar os outros, objetivando formatá-los dentro de padrões que acreditamos que eles deveriam ter. Da mesma forma, percebemos o intento dos outros nos forçando a entrar na forma deles. Temos aí o reino do ego.
A transformação do ego.
Com essa pequena noção sobre essa entidade chamada ego, chegou a hora de lançar um pouco de luz e entendermos que o verdadeiro Eu somente poderá ser conhecido através do ego, ou seja, do falso eu. Dessa forma, percebemos que o ego é necessário.
No embate que se dá entre distinguir o que é verdadeiro ou não, descobre-se o que é falso, e então surge a verdade. E ela é o EU SUPERIOR. Nesse instante, o ser percebe todas as fantasias que veste pertencentes aos inúmeros personagens, e reconhece suas máscaras.
Tomando conhecimento e lidando com as falhas e ferimentos, as máscaras espontaneamente se dissolvem e, aos poucos, vai surgindo o verdadeiro Eu.
Precisamos entender que este processo é essencialmente um ato de compreensão e acolhimento de um “ser” que se formou no interior de cada um ao longo de sua existência. Ouvimos muitos falarem mal do ego, execrando-o por incontáveis desacertos. Mas o melhor caminho é entendê-lo e perceber que ele, na verdade, precisa ser educado ao invés de ser punido.
A forma mais efetiva de educar o ego é instruí-lo que ele pode dar amor. Ao entender que isso é possível, ele deixará de existir, solvendo-se no próprio amor. Morrendo como ego, renascendo como amor.
Deixe o amor entrar e brilhar em seu âmago, e todas as sombras se dispersarão.
José Batista de Carvalho
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