
Uma viagem pelo tempo, para entender o processo de transição planetária e o início da nova era.
Muito se fala na transição planetária e no início de uma nova era, quando a Terra será o palco de um ambiente mais sadio, pacífico e harmonioso, e o espiritismo já há tempos se refere a essa passagem. Mas sabe-se que ela só vai se concretizar pela transformação dos costumes morais dos seus habitantes. Não é possível acontecer uma transformação ambiental quando as energias emanadas pelo pensamentos e atitudes vibram numa faixa de negatividade.
Para entender um pouco melhor esse processo de transformação pessoal e planetária, vamos recorrer aos fatos históricos, observando o planejamento estabelecido pelas leis divinas e o progresso obtido com o passar dos séculos e milênios.
A adequação dos ensinamentos de Moisés ao povo de seu tempo.
Moisés, conforme explicações fornecidas por elevadas entidades espirituais em ‘O Evangelho Segundo o Espiritismo’, “é o Espírito que veio em missão para tornar Deus conhecido não só dos hebreus, como também dos povos pagãos. As vicissitudes por que passou esse povo destinavam-se a chamar a atenção geral e a fazer cair o véu que ocultava aos homens a divindade.
Ao tempo de Moisés, explicam os benfeitores, os habitantes eram “um povo de seu natural turbulento e indisciplinado, no qual tinha ele de combater arraigados abusos e preconceitos.”
Portanto, os ensinamentos morais de Moisés deviam ser apropriados ao estado de adiantamento em que se encontravam. “E esses povos, semisselvagens quanto ao aperfeiçoamento da alma, não teriam compreendido que se pudesse adorar a Deus de outro modo que não por meio de holocaustos, nem que se devesse perdoar a um inimigo.”
Era preciso que se lhes desse “uma representação semimaterial, qual a que apresentava então a religião hebraica. Os holocaustos lhes falavam aos sentidos, do mesmo passo que a ideia de Deus lhes falava ao espírito.”
Desta forma, para que a mensagem fosse compreendida, aceita e os costumes começassem a ser transformados, “só a ideia de um Deus terrível podia impressionar criaturas ignorantes, nas quais ainda pouco desenvolvidos se encontravam o senso moral e o sentimento de uma justiça reta. As leis moisaicas, propriamente ditas, revestiam, pois, um caráter essencialmente transitório.”
Ao tempo de Jesus, uma nova mentalidade permite novos ensinamentos.
Quando veio Jesus à Terra, ele veio desenvolver a Lei de Deus e assim adaptá-la ao grau de adiantamento da humanidade.
Ele deu início a uma nova era “da mais pura, da mais sublime moral, da moral evangélico-cristã, que há de renovar o mundo, aproximar os homens e torná-los irmãos; que há de fazer brotar de todos os corações a caridade e o amor do próximo e estabelecer entre os humanos uma solidariedade comum; de uma perfeita moral, enfim, que há de transformar a Terra, tornando-a morada de Espíritos superiores aos que hoje a habitam.”
A base da doutrina divulgada por Jesus se resumia “a uma prescrição: ‘Amar a Deus acima de todas as coisas e ao próximo como a si mesmo’, para que a Lei de Deus tivesse cumprimento integral, isto é, fosse praticada na Terra inteira, em toda a sua pureza, com todas as suas ampliações e consequências.”
Além disso, ele veio para trazer uma outra verdade fundamental à compreensão da existência: “ensinar aos homens que a verdadeira vida não é a que transcorre na Terra, e sim a que é vivida no Reino dos Céus; viera ensinar-lhes o caminho que a esse reino conduz, os meios de eles se reconciliarem com Deus e de pressentirem esses meios na marcha das coisas por vir, para a realização dos destinos humanos.”
A ciência possibilitou o desenvolvimento do Espiritismo.
Entretanto, Jesus não falou com clareza sobre todos os aspectos da sua doutrina. “Limitando-se, respeito a muitos pontos, a lançar o gérmen de verdades que, segundo Ele próprio o declarou, ainda não podiam ser compreendidas. Falou de tudo, mas em termos mais ou menos implícitos.”
Algumas de suas palavras traziam um sentido oculto. Pois era ainda preciso, para a perfeita compreensão de novas ideias e novos conhecimentos, “que o espírito humano houvesse alcançado um certo grau de madureza. A ciência tinha de contribuir poderosamente para a eclosão e o desenvolvimento de tais ideias. Importava, pois, dar à ciência tempo para progredir.
E foi então que surgiu o Espiritismo, “a ciência nova que vem revelar aos homens, por meio de provas irrecusáveis, a existência e a natureza do mundo espiritual e as suas relações com o mundo corpóreo.” Com o entendimento da vida e das manifestações espirituais, estas deixaram de ser vistas “como coisa sobrenatural, porém, ao contrário, como uma das forças vivas e sem cessar atuantes da Natureza, como a fonte de uma imensidade de fenômenos até hoje incompreendidos e, por isso, relegados para o domínio do fantástico e do maravilhoso.
É a essas relações que o Cristo alude em muitas circunstâncias e daí vem que muito do que Ele disse permaneceu ininteligível ou falsamente interpretado. O Espiritismo é a chave com o auxílio da qual tudo se explica de modo fácil.”
A regeneração que se opera e prepara o Reino de Deus na Terra.
Em relação aos três períodos mencionados, “a lei do Antigo Testamento teve em Moisés a sua personificação; a do Novo Testamento tem-na no Cristo.
O Espiritismo é a terceira revelação da Lei de Deus, mas não tem a personificá-la nenhuma individualidade, porque é fruto do ensino dado, não por um homem, sim pelos Espíritos, que são as vozes do Céu, em todos os pontos da Terra, com o concurso de uma multidão inumerável de intermediários.
É, de certa maneira, um ser coletivo, formado pelo conjunto dos seres do mundo espiritual, cada um dos quais traz o tributo de suas luzes aos homens, para lhes tornar conhecido esse mundo e a sorte que os espera.”
Assim, o Espiritismo diz: “’Não venho destruir a lei cristã, mas dar-lhe execução.’ Nada ensina em contrário ao que ensinou o Cristo; mas desenvolve, completa e explica, em termos claros e para toda gente, o que foi dito apenas sob forma alegórica. Vem cumprir, nos tempos preditos, o que o Cristo anunciou e preparar a realização das coisas futuras. Ele é, pois, obra do Cristo, que preside, conforme igualmente o anunciou, à regeneração que se opera e prepara o Reino de Deus na Terra.”
Entretanto, existe uma rota a ser percorrida, um desenvolvimento a ser atingido, para que as ideias alcancem a maturidade. Então, “uma vez isso conseguido, a beleza e a santidade da moral tocarão os espíritos, que então abraçarão uma ciência que lhes dá a chave da vida futura e descerra as portas da felicidade eterna.
É a lei do progresso, a que a Natureza está submetida, que se cumpre, e o Espiritismo é a alavanca de que Deus se utiliza para fazer que a Humanidade avance.
Moisés abriu o caminho; Jesus continuou a obra; o Espiritismo a concluirá.”
É preciso ressaltar, contudo, que nada acontecerá sem a participação ativa de cada ser, fazendo emergir o melhor da humanidade dentro de si para que a nova era finalmente se estabeleça.
Noemi C. Carvalho
Texto baseado em “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, Allan Kardec – Capítulo I – Não Vim Destruir a Lei
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