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A vida de João Evangelista contada por um amigo espiritual

João Evangelista retratado por Tiziano Vecellio na ilha de Patmos

João Evangelista, uma vida em nome de Jesus.

João Evangelista foi um dos discípulos de Jesus, um dos doze apóstolos e o único que morreu de causas naturais, quando era quase centenário.

Na narrativa de Miramez¹ sobre a sua vida, o autor espiritual enaltece a disposição firme de João de atender os conselhos que lhe chegavam do outro plano. Assim, ele mantinha sempre atitudes de paciência, humildade e amor para com aqueles que ainda desconheciam a Verdade.

Sempre que a dor e o sofrimento se faziam presentes por causa das perseguições, João se restabelecia com mais ânimo e enfrentava as dificuldades com mais esperança. Naquele tempo, os apóstolos eram perseguidos e mortos de maneiras cruéis, como aconteceu com Tiago, com Pedro, com Paulo, para que servissem de exemplo e assim recuassem os seguidores do Cristo.

Suplicando, então, a Jesus pela família cristã e pelos seus pastores que intermediavam as palavras celestiais e as transformavam em ensinamentos para o povo, João Evangelista ouviu uma voz já sua conhecida, que lhe disse:

– “Continua incorporado às forças e às virtudes, aos dons e ao amor dos que se sacrificaram em meu nome. Nenhuma criatura ficará só, porque Deus é Justiça, e acima da Justiça, Ele é Amor”.

“Desse dia em diante,” conta Miramez, “João tornou-se uma imantação energética. Quando um dos seus companheiros de apostolado sucumbia, aumentava o seu vigor, por saber que era a vontade de Deus e que seria uma semente enterrada em solo fértil. E que daquela vida poderiam nascer milhares de outras por lei da Divindade, e que o Evangelho se tornaria mais conhecido pelo fenômeno da fé.”

O prisioneiro na ilha de Patmos.

Quando já era ancião e seus cabelos se coloriram de branco, João foi feito prisioneiro pelos soldados romanos e levado para a pequena ilha de Patmos.

Sua personalidade simples e alegre conquistava os soldados que ali estavam a mando do Império Romano. E estes, assim, se convertiam ao cristianismo, ouvindo-o sempre com admiração e respeito.

Miramez conta que eles “participavam até altas horas da noite das conversações do profeta, que não demonstrava cansaço. Apoderava-se dele um vigor inexplicável nas argumentações evangélicas, historiava a vida do Cristo como se O estivesse vendo.

E, de quando em vez, um leve perfume se fazia presente no ambiente, com as estrelas se tornando mais vivas e o céu mais lindo.”

O amor e a ligação de João Evangelista com todas as criaturas.

O exílio ensinara a João uma outra ciência, da qual poucos têm o conhecimento: a interpretação da linguagem dos outros reinos. Ali ele sentiu que até as próprias pedras eram sensíveis ao amor e as árvores partilhavam de seus sentimentos, diz Miramez.

O benfeitor espiritual que nos traz esses ensinamentos de vida conta que João Evangelista “falava para os peixes sobre a vida de Cristo, com mais entusiasmo do que quando discursava para os homens, e eles o ouviam como se tivessem entendimento.

Dialogava com o vento, e pedia com humildade que levasse a sua fala e a de todos os mensageiros do Cristo para os lugares que dela carecessem, para os enfermos e para os aflitos. O vento tinha a felicidade de penetrar lugares em que o homem jamais pensaria que poderia ser ouvido. E João arrematava deste modo:

– Vento amigo, inspira as almas de bem e tranquiliza as feras humanas: tu és agente de vida como bênção de Deus.”

O amor que vence distâncias.

O ancião bondoso e sereno começou a ser chamado de Pai João pelos seus carcereiros, pois ele atendia afavelmente todos os pedidos de esclarecimento que os soldados lhe dirigiam.

Certa vez, um dos soldados disse a João que se sentia isolado naquela ilha distante, e enquanto seus compatriotas gozavam do bom e do melhor em Roma, eles tinham que saciar a sede com água salobra.

Ao que o apóstolo retrucou:

– “O Cristo nos ensinou como vivermos unidos, mesmo nos encontrando distante uns dos outros, ligados pela ciência magna do Amor, pois quem ama não vive isoladamente.”

Em seguida, diz Miramez, fixou na mente “a lembrança do velho testamento em que Moisés, no deserto, tocara uma rocha e dela fluíra água pura para os sedentos que com ela se saciaram com abundância, e rogou ao Mestre de Nazaré, em nome do Pai Celestial, com todo o amor que possuía no coração:

– Senhor, compadecei-vos deste irmão que tem sede, dai-lhe de beber, mas que se faça a vossa vontade e não a nossa!”

O poder da fé para refrescar o corpo e saciar a alma.

