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As muitas faces de um mesmo rosto

Várias imagens de um mesmo rosto refletidas, mostrando as várias faces que alguém pode ter.
As muitas faces de um mesmo rosto

Certas pessoas deixam de ser quem são para se amoldar aos outros.

Na minha já quase longa vida, presenciei uma série de situações onde me foi possível observar vários tipos de comportamentos. E, assim, melhorar a percepção sobre o ser humano e as suas peculiaridades em meio às diversas circunstâncias que compõem o teatro da vida. Inclusive, as muitas faces que elas adotam.

Alguém pode estar pensando que sou algum tipo de enxerido, que passa o tempo cuidando da vida dos outros. Não, minhas observações começaram no período em que atuei como terapeuta. Tinham, portanto, como propósito enriquecer os meus conhecimentos sobre o ser humano, para compreender melhor a diversidade de personalidades que recebia diariamente em meu consultório.

Um tipo de personalidade me chamava muito a atenção, uma vez que, visivelmente, ela se amoldava às pessoas e às situações com que interagia. Demonstrava, assim, características muito diferentes dependendo de com quem era a interação.

É o tipo de pessoa que, para cada ambiente em que se encontra, desenvolve um tipo de personagem. De fato, dependendo da pessoa com que está, ela é capaz de estruturar um ser totalmente novo para se adaptar às expectativas e gostos daquele a quem quer agradar.

Neste vasto Universo, cada ser é único, não é preciso mostrar muitas faces.

É preciso entender que cada um é um ser único, singular, original. Nunca existiu ninguém igual a você e lhe garanto que nunca existirá alguém nem mesmo parecido com você. Por isso você não precisa dispor de muitas faces.

É só observar a natureza e sua exuberância, a riqueza e o requinte do universo com as suas leis perfeitas e imutáveis que organizam e controlam cada pequeno grão que existe. Então imagine a maravilha que é o ser humano, a espécie mais evoluída e complexa, aquela que foi constituída para experienciar a sofisticada qualidade criativa do Grande Criador.

Reforço o que já disse: cada um de nós é um ser único. Em nossa origem, recebemos cada um dos dons, virtudes e qualidades únicas que, em seguida, deverão ser desenvolvidas e colocadas em ação para o bem de todos e da obra maior que é o universo onde estamos inseridos.

Em seguida a esse esclarecimento, voltemos ao que falávamos.

O medo do abandono dá origem à necessidade de atenção e aprovação externa.

É muito difícil termos a pretensão de nominar algum tipo de comportamento. Pois para fazer isso é necessário um extenso e minucioso processo de pesquisa, com rigores e controles científicos que embasem estatisticamente as hipóteses a serem testadas.

Como já mencionei, eu realizava observações empíricas de uma realidade próxima, sem a intenção de afirmar que fossem verdades absolutas. Feitas as devidas ressalvas, vamos em frente.

O que despertou o meu interesse no comportamento acima mencionado era o fato de que, ao agir dessa maneira, tais pessoas elaboravam constantemente muitas formas de ser totalmente diferentes de seu eu verdadeiro, o ser original e único que adormece em sua Essência interior.

O esforço que tais pessoas fazem para se amoldar aos outros e às situações exibindo muitas faces diversas revela, em princípio, uma necessidade extrema de atenção e de aprovação externa. Esta serve como âncora que previne o naufrágio deste ser em suas densas e turbulentas emoções, que o expõem às doloridas sensações de abandono.

Muito provavelmente, o medo do abandono surgiu na infância em situações onde a falta de um cuidado apropriado contribuiu para o não reconhecimento de si mesmo e do valor inato que todos possuem.

Dessa forma, a pessoa que vive essa experiência passa a temer os seus impulsos básicos e começa a imitar comportamentos que ela observa que obtêm atenção, carinho e aprovação.

A curiosidade e as necessidades básicas da infância, quando não atendidas, originam as muitas faces da vida adulta.

Ao expressar os impulsos básicos na infância, estamos procurando experimentar as nossas qualidades para entender quem somos. Mas muitas vezes os nossos impulsos são expressos de uma forma que acarreta acidentes ou comportamentos não aprovados pelo ambiente em que vivemos. Esse resultado inesperado é reprimido, com o intuito de evitar ferimentos ou situações desagradáveis.

A percepção e, principalmente, a repercussão das reprimendas é que são responsáveis por gerar comportamentos futuros que venham a compensar as carências que surgiram.

Como podemos ver, a causa principal para esse comportamento que se amolda às “preferências” circunstanciais é a necessidade de aceitação. E para conquistar a preferência daqueles que, na atualidade, possam substituir o elemento que gerou a carência original, todos os meios são utilizados. Inclusive adotar muitas faces, dependendo da situação.

Um exemplo para dar maior clareza ao que são essas muitas faces.

Para entender melhor este quadro, vamos a um exemplo. Entre outros, podemos citar o caso em que uma pessoa, para suprir uma carência gerada por um pai muito rígido e autoritário, passa a cobrir de atenções e gentilezas alguma figura que exerce um posto de chefia. Assim, sempre concorda com tudo aquilo que essa liderança expresse e faça.

As mesuras e os afagos se multiplicam, até que consiga angariar o seu intento, isto é, conquistar a atenção e a preferência daquele em que a figura do pai é projetada.

Após algum tempo desse tipo de interação, a energia que movimentava o sistema de relação se renova e logo aparece outra pessoa que começa a despertar a atenção e a preferência do líder. Isto provoca, assim, o desprezo daquele que anteriormente estava nas graças do chefe.

Nestes momentos, a repercussão do abandono é exponencial, e traz à flor da pele todas as terríveis emoções de um um passado de esquecimento e de abandono, concentrados num momento de insuportável sofrimento.

Essa dor, que não é nova, vem lá do passado, muitas vezes até mesmo de outras existências. Apesar de todos os esforços e mecanismos criados para evitá-la, isso não é possível pois só existe uma forma de lidar com esses conteúdos: enfrentá-los. E através do conhecimento atual, desmobilizar a energia emocional transformando a memória que prende a dor em entendimento e perdão.

Experiências de sofrimento são oportunidades que nos reaproximam de nosso ser original.

A maioria desses verdadeiros emaranhados emocionais interiores estão sempre gerando comportamentos que nos aproximam de relacionamentos disfuncionais. Essa é uma forma de oportunizar situações onde uma crise possa surgir para, através dela, poder emergir o entendimento de questões antigas que ficaram pendentes de resoluções.

Assim, devemos entender que os muitos problemas, as dificuldades e os relacionamentos complicados que fazem parte de nossa vida são, na verdade, grandes oportunidades para resolvermos os desequilíbrios interiores e expandir a consciência. Desta forma, nos liberamos dos antigos comportamentos que foram criados com base em carências e sofrimento.

Vamos continuamente retirando as diversas fantasias e as máscaras que usávamos para nos proteger do medo e da vergonha. Paulatinamente, nos aproximamos de nossa verdadeira identidade.

Muitas vezes olhamos para o céu nas noites claras de nossa existência e observamos as mesmas estrelas de sempre. Mas, aos poucos, vamos percebendo um brilho diferente.

José Batista de Carvalho

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