
Emmanuel e as duas orientações para o resto da vida.
Em 1931, Chico Xavier vê pela primeira vez o Espírito Emmanuel, seu inseparável mentor espiritual, que lhe deu duas orientações para a vida e para a tarefa mediúnica que eles teriam à frente. Fora de qualquer uma delas, tudo seria malogrado. Eis a primeira.
– Está você realmente disposto a trabalhar na mediunidade com Jesus?
– Sim, se os bons espíritos não me abandonarem…, respondeu o médium.
– Não será você desamparado – disse-lhe Emmanuel, mas para isso é preciso que você trabalhe, estude e se esforce no bem.
– E o senhor acha que eu estou em condições de aceitar o compromisso?, tornou Chico.
– Perfeitamente, desde que você procure respeitar os três pontos básicos para o Serviço…
Porque o protetor se calasse, o rapaz perguntou:
– Qual é o primeiro?
A resposta veio firme:
– Disciplina.
– E o segundo?
– Disciplina.
– E o terceiro?
– Disciplina.
A segunda orientação do mentor espiritual para Chico.
A segunda mais importante orientação de Emmanuel para o médium é assim relembrada:
“Lembro-me de que num dos primeiros contatos comigo, ele me preveniu que pretendia trabalhar ao meu lado, por tempo longo, mas que eu deveria, acima de tudo, procurar os ensinamentos de Jesus e as lições de Allan Kardec.
E, disse mais, que, se um dia, ele, Emmanuel, algo me aconselhasse que não estivesse de acordo com as palavras de Jesus e de Kardec, que eu devia permanecer com Jesus e Kardec, procurando esquecê-lo.”
O início de uma longa jornada de trabalho e dedicação.
Chico Xavier conta, em seguida, o programa apresentado por Emmanuel para o trabalho mediúnico a que ele era requisitado.
“Depois de haver salientado a disciplina como elemento indispensável a uma boa tarefa mediúnica, ele me disse:
– Temos algo a realizar.
Repliquei de minha parte qual seria esse algo, e o benfeitor esclareceu:
– Trinta livros, para começar.
Considerei, então: como avaliar esta informação, se somos uma família sem maiores recursos, além do nosso próprio trabalho diário, e a publicação de um livro demanda tanto dinheiro!… Já que meu pai lidava com bilhetes de loteria, eu acrescentei: será que meu pai vai tirar a sorte grande? Emmanuel respondeu:
– Nada, nada disso. A maior sorte grande é a do trabalho com a fé viva na Providência de Deus. Os livros chegarão através de caminhos inesperados.
Algum tempo depois, enviando as poesias de ‘Parnaso de Além- Túmulo’ para um dos diretores da Federação Espírita Brasileira, tive a grata surpresa de ver o livro aceito e publicado, em 1932.
A este livro seguiram-se outros e, em 1947, atingimos a marca dos 30 livros. Ficamos muito contentes e perguntei ao amigo espiritual se a tarefa estava terminada. Ele, então, considerou, sorrindo:
– Agora, começaremos uma nova série de trinta volumes!
Em 1958, indaguei-lhe novamente se o trabalho finalizara. Os 60 livros estavam publicados e eu me encontrava quase de mudança para a cidade de Uberaba, onde cheguei a 5 de janeiro de 1959. O grande benfeitor explicou-me, com paciência:
– Você perguntou, em Pedro Leopoldo, se a nossa tarefa estava completa e quero informar a você que os mentores da Vida Maior, perante os quais devo também estar disciplinado, me advertiram que nos cabe chegar ao limite de cem livros.
O tarefeiro abnegado, um trabalhador inestimável ao serviço de Jesus.
Fiquei muito admirado, e as tarefas prosseguiram. Quando alcançamos o número de 100 volumes publicados, voltei a consultá-lo sobre o termo de nossos compromissos. Então ele esclareceu, com bondade:
– Você não deve pensar em agir e trabalhar com tanta pressa. Agora, estou na obrigação de dizer a você que os mentores da Vida Superior, que nos orientam, expediram certa instrução que determina seja a sua atual reencarnação desapropriada, em benefício da divulgação dos princípios espíritas-cristãos, permanecendo a sua existência, do ponto de vista físico, à disposição das entidades espirituais que possam colaborar na execução das mensagens e livros, enquanto o seu corpo se mostre apto para as nossas atividades.
Muito desapontado, perguntei:
– Então devo trabalhar na recepção de mensagens e livros do mundo espiritual até o fim da minha vida atual?
Emmanuel acentuou:
– Sim, não temos outra alternativa!
Naturalmente, impressionado com o que ele dizia, voltei a interrogar:
– E se eu não quiser, já que a Doutrina Espírita ensina que somos portadores do livre arbítrio para decidir sobre os nossos próprios caminhos?
Emmanuel, então, deu um sorriso de benevolência paternal e me cientificou:
– A instrução a que me refiro é semelhante a um decreto de desapropriação, quando lançado por autoridade na Terra. Se você recusar o serviço a que me reporto, segundo creio, os orientadores dessa obra de nos dedicarmos ao Cristianismo Redivivo, de certo que eles terão autoridade bastante para retirar você de seu atual corpo físico.
Quando eu ouvi sua declaração, silenciei para pensar na gravidade do assunto, e continuo trabalhando, sem a menor expectativa de interromper ou dificultar o que passei a chamar de ‘Desígnios de Cima.”
Francisco Cândido Xavier psicografou mais de 400 obras mediúnicas, de centenas de autores espirituais, abarcando os mais diversos e diferentes assuntos, entre poesias, romances, contos, crônicas, história geral e do Brasil, ciência, religião, filosofia, literatura infantil, etc.
Dias e noites foram por ele ofertados aos seus semelhantes, até o seu retorno à pátria espiritual, em 30 de junho de 2002.
fonte: Federação Espírita do Paraná
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