
Um convite especial.
O médium e orador Raul Teixeira(*) costumava frequentar os trabalhos espirituais coordenados por Chico Xavier. Assim, certa noite, ele foi convidado pelo próprio Chico para um culto com amigos íntimos em sua casa, quando teve a oportunidade de participar de uma das perfumadas lições de Chico Xavier.
Raul, muito jovem ainda, ficou então empolgado com a honra de ser considerado um dos amigos íntimos de Chico Xavier. Arrumou-se, fez sua preparação, orou e em seguida foi para a casa do grande médium.
Mas ao chegar à rua do Chico, para a sua surpresa, viu que ele tinha muito mais amigos íntimos do que ele supunha, porque viu dois grandes ônibus, além de vários automóveis, estacionados em frente ao centro espírita.
Ao entrar na sala onde se realizariam os trabalhos, viu que já estavam todos reunidos. Ele foi levado pelo Sr. Weaker Batista a uma cadeira, reservada a ele junto à mesa. Raul senta em seu lugar, e logo os trabalhos têm início.
A água cristalina ficou rosada.
Foram feitas as leituras preparatórias de ‘O Evangelho Segundo o Espiritismo’ e de ‘O Livro dos Espíritos’. Depois das leituras, o Sr. Weaker foi chamando alguns dos presentes para que fizessem comentários sobre os trechos lidos.
Chico, em transe, começou então a psicografar mensagens dos Benfeitores Espirituais, com belas e confortadoras palavras que levariam consolo para as pessoas que ali estavam, cada uma com seus problemas e tormentos.
Raul nota que enquanto Chico escrevia, na borda interna da jarra de água, alguma coisa se formava. Era uma substância viscosa, semelhante ao mel, que escorria pelas bordas e se acumulava no fundo da jarra.
Quando terminou a psicografia, no momento em que ia começar a leitura das mensagens, Chico pediu para o seu filho da alma, o Dr Eurípedes Reis, que procurasse algo para mexer a água da jarra com a substância de cor âmbar no fundo.
Ao mexer a água, aquela substância foi se misturando, tornando a água leitosa, mas Chico com tranquilidade falou:
– Nossa irmã Scheilla nos trouxe medicamento.
E depois de misturada, a água ficou totalmente rosada.
O menino que precisava de auxílio.
Chico conversava com todos, falava sobre a presença dos amigos do bem que ali estavam, quando se escutam fortes batidas no portão. O Dr. Eurípedes foi atender e Chico pediu que mandasse entrar os visitantes.
Entram na sala um homem carregando no colo um menino que se debatia desesperadamente com chutes e grunhidos, e, em seguida, entram duas senhoras: uma era a mãe e a mais idosa era a avó materna do menino.
Um grande silêncio se fez na sala, vez ou outra ferido pela agitação do pobre menino. Arrumaram-se lugares para acomodá-los enquanto Chico se aproximava da criança.
Para Raul Teixeira era uma grande oportunidade, porque esta seria a primeira vez que iria presenciar Chico Xavier em um atendimento de emergência.
Raul descreve as ações de Chico:
– “Chico não fez estardalhaço, não fechou olho, não arregalou o olho, não se arrepiou como é tão de praxe entre muitos médiuns. Não afirmou que o menino estava acompanhado com cinco, nem com dez, nem com quinze obsessores. Fez silêncio e se concentrou, buscando espiritualmente a origem da ocorrência.”
O odor de rosas perfumadas sentido durante as lições de dedicação de Chico Xavier.
Concentrado no menino, Chico pergunta à mãe o que estava acontecendo. A mãe, emocionada, conta que o menino não dormia há muitos dias, e que o esse problema persistia há meses, abalando toda a família, pois o menino apresentava um desejo incontrolável de se autodestruir.
Eles já havia tentado tudo. Os vários médicos consultados não puderam fazer nada, e no momento em que todas as esperanças pareciam esgotadas, alguém recomendou procurar por Chico Xavier. E assim, lá estavam eles, vindos direto da rodoviária para a presença de Chico.
