
Quando as dores espirituais dos outros nos atingem e também nos ferem.
Folheando um livro¹, li uma mensagem que fala das profundas dores que transfiguram e deixam cicatrizes no espírito.
Nós nos comovemos facilmente com os corpos que apresentam deformações ou mutilações, seja como resultado de doença ou de acidente sofrido.
Mas existem as lesões dolorosas do espírito, que não percebemos por não serem visíveis aos nossos olhos. Essas precisam, de nossa parte, de uma grande sensibilidade para percebê-las e de muita compaixão para compreendê-las e perdoá-las.
Perdoá-las porque, na maioria das vezes, as pessoas que sofrem dessas dores ocultas nos ferem de diversas maneiras.
Assim, por exemplo, agem aqueles que nos dirigem palavras rudes ou os supostos amigos que nos abandonam no momento de maior necessidade. Ou então os que respondem a gestos de carinho com aspereza, bem como pessoas próximas que nos envergonham com atitudes incorretas.
Todos eles, entretanto, cada um a seu modo, passam por difíceis provas. “São feixes de nervos destrambelhados que a doença consome”, são pessoas que se enredaram nas tramas da obsessão ou ainda “são almas nobres tombadas em tentação, para as quais já existe bastante angústia na cabeça atormentada que o remorso atenaza e a dor suplicia.”
Como devemos agir frente às dores do espírito que percebemos nos outros.
Nesses casos, a orientação é para que não fechemos os olhos diante do mal praticado, a título de praticar a bondade. Mas que procuremos agir “com a prudência e a piedade do enfermeiro que socorre a contusão, sem alargar a ferida”.
Isto é, a nossa ação deve ser no sentido de ajudar na recuperação da alma acidentada no transcurso da vida, pois são irmãos “que se encontram encarcerados em labirintos de sombra, sendo necessário garantir-lhes uma saída adequada.”
Afinal, Jesus nos ensinou, pelo próprio exemplo de vida, a servir e corrigir amando, pois como declarou, não veio à Terra para curar os sãos.
Todos os nossos sofrimentos nos trazem experiência e aprimoramento na vida.
Qualquer que seja a situação, “os soluços de dor são compreensíveis até o ponto em que não atingem a fermentação da revolta”, porque só a compreensão das dores do espírito nos levam a entender a verdadeira dimensão da vida.
E nem podemos nos esquecer que, na jornada de evolução, o desenvolvimento de cada um é que regula o sofrimento, que se torna cada vez mais leve na medida em que o espírito se aprimora e age de acordo com os bons preceitos morais e espirituais.
Pois devemos sempre nos lembrar que “a dor não provém de Deus, de vez que, segundo a Lei, ela é uma criação de quem a sofre.”
Além disso, “aprende melhor quem aceita a escola da provação”, porque a amargura da derrota, o sofrimento da desilusão, a aflição da enfermidade, são as lições que tiramos das experiências que a vida nos reserva para consolidar nosso caminho rumo ao triunfo, à paz e à felicidade.
Noemi C. Carvalho
1 – texto baseado em “Acidentados da Alma”, do livro “Estude e Viva” – por Emmanuel e André Luiz, – psicografado por Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira – 6ª Edição – FEB
Você precisa fazer login para comentar.