Em seguida, Miramez narra o que se sucedeu a essa rogativa: “No mundo espiritual, moveu-se uma caravana, a cuja frente estava o Cristo com o dedo em riste, apontado para João, que ainda se encontrava com os olhos semicerrados. E do Seu indicador brilhava uma luz diferente.

Partiu dele um raio, tendo o apóstolo como fio terra, que como broca divina penetrou o solo, sem que os homens de Roma pudessem notar. E, como por encanto, as pernas do discípulo começaram a afundar na terra e ele sentiu um líquido refrescante beijar os seus calejados pés.

Os dois homens, assustados, e com os corações acelerados, constataram o fenômeno e o poder da fé. Ao ver o líquido cristalino escorrendo em várias direções, o primeiro impulso dos soldados foi o de prová-lo.

Desconheciam outro líquido igual, mesmo o das famosas termas do país a que pertenciam. Além de saciar a sede, a água também alimentava, como se fosse um bom repasto à romana. Ajudaram Pai João a sair da fonte surgida, sem palavras e aturdidos pelos acontecimentos.”

A ordem para pôr fim à vida do apóstolo.

Chegou, entretanto, o dia em que ordens expressas vindas de Roma determinaram que o apóstolo deveria ser sacrificado em azeite em ebulição. Logo em seguida, os milicianos, que tinham se afeiçoado a Pai João, correram à sua procura.

Os soldados então se dirigiram a ele, dizendo:

– “Pai João, o senhor nos perdoe por interrompermos os seus exercícios espirituais, mas é uma ordem de Roma. Queremos que o senhor obedeça, para não nos colocar em dificuldades.”

– “Seja feita a vontade de Deus. Se é preciso que eu pereça para que o Cristo cresça nos corações dos homens, encontrarei a paz nesse ato e levarei comigo por onde for, a alegria de ser útil”, retrucou o ancião.

No momento do sacrfício, emoção e serenidade.

Os carrascos se dirigiram então com o profeta para o local onde já se achava um tacho de proporções enormes, cheio de azeite em ebulição. Ali chegando, o responsável pela execução fez a seguinte declaração:

– “Pai João, é a contragosto que faremos isso com o senhor; no entanto, somos obrigados a agir assim por ordem procedente de Roma e o senhor mesmo deve saber que uma decisão do Império não aceita vacilação, pondo em jogo, se isto acontecer, as nossas próprias vidas e as de nossas famílias.

Que Deus nos perdoe e que o Pai nos livre do inferno, porque a ideia não é nossa. Temos, todavia, de jogá-lo dentro deste tacho, em nome do seu Mestre, como reza a escritura que nos foi enviada.

Desejam os chefes romanos, que o senhor desapareça para a eternidade. Com isso, provarão nada existir depois do túmulo, que o Céu é a mesma Terra e que o Cristo, vosso Mestre, foi vencido pelo esquadrão da Águia.”

– “E em nome de Jesus eles querem me mandar para a eternidade? Que o Cristo os abençoe, por se lembrarem do nome sagrado do Mestre dos mestres, que veio erguer a humanidade para as regiões de luz”, exultou o apóstolo.

E deu as suas bênçãos aos homens, que choravam copiosamente, enquanto ele permanecia sorrindo com serenidade.

O milagre pela vitória do Bem.

Posteriormente, quando, passado o tempo estipulado pela pena e com o azeite já frio, os soldados começaram a entornar o enorme caldeirão numa sepultura que haviam cavado para abrigar os despojos do Pai amado, conta Miramez o seguinte:

“O velho companheiro de Jesus ergueu-se do fundo da imensa vasilha negra, para espanto de todos, abençoando-os novamente. Parecia chegar de uma longa excursão. Estampou-se em sua feição um sorriso sobremaneira encantador, saudando todos em nome do Cristo, sem qualquer queimadura na pele.”

Os homens, perplexos, se ajoelharam. Logo em seguida, como uma nuvem, se aproximava um bando de pássaros, que “voaram e revoaram em tomo do Apóstolo do Amor e cantaram em uníssono uma canção que o mestre das profecias entendeu como a mensagem de glorificação a Deus, pela vitória do Bem.”

Um conselho para a vida.

A notícia chegou ao Imperador que ordenou, então, que se libertasse o apóstolo de Cristo. Mas os soldados, conhecedores das artimanhas do Império, temiam pela vida do bondoso ancião.

Num gesto de amor e respeito, propuseram ao estimado doutrinador que raspasse os cabelos e, vestindo uma farda dos soldados, fosse para Éfeso. Além disso, para ficar em segurança, sugeriram que trocasse o seu nome, passando a se identificar como Pai Francisco.

