
Uma frase que resume o modo de viver.
Certamente você conhece a expressão “amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo”.
Com simplicidade, Jesus resumiu nessa frase todos os carrancudos mandamentos que serviam como balizadores do comportamento humano, impondo obrigações, proibições e punições, colocando o medo entre o ser humano e o seu Divino Criador.
Direto e simples, Jesus não tinha o hábito de perder tempo.
Mas essa proposição, que nos pede para amar o próximo como a nós mesmos, à primeira vista singela e prática, traz muito material para o trabalho de autoconhecimento que faz surgir o verdadeiro ser escondido sob as máscaras da vaidade, do orgulho, do egoísmo e dos demais maus comportamentos que derivam destes.
Conhecer verdadeiramente para amar profundamente.
Para começar, percebemos que para amar verdadeiramente a Deus é preciso conhecê-lo verdadeiramente.
Precisamos, portanto, desfazer as antigas crenças que antropomorfizaram Deus, caracterizando-o com emoções e métodos humanos. Deus é muito mais do que te ensinaram e do que você imagina.
Criamos um Deus à imagem e semelhança do homem.
Decididamente, não é desse Deus que estamos falando.
Os espíritos superiores que trouxeram a sabedoria do conhecimento espírita para nós disseram de pronto, quando Kardec perguntou:
– “O que é Deus?”
– “Deus é a inteligência Suprema do Universo e causa primária de todas as coisas.”
Muitos de nós, em algum momento da vida, conseguiram atingir um nível maior de elevação e por um certo tempo pressentir Deus, mas a experiência é tão maravilhosa que não encontramos pensamentos e palavras para explicar.
Uma imagem vale por mil palavras.
Meimei, pela psicografia de Chico Xavier, nos conta uma história sobre como conhecer Deus.
Um velho árabe analfabeto orava com tanto fervor e com tanto carinho cada noite que, certa vez, o rico chefe da grande caravana chamou-o à sua presença e então lhe perguntou:
– Por que oras com tanta fé? Como sabes que Deus existe, quando se nem ao menos sabes ler?
O crente fiel respondeu:
– Grande senhor, conheço a existência de nosso Pai Celeste pelos sinais Dele.
– Como assim? – indagou o chefe, admirado. O servo humilde explicou-se:
– Quando o senhor recebe uma carta de pessoa ausente, como reconhece quem a escreveu?
– Pela letra.
– Quando o senhor recebe uma joia, como é que se informa quanto ao autor dela?
– Pela marca do ourives.
O empregado sorriu e acrescentou:
– Quando ouve passos de animais, ao redor da tenda, como sabe, depois, se foi um carneiro, um cavalo ou um boi?
– Pelos rastros, respondeu o chefe, surpreendido.
Então, o velho crente convidou-o para fora da barraca e, mostrando-lhe o céu onde a Lua brilhava, cercada por multidões de estrelas, exclamou, respeitoso:
– Senhor, aqueles sinais, lá em cima, não podem ser dos homens!
Nesse momento então, o orgulhoso caravaneiro, de olhos lacrimosos, ajoelhou-se na areia e começou a orar também.
Acreditar na Luz ou acreditar nas sombras?
O Criador se revela em suas criações.
Eu me emociono ao perceber que o criador sempre deixa algo de si em todas as suas criações, ou seja, temos esse DNA divino em nossa constituição espiritual. Lembre-se de Jesus: “Já não tendes ouvido que vós sois deuses?.” João, 10:34
…sois deuses…, mas, ao ouvirmos isso, as velhas crenças que ainda se enraízam em nosso pensamento nos ameaçam e condenam o atrevimento.
E então me pergunto, para a minha própria surpresa: “Não é melhor acreditar no Filho do Altíssimo do que nessas sombras que assombram a mente?”
Sem dúvida alguma, Jesus não falaria algo que não expressasse a mais pura verdade. Lembre-se, ele também falou: “Eu sou o caminho, e a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai, senão por mim” – João, 14.6
Carregamos em nós a divina chama criativa.
Prosseguindo na ideia de que somos divinos como o Pai que está no céu, para não termos dúvidas ou temer que estamos “nos achando”, vejamos o que mais Jesus falou sobre isso:
“Podem fazer o que eu faço e ainda muito mais“. Observemos que esta remete à sentença original: “Na verdade, na verdade vos digo que aquele que crê em mim também fará as obras que eu faço, e as fará maiores do que estas…” (João 14:12).
Somos deuses com “d” minúsculo, espíritos na jornada da eternidade buscando através do aprendizado, das provas e das expiações nos desenvolvermos, evoluir, progredir amorosamente, emocionalmente, intelectualmente e energeticamente.
Evoluir em todos os níveis ao infinito. Somos espíritos imortais carregando a chama criativa de Deus. Somo ilimitados e evoluiremos sempre. Essa é a realidade espiritual na qual devemos acreditar.
A verdade que brilha no firmamento.
A meta de nossa existência é ir na direção de nosso Divino Criador, por isso não tiremos da mente essa afirmação de Jesus: “Sede perfeitos quão perfeito é vosso Pai Celestial.”
Ser perfeito não significa que queiramos nos equiparar a Deus. Isso é impossível, mas essa é a referência que devemos mirar para progredir e voltar à casa do Pai, nos reintegrando à Divindade.
As palavras de Jesus não pretendem que nos igualemos a Deus. Não há nenhum sentido em pensarmos assim, mas Deus é a referência.
Marchamos no sentido Dele e buscamos, nos esforços de progresso, atingir o próximo nível, o encontro interno com a Divindade.
Olho, então, para o céu repleto de sinais da existência de Deus brilhando, me reconheço em um pequeno brilho no distante horizonte.
Percebo que pertenço a essa galáxia que é envolvida por outras maiores ainda, e percebo que todas as outras estrelas que brilham próximo a mim também estão neste Divino abraço cósmico.
O equilíbrio está em reconhecer a energia do amor ligando tudo ao grande e amoroso Todo.
E assim a frase “amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo”, mais que uma orientação, é uma suprema afirmação da verdade que brilha no firmamento.
José Batista de Carvalho