
O que vem antes: receber ou praticar o bem?
É certamente tentador atribuir ao destino os males que nos ocorrem. Mas é inegável que eles representam a nossa parcela de responsabilidade sobre as nossas atitudes, na Lei de Causa e Efeito. Da mesma forma, o bem praticado também obedece a essa lei de retorno. Pois todas as nossas atitudes recebem, em determinado momento, o reflexo das consequências a que elas deram origem.
A esse respeito, Emmanuel¹ diz que “não ignoramos que a lei de causa e efeito funciona mecanicamente, em todos os domínios do Universo. Sabemos, porém, que diariamente criamos destino.
Decerto que a Eterna Sabedoria não nos concede a inteligência para obedecermos passivamente aos impulsos exteriores.
Confere-nos inteligência e razão para obedecermos às leis por ela estabelecidas, com o preciso discernimento entre o bem e o mal.
Cabe-nos, assim, criar o bem e promovê-lo com todas as possibilidades ao nosso alcance.”
Certamente que todo o bem praticado, no sentido de diminuir o sofrimento de nossos semelhantes é válido. Mas, como explica ainda o benfeitor espiritual, são ainda mais importantes nossas atitudes antes que se instale a infelicidade, o desespero ou a delinquência.
Assim, diz ele, “o bem antes de tudo” deve constar como item fundamental do nosso programa de cada dia, “atendendo ao socorro fraterno, na imunização contra o mal”.
Viver é atribuição de cada um, mas conviver é atividade solidária.
Emmanuel traz outra observação importante: “alguém se permitirá dizer que, se somos livres, nada temos a ver com as experiências do próximo.
E estamos concordes com semelhante assertiva, no tocante a viver, de vez que todos dispomos de independência nas escolhas e ações da existência, das quais forneceremos contas respectivas, ante a Vida Maior.
Contudo, em matéria de conviver, coexistimos na interdependência, em que necessitamos do amparo uns dos outros, para sustentar o bem de todos.”
Para melhor entendimento desse conceito, o mentor espiritual faz uma comparação. Diz que os viajantes de um navio, estando em alto-mar, devem adotar uma conduta de auxílio mútuo e colaboração de todos para evitar um naufrágio.
E, continua Emmanuel, “nós, os Espíritos encarnados e desencarnados, em serviço no Planeta, não nos achamos em condição diferente.
Daí, a necessidade de fazermos todo bem que nos seja possível na reparação desse ou daquele desastre. Mas, para que tenhamos sempre a consciência tranquila, é preciso saber se fizemos o bem antes.”
As situações do dia-a-dia que devemos evitar.
André Luiz enumera uma série de atitudes cotidianas que, à primeira vista, podem parecer comuns e não trazer nada de extraordinário.
São situações que vemos a todo momento e, quem sabe, muitas vezes também praticamos, movidos pelo hábito ou por uma ação irrefletida e impulsiva. Assim, ele explica:
“O ato de rebeldia e dureza, antes de manifestar-se em maligna agitação, transforma o templo da alma em foco de lixo vibratório.
A palavra precipitada e ferina, antes de ferir o ouvido alheio, entenebrece os processos mentais do seu autor, com a sombra da invigilância.
A queixa, embora aparentemente justa, antes de parasitar o equilíbrio do próximo, vicia as intenções mais íntimas do seu portador.
A opinião estagnada e orgulhosa, antes de acabrunhar o interlocutor, cristaliza as possibilidades de atualização e aperfeiçoamento de quem a manifesta.
O hábito lamentável, superficialmente comum, antes de sugerir a trilha da frustração ao vizinho, aprisiona quem o cultiva em malhas invisíveis de lodo e sombra.
A repetição deliberada de um erro, antes de dilapidar a reputação do delinquente, intoxica-lhe a vontade e solapa-lhe a segurança.
A grande ação delituosa, antes de exteriorizar-se para o conhecimento de todos, é precedida por pequenas ações infelizes, ocultas nos propósitos escusos daquele que a perpetra.
O desculpismo improcedente, antes de ser vã tentativa de iludir os outros, constitui a realização efetiva da ilusão naquele que o promove.”
Pela relação de nossas atitudes com a Lei de Causa e Efeito, o bem recebido é decorrência do bem praticado.
Lendo com muita atenção cada umas das ocorrências citadas por André Luiz, podemos constatar que todas elas, apesar de causarem algum tipo de prejuízo ou levarem negatividade a alguém, antes disso são prejudiciais a quem as pratica.
Sabemos que toda ação é decorrente de um pensamento inicial. Ou seja, sempre que agimos exercendo alguma ação na vida exterior agimos, antes mesmo disso, em nossa própria vida. Portanto, todas as atitudes que tomamos, seja boa ou não para os nossos semelhantes, respondendo à Lei de Causa e Efeito, tem o mesmo caráter para nós mesmos.
Nas palavras do benfeitor espiritual, “antes de agirmos, mentalizamos a ação. Antes de atuarmos na vida exterior, atuamos em nossa vida profunda. E antes de sermos bons ou maus para todos, somos bons ou maus para nós mesmos.
Guarde a certeza dessas realidades. Antes de colher o sorriso da felicidade que esperamos através dos outros, é preciso vivermos o bem desinteressado e puro que fará felizes aqueles que nos farão felizes por nossa vez”, conclui André Luiz.
Noemi C. Carvalho
Referência
1 e 2 – Emmanuel e André Luiz, no livro “Estude e Viva”, psicografado por Chico Xavier