“O Cristo nos ensinou como vivermos unidos, mesmo nos encontrando distante uns dos outros, ligados pela ciência magna do Amor, pois quem ama não vive isoladamente.”
João Evangelista

Antes de partir, os soldados, que não poderiam mais ouvir suas sábias e abençoadas palavras, pediram que Pai João lhes deixasse um último ensinamento, uma regra para viver. Comovido, o santo homem meditou e lhes falou:

– “Meus filhos, dar-vos-ei um conselho, uma regra de viver: amai a Deus, sobre todas as coisas, de todo o coração, e ao próximo como a vós mesmos. Aí estão a lei, os profetas, a vida, o céu e o próprio Jesus.”

O pai amado pelo povo de Éfeso.

Narra, então, o autor espiritual que “Pai Francisco foi logo amado por todo o povo de Éfeso, por sua humildade, pelo seu amor a todas as criaturas e pelo prazer de servir a quem precisasse dos seus préstimos.

Frequentemente voltava à Ilha de Patmos. Foi ali, naquele solo agreste, que João Evangelista entrou em êxtase e escreveu o Apocalipse”, as profecias finais determinadas pelo Mestre Jesus, que encerrariam o Evangelho.

Certa noite, em Patmos, o apóstolo ouviu uma mensagem do Cristo: “João, vai para Éfeso e depois vem ter comigo. Que a paz seja contigo.” Naquele momento ele sentiu que se aproximava o fim de suas atividades.

E então, por breves instantes sentiu certa tristeza, o apego àquela região, a seu povo e suas igrejas. Entretanto, conta Miramez, “ no mesmo instante, reconheceu que nada se acaba e que tudo é de todos, nas bênçãos do Divino Doador do universo. Entrou no barco sem tirar os olhos da ilha que, cada vez mais, ficava distante.”

Mas sua viagem não transcorreu solitária. Um cardume como nunca antes visto, acompanhava a trajetória do barco, numa demostração de gratidão ao bondoso amigo. Logo em seguida, um grande bando de aves se aproximou, ao som de melodiosos cantos, recobrindo com uma sobra amiga o apóstolo valoroso.

Uma última pregação.

Foi então, em Éfeso, que o Apóstolo do Cristo fez a sua última pregação. E, como narra Miramez, “se avolumou tanto o número de encarnados como de desencarnados, para ouvir e sentir a presença iluminada do grande astro do Cristianismo, a última estrela apostólica a desaparecer dos céus dos cristãos. E o velho Apóstolo do Cristo, com quase cem anos de idade, irradiava a pura paz.”

Após a pregação e envolto em demonstrações efusivas de respeito e de carinho, João Evangelista, agora Pai Francisco, percebeu então que o amado Mestre lhe ofertava as mãos para ajudá-lo a carregar sua cruz, o fardo que se tornara o seu corpo combalido.

Em seu caminho para casa, o espírito amigo conta que “leve perfume se fazia sentir na grande extensão por onde Pai Francisco passava. Falanges de Espíritos puros operavam entre a multidão pelo comando do Senhor, restabelecendo corpos, aliviando mentes desequilibradas e afastando Espíritos imundos das criaturas sofredoras. Ouviam-se vozes abafadas agradecendo a Deus pelas curas.”

João Evangelista e Francisco de Assis: duas histórias, uma só vida.

Em seguida, continua Miramez, o apóstolo chegou ao lar ainda acompanhado pela caravana celestial. Deitou o corpo cansado no leito e, logo depois, ele se viu em pé ao lado do velho corpo. E sem precisar da ajuda dos emissários espirituais, logo conseguiu se libertar do fardo físico.

No seu retorno à casa espiritual, foi recebido com afeto e salvas de palmas, numa homenagem ao grande trabalho que João Evangelista fizera em nome do amor de Cristo. Foi então abraçado por seus pais na Terra – Salomé e Zebedeu -, por Maria e por Paulo.

E quando se deparou com Jesus quis se ajoelhar, mas não o conseguiu. “Paulo tomou-o em seus braços e seguiu Jesus, que parecia um sol com um cortejo de estrelas, rumo ao infinito”, descreve Miramez.

Tempos depois, João Evangelista reencarnou na figura de São Francisco de Assis para que pudesse continuar com a missão a que fora chamado.

Na nova encarnação, sem dúvida demonstrava o mesmo amor a todas as criaturas e falava com o mesmo verbo amoroso, humilde e envolvente que cativava os corações e difundia os ensinamentos espirituais em nome do amado Mestre Jesus.

Noemi C. Carvalho

1 – Texto baseado no livro de Miramez, “Francisco de Assis”, psicografado por João Nunes Maia, com citações da mesma obra

Fernando Miramez de Olivídeo nasceu na Espanha e em 1649 chegou ao Brasil e se dedicou a aliviar os sofrimentos físicos e espirituais dos indígenas e dos escravos com quem convivia.
Tornou-se guia espiritual de João Nunes Maia (1923 – 1991), com o qual se identificou numa reunião na União Espírita Mineira (UEM).

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