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A inveja por trás do mundo digital

Nas redes sociais e nas mídias digitais, as pessoas são cada vez mais alvos de ofensas e críticas agressivas.

Muitos estudos estão sendo realizados na tentativa de compreender e mapear o comportamento das pessoas – especialmente dos jovens – no que diz respeito à sua interação com o mundo digital.

Pesquisas apontam que existe uma tendência crescente nos relatos sobre sentimentos de solidão, desvalorização e consequente estado de estresse ou depressão, devido aos “modelos” irreais e fictícios que são diariamente produzidos na tentativa de mostrar um perfil de sucesso, de beleza, ou de felicidade que nada têm de genuínos, numa necessidade de exibir ao mundo uma imagem idealizada que não condiz com a realidade de cada um.

Algumas pessoas fazem isso por necessidade de afirmação, para obter aprovação social. Outras o fazem, talvez, por ingenuidade, copiando e seguindo ditames socialmente aceitos e valorizados. Outras, ainda, usam os mecanismos digitais para compartilhar com amigos momentos de sua vida – talvez esquecendo que a “rede” pode se estender para muito além das pessoas de convívio.

Diversas pessoas relatam que obtiveram melhora em estados depressivos por conseguir compartilhar seus sentimentos e sua dor com os outros. Isso normalmente gera apoio, simpatia, tem uma ação benéfica por unir pessoas em dificuldades que sabem, assim, que não estão sozinhas, não são as únicas a sentir-se daquela maneira, e renovam as forças para superar seus problemas.

Como mídia digital, também encontramos aqueles que usam como forma de divulgação de seu trabalho, ou como meio de difundir conceitos e mensagens de valor e fácil acessibilidade a todo mundo.

A inveja nasce da comparação

O problema surge quando aparece alguém que não compartilha das mesmas ideias – ou talvez não tenha tantos compartilhamentos em sua rede social – e ataca com críticas, ironias ou ofensas, muitas vezes movidas por sentimentos que nada têm a ver com ideal, ou simplesmente por achar que pode falar o que bem entender sem ter a mínima preocupação com os sentimentos alheios.

Com frequência surgem notícias envolvendo esse tipo de comportamento, às vezes trazendo graves consequências para o alvo da crítica mordaz, outras fazendo com que personalidades do mundo digital se retirem de suas atividades pelo desgaste psicológico sofrido continuamente.

Certo é que a liberdade de expressão e a possibilidade de comentários permite manifestações as mais variadas, e naturalmente nem todos têm o mesmo ponto de vista. Mas, ao mesmo tempo, a liberdade de escolha permite que cada um acompanhe aquilo que gosta, ninguém é obrigado a ler ou assistir nada que não lhe agrade.

Qual seria, então, o sentimento motivador desses comentários invasivos e abusivos, por parte daqueles que provavelmente não pensaram que pode haver uma dor superada, uma tragédia calada que pode estar por trás daquela imagem ali representada, daquelas palavras ali compartilhadas?

Talvez uma das explicações possa ser atribuída ao sentimento de inveja.

O renomado médico-psiquiatra, psicoterapeuta e escritor brasileiro Flávio Gikovate fala um pouco sobre a inveja, de um jeito bem compreensível, afirmando que ela é fruto direto da comparação.

Somos todos diferentes e diversos, cada um de nós tem qualidades inatas ou que pode desenvolver com dedicação e aprimoramento. Mas a comparação acaba sempre acontecendo. Segundo o Dr Gikovate, “ao se compararem, (as pessoas) sentirão a dor típica da ofensa à vaidade que é a humilhação. Sentir-se-ão agredidas pela simples presença daquelas virtudes no interlocutor. Reagirão com a agressividade típica deste tipo de mecanismo que chamamos de inveja: farão algum comentário depreciativo, desprezando justamente aquilo que gostariam de ter; farão com humor para disfarçar a sensação de inferioridade que está embutida em toda ação invejosa.”

A inveja, portanto, pode ser vista como a tentativa de uma pessoa de recuperar a confiança quando se sente diminuída. Mas, não sabendo como se valorizar, prefere jogar em algumas frases tolas toda sua frustração, usando a desvalorização do outro para sentir uma ilusória condição de igualdade.

Sempre é possível construir um mundo melhor

Continuando com o Dr Gikovate, ele cita que “as pessoas teriam que ter a docilidade de aceitar sua condição sem nenhum tipo de frustração. Teriam que, ao se comparar com as outras pessoas, não construir uma hierarquia: teriam que se reconhecer como diferentes e não como superiores ou inferiores. Este seria o mundo ideal, onde as pessoas seriam amigas e solidárias: estamos mais próximos do fim dos tempos do que dele. Estamos no sentido inverso, transformando as pessoas em inimigos, rivais. As pessoas estão cada vez mais solitárias e desamparadas. Quanto mais fracas emocionalmente estiverem, mais serão escravas das “felicidades” aristocráticas, por meio das quais se sentem momentaneamente importantes.”


Para mais sobre o assunto, leia aqui:


Fala-se sempre da energia negativa que pode estar presente no ambiente que nos cerca e à qual ficamos sujeitos, podendo nos causar indisposições físicas e emocionais. No ambiente virtual, a energia se propaga da mesma maneira.

Bom seria que a inveja fosse transformada em motivação; que a vontade de ver o outro derrotado se transformasse na vontade que move a realização pessoal; que a atenção não se concentrasse no que os outros estão fazendo, mas naquilo que cada um pode realizar.

E que, ao final, a escolha fosse exercer a liberdade para se conhecer plenamente, desenvolver seu potencial e permitir aos outros essa mesma liberdade, construindo um mundo receptivo, cooperativo e solidário.

Noemi C. Carvalho


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1 comentário em “A inveja por trás do mundo digital”

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