
O progresso espiritual traz mais próxima a felicidade.
Em “O Livro dos Espíritos”¹ lemos que “Deus criou todos os Espíritos simples e ignorantes, isto é, sem saber. A cada um deu determinada missão, com o fim de esclarecê-los e de os fazer chegar progressivamente à perfeição, pelo conhecimento da verdade, para aproximá-los de si. Nesta perfeição é que eles encontram a pura e eterna felicidade. Passando pelas provas que Deus lhes impõe é que os Espíritos adquirem aquele conhecimento.
Uns aceitam submissos essas provas e chegam mais depressa à meta que lhes foi destinada. Outros só a suportam lamentando e, pela falta em que desse modo incorrem, permanecem afastados da perfeição e da prometida felicidade.
São os próprios Espíritos que se melhoram e, melhorando-se, passam de uma ordem inferior para outra mais elevada.”
Todos os Espíritos nascem maus?
O Espírito, tanto encarnado como desencarnado, no começo de sua trajetória tem suas ações conduzidas mais pelo instinto e pelos impulsos inferiores, e incorre, assim, em muitos erros.
Ao longo das sucessivas reencarnações o Espírito vai, então, passando por várias transições, onde o progresso é feito de forma lenta e gradativa, e cada experiência de vida é definida pelo livre-arbítrio.
Perguntados se todos passam pelo mal para poder chegar ao bem, os elevados Espíritos assim respondem: “Pela fieira do mal, não; pela fieira da ignorância.”
E quanto ao fato de alguns seguirem bons caminhos, enquanto outros se detêm na prática do mal, respondem as entidades espirituais que “Deus não os criou maus; criou-os simples e ignorantes, isto é, tendo tanta aptidão para o bem quanta para o mal. Os que são maus, assim se tornaram por vontade própria.”
Mais uma vez vemos a ação do livre-arbítrio, que “se desenvolve à medida que o Espírito adquire a consciência de si mesmo. Já não haveria liberdade, desde que a escolha fosse determinada por uma causa independente da vontade do Espírito.”
Tudo depende, portanto, de não ceder às tentações, de não incorrer no erro de forma consciente, não fazer as escolhas que podem parecer mais fáceis e prazerosas mas que trazem as suas consequências em decorrência da Lei de Causa e Efeito.
O Espírito recebe as influências negativas que são exercidas por “Espíritos imperfeitos, que procuram apoderar-se dele, dominá-lo, e que rejubilam com o fazê-lo sucumbir”, e essa influência o acompanha “na sua vida de Espírito, até que haja conseguido tanto império sobre si mesmo, que os maus desistem de obsidiá-lo.”
A vida é a oportunidade de se aproximar da pura e eterna felicidade.
Segundo Ramatis², a Terra é como uma escola primária do mundo, e seus habitantes têm ainda atitudes irresponsáveis e egoístas, arrasando cidades pela guerra e devastando o meio ambiente.
“Depois das inevitáveis decepções, fracassos, traumas, dores e enfermidades vão de porta em porta buscando uma saída, uma luz, uma informação, algo que possa tirar deles a tristeza, a mágoa e outras feridas profundas de suas almas.
À medida que a humanidade progride esses homens, nos quais o instinto do mal predomina, desaparecerão gradualmente, renascendo posteriormente em novas oportunidades, em épocas e locais adequados às suas necessidades evolutivas.
Assim terão mais experiência, podendo compreender melhor o bem e o mal. O mal é tão somente uma condição transitória, decorrente da imaturidade espiritual, e que será superada gradativamente à medida que o homem se conscientize do benefício do bem, do justo e do correto.
No âmbito pessoal lutamos contra inimigos terríveis, domiciliados dentro de nós mesmos, que são o egoísmo, a violência, a ignorância, os vícios, etc.
A sociedade apenas reflete coletivamente o que ainda somos. Por isso, encontramos por toda parte criaturas que nos contrariam, ferem, ofendem, prejudicam e arrasam. Estão agitadas, perturbadas, desajustadas, desorientadas, revoltadas com Deus, consigo mesmo, com o próximo e com tudo.
Todo sofredor e desequilibrado é portador de imperfeições graves que os vitimam. Para o aperfeiçoamento são necessários entendimento, esforço, luta e perseverança.”
Cada encarnação, portanto, é uma batalha travada contra os instintos inferiores que ainda precisam ser sublimados, para que sejam atingidos graus mais elevados de consciência, atendendo, assim, ao propósito da vida de encontrar a pura e eterna felicidade.
Noemi C. Carvalho
Referências
1 – O Livro dos Espíritos, Allan Kardec – Parte Segunda, Capítulo I, Progressão dos Espíritos
2 – Sociedade Espírita Ramatis
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