A única opção é enfrentar o problema que aparece.
Quem é que nesta vida já não passou por uma profunda inquietação interior ao ter que enfrentar um problema que aparece, desejando que ele simplesmente nunca tivesse acontecido? Mas ele está aí, bem na sua frente, e ficar parado não é uma opção. Você vai ter que passar por ele para seguir o seu caminho.
A mente fica confusa, o coração acelerado, o estômago apertado, o ar parece que não chega aos pulmões. Como conseguir se acalmar e, ainda mais, como vencer essa monstruosidade que apareceu para desestruturar a sua vida?
É possível que você tenha já superado muitos outros problemas, e certamente encontrou a melhor forma para fazê-lo. De minha parte, posso dizer que a cada vez que tive que lidar com alguma situação angustiante, me aproximei mais de Deus e de Jesus.
Uma mudança no jeito de pensar.
No começo, na minha juventude, eu acreditava que não devia pedir a Deus para me ajudar a resolver os problemas que eu enfrentava. Porque eu entendia que a espiritualidade era algo separado da vida material, que dizia respeito só a manter a fé, orando e agradecendo, e a tentar agir de acordo com os bons preceitos morais.
Ao longo dos anos, comecei a modificar o meu entendimento sobre essa relação com Deus. Eu acredito agora que, de fato, tudo o que nos acontece tem um motivo. E tanto pode ser consequência de uma ação praticada ou até mesmo uma escolha, feita antes de reencarnar, para o melhor aproveitamento desta existência.
Ou seja, os males que nos acontecem não são um castigo divino. E, por outro lado, podemos sempre pedir a Deus ou a Jesus, que nos ajude a lidar da melhor forma com esse monstro de sete cabeças que de repente apareceu.
Mas o corpo de carne insiste em retornar aos pensamentos aflitivos. E a todo momento preciso combatê-los trazendo à lembrança a grandeza do poder de Deus. O coração fica agoniado e preciso confortá-lo pedindo serenidade ao amoroso coração de Nossa Santíssima Mãe. E quando o problema parece tão grande que vai arrasar tudo, lembro que Jesus disse que, se tivermos a fé do tamanho de um grão de mostarda, podemos mover montanhas.
Acreditar e confiar, mas sem exigir.
Isso, de todo modo, não é tarefa fácil, pelo menos não para mim, ainda tão distante de possuir uma elevação espiritual que me permita uma entrega total aos desígnios divinos.
Nós pedimos respostas, mas às vezes elas não chegam com a rapidez que gostaríamos. Afinal, tudo tem o seu tempo, mas o instante divino não se demora mais que o necessário.
Queremos uma solução determinada, mas aquela pode não ser a melhor para nós, que não conseguimos ter o alcance do que aquilo pode acarretar no futuro, nem temos uma visão que consiga abranger todo o nosso passado.
Além disso, as situações problemáticas põem à mostra as nossas fraquezas, indicam um caminho, mostram no que temos que nos fortalecer.
Por isso manter a fé pode ser difícil. Porque ter fé não significa que Deus vai fazer com que tudo aconteça do jeito que queremos. Mas sim que confiamos em suas decisões para nós, ainda que não consigamos compreender o seu alcance para a nossa vida.
Precisamos escolher os pensamentos.
Devemos, sim, pedir a Deus que nos socorra em nossas angústias, pedindo que Ele nos conceda força, paciência e serenidade para vencermos a situação aflitiva, e assim conseguirmos manter a nossa mente equilibrada.
Mesmo se não conseguimos entender porque aquela situação está acontecendo, certamente pensamentos de medo, de negatividade ou de raiva só vão piorar as coisas.
Os pensamentos exercem um intenso poder sobre nós e se ligam a outros semelhantes, aumentando o seu potencial, e, assim, retornando para nós fortalecidos.
Portanto, pense no que você acha que é melhor: deixar ficar os pensamentos de que nada dá certo, de que vai acontecer o pior, emitir vibrações de medo, de frustração, de raiva e ser bombardeado por uma carga ainda maior dessas energias nocivas?
Ou se esforçar a todo momento, se empenhar a cada minuto, por mais que lhe pareça difícil, para manter a serenidade e a confiança, pedindo a Deus que lhe permita receber o auxílio e a orientação necessária?
Jesus disse para não nos afligirmos, mas para confiarmos nele e também em Deus, pois assim ele pode nos conceder o benefício da paz. Não a paz do mundo, frágil e efêmera, mas a sua paz, que acalma a mente e serena o coração. (João, 14)
Só nós temos poder sobre a nossa paz.
Fato é que nada nem ninguém pode, simplesmente, chegar e tirar a paz de dentro de nós. Nós é que abrimos mão dela, abrimos as nossas defesas e deixamos que a incerteza, o medo, a raiva, se apoderem de nossas emoções, expulsando a paz. E só nós é que temos o poder de trazê-la de volta.
Como eu disse antes, certamente cada um de vocês encontrou a sua forma de lidar e superar os problemas e as adversidades. Este é apenas um caminho, que, se quiser, você pode experimentar.
Quando seus pensamentos ficarem conturbados, feche os olhos, procure mentalizar a energia amorosa de Deus, de Jesus ou de Nossa Senhora. Acalme a respiração, relaxe os músculos, e peça, com sinceridade e confiança, alívio para o seu sofrimento, luz para o seu caminho.
Mantenha essa conexão por alguns momentos, deixe a energia amorosa e serena envolver você, acalmando os seus sentidos, desanuviando a sua mente, restabelecendo a sua confiança.
O seu problema pode não ser resolvido imediatamente, mas você certamente encontrará forças e inspiração. Além disso, talvez você note que tudo vai se encadeando, numa sincronicidade de acontecimentos que mostram que você não está sozinho, que Deus enviou os seus anjos para acompanhá-lo e conduzi-lo.
Noemi C. Carvalho