De repente, um delicioso aroma de rosas frescas toma conta da sala, como se alguém estivesse macerando as perfumadas pétalas naquele momento e aspergindo o doce perfume por todos os cantos, sobre todos os presentes.
Chico estendeu suas mãos sobre o menino que estava no colo do pai, e pediu para que se fizesse uma oração.
O menino foi então se acalmando, parando de grunhir e de se debater e Raul, mais uma vez descreve as ações de Chico:
– “Não vimos Chico estrebuchar, respirar ofegante, estalar dedos, chibatar o espaço. Eram as mãos de Jesus nas suas mãos. A criança dormiu, serena e tranquila como há muito não conseguia.”
O menino tinha entre sete ou oito anos de idade e ficou acomodado no colo do pai, que tinha o rosto molhado pelas lágrimas da gratidão.
Depois de atender a criança e o pai, Chico aplicou passes nas duas senhoras e em seguida voltou a se sentar. Orientou a família a procurar um centro na cidade em que viviam, pois o menino precisaria continuar a receber tratamento fluidoterápico através de passes.
A consolação na obra de Chico Xavier.
Em nenhum momento, entretanto, Chico atemorizou a família dizendo que se não fossem ao centro alguma outra coisa ruim poderia acontecer, ou que o menino poderia morrer se não fizesse o tratamento indicado.
Raul observa:
– “O equilíbrio de quem sabe consolar sem alarmar.”
A família então se dirige para pegar o último ônibus em direção à sua cidade, no interior goiano.
Todos que presenciaram o ocorrido estavam profundamente emocionados.
Chico disse que foi o Dr. Bezerra de Menezes que ali estivera para socorrer o menino e a família.
Explicou que o caso era resultado de complicações de outras vidas do menino, que havia se suicidado, e agora sofria de novo o ataque das mesmas entidades que o haviam levado a pôr fim à sua vida em outras vezes.
Raul Teixeira revela:
– “Os pais precisariam do socorro do espiritismo para que através da fluidoterapia, dos passes e da evangelização do menino, ele pudesse se libertar das garras atormentadoras da obsessão. Mas Chico não disse isso aos pais, deixou que o livre arbítrio funcionasse, e só orientou procurar um centro espírita, porque o menino precisaria.”
Os benfeitores espirituais deixavam perfumadas as lições de vida de Chico Xavier.
Terminadas as explicações, deu-se por encerrada mais uma jornada de amor e caridade. O jovem Raul, que havia presenciado dois memoráveis momentos mediúnicos, nos conta:
– “Notável aprendizado em dois momentos: os efeitos físicos das substâncias que brotaram derramando-se sobre a água e, em seguida, os efeitos físicos no momento do passe, quando ficamos impregnado de odor de rosas frescas, as flores preferidas de Chico, que Scheilla, a benfeitora alemã, trouxera para embelezar aquele momento de intercurso entre a Terra e o mundo espiritual. A consolação na obra de Chico Xavier é uma pauta permanente.”
E assim conhecemos mais um pouco do valoroso trabalho de Chico Xavier, que em sua dedicação incansável recebia as brisas perfumadas de benfeitores espirituais para coroar suas belas lições de vida.
José Batista de Carvalho
Texto baseado em palestra de Raul Teixeira
Referência
(*) Raul Teixeira é um notável orador e médium espírita que psicografou, até o momento, 44 livros, publicados pela Editora Fráter.
Nascido na cidade de Niterói, Rio de Janeiro, tem formação em Física e é Mestre em Educação pela Universidade Federal Fluminense, onde lecionou até se aposentar.
Em sua cidade, fundou a Sociedade Espírita Fraternidade que, além das reuniões espíritas, mantém a obra de assistência social Remanso Fraterno, atendendo crianças carentes.
Como orador, é um dos mais requisitados tendo levado a mensagem espírita a todos os estado brasileiros e também a 45 países.