
Somos um composto de luz e sombra.
Os conhecedores dos meandros da personalidade e da alma dizem que temos em nós a luz e as sombras. Elas se alternam, se mesclam ou sobrepõem, criando as diferentes representações de nós mesmos. Claro que emoções negativas podem nos ferir.
Cada pessoa tem em seu interior, em maior ou menor intensidade, as qualidades e virtudes bem como as imperfeições e desvirtudes. Em outras palavras, aquilo que pode nos tornar bons ou pode nos fazer maus.
Tanto a bondade como a maldade crescem, se desenvolvem e aprimoram com a prática, e por isso, a nossa existência terrena é uma oportunidade que temos de escolher o que queremos ser.
Praticar atos de gentileza, bondade, compreensão, pode nos levar a criar hábitos nesse sentido, e isso se torna o nosso modo de ser.
Da mesma forma, a prática constante de atos que podem até não ser de maldade extrema, mas de desconsideração com qualquer ser que tenha vida, vai amortecendo as noção de respeito, de consideração, de humanidade.
Naturalmente, reconhecermos que cada um de nós é responsável por todos os outros ao seu redor é um passo importante para evitar que o mal prolifere.
Não podemos simplesmente ignorar os sentimentos tristes ou odiosos, porque emoções negativas podem ferir.
Não adianta ignorar a tristeza, porque a tristeza que sentimos e mantemos acobertada pode nos levar a atitudes que têm o potencial de ferir outros seres, talvez como uma forma de punir alguém – mesmo que inconscientemente – pelo que sentimos, ou simplesmente por não conseguirmos perceber o outro e estabelecer a empatia necessária num bom relacionamento.
Também não adianta ignorar a raiva, que toma o mesmo caminho e se torna ainda mais cruel do que a tristeza. De nada adianta tentar esconder de nós mesmos a frustração, a mágoa, a irritação, o ódio, e até o próprio mal eclodindo, como vontade de prejudicar ou maltratar, ou mesmo como uma forma de sentir prazer.
Muitas vezes é necessário buscar ajuda profissional para conseguir entender esses sentimentos, de forma a conseguir canalizar o uso dessa energia destruidora que as emoções negativas têm, transformando-as para realizar atitudes construtivas.
Como usar uma energia de raiva para fazer algo bom? A energia da raiva, da mágoa, da tristeza e da decepção, assim como qualquer outra, é energia, é impulso, é força, e portanto podemos direcionar essa força para aquilo que quisermos.
Somos sete bilhões de seres transformando o estado emocional do mundo.
O mundo é cada um de nós. O mundo não é bom, não é mau, não é alegre, nem é triste. Mas emoções negativas podem nos ferir e ferir aos outros também.
O mundo é a somatória de todos os sentimentos emanados pelos seus sete bilhões de habitantes. Naturalmente, quanto mais pessoas usarem partes de seu dia para compreenderem a si próprias, repartirem esse conhecimento em seu círculo de relações, se esforçarem por aplicar em sua próprias vidas aquilo que acham válido, mais possibilidade teremos de tornar a Terra um lugar mais digno.
Podemos aprender a refrear e direcionar o impulso emocional inicial para não se ferir com emoções negativas.
Os impulsos negativos muitas vezes vêm como um reflexo instantâneo a alguma situação. Quando as reflexões sobre a existência são aprimoradas a cada dia, esse impulso inicial poder ser refreado.
Um átimo de segundo é suficiente para que alguém reflita sobre o que está prestes a fazer e que pode ser um ato de maldade – física ou emocional – para outro ser vivo, humano ou não. Esse segundo pode levar a pensar de novo, mais duas três, seis vezes, até que os impulsos comecem a ser controlados e modificados.
Dessa forma aprendemos a vencer a tendência inata, natural, que todos nós temos de praticar qualquer ato – físico, verbal ou mental – que possa ferir de alguma forma outro ser.
Aprendemos a controlar, a administrar nossos pensamentos e nossas emoções de modo que nossa vida seja mais tranquila, mais alegre o que, naturalmente, vai se refletir no ambiente ao nosso redor. E mais além.
Toda transformação e renovação é possível: só precisamos começar e não desistir.
É necessário transformar pensamentos, para transformar atitudes. E qualquer transformação só é possível com a prática, a dedicação, a tenacidade, a perseverança, até criar o hábito. Pensamentos são hábitos.
As pessoas que já pararam ou tentaram parar com algum vício, seja cigarro, álcool, drogas, jogo, compulsão alimentar ou qualquer outro sabem a dificuldade que é vencer algo que está instalado no modo de ser e de viver.
Os pensamentos que nos levam a ações são a mesma coisa, passam pelo mesmo mecanismo. O fato de ser difícil não quer dizer que seja impossível.
E isso nos leva a continuar mantendo a esperança de que no futuro a nossa querida e sofrida Terra possa ser uma lar mais acolhedor para todos os seres que aqui vivem.
Que a luz Divina possa partir de dentro de cada coração, pois só assim o mundo pode realmente se tornar um lugar iluminado, pacífico, prazeroso.
Noemi C. Carvalho
Você precisa fazer login para comentar.