
É preciso ter cuidado com os mistificadores, os falsos profetas.
Um dos grandes cuidados no espiritismo é se certificar que as mensagens que nos chegam são verdadeiras. Sim, são inúmeros os falsos profetas, mistificadores que buscam na boa fé e ingenuidade dos inocentes o campo para lançar suas mentiras e assim conseguirem alcançar os seus objetivos.
A mediunidade, conforme explicado em “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, em seu cap. XXVI – item 12 , “…é uma faculdade sagrada, que deve ser praticada santamente, religiosamente.”
A atenção, o respeito e o cuidado embutidos neste trecho do Evangelho se devem ao fato de os médiuns serem os instrumentos utilizados pelos espíritos para suas comunicações e interações com o mundo material.
Por ser uma capacidade do ser humano em geral, ela pode estar presente em qualquer pessoa, independente de suas condições morais ou intelectuais.
Por isso, essa faculdade precisa ser educada. Para que, assim, seja um agente da disseminação do amor e do bem, do consolo e da caridade que embasam as Divinas Leis que regem o Universo.
A mediunidade deve ser corretamente desenvolvida.
“O bom médium (…) é simpático aos Bons Espíritos e só por eles é assistido. É neste sentido, unicamente, que a excelência das qualidades morais é de importância absoluta para a mediunidade.” (O Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. XXIV, item 12)
O trabalho de desenvolvimento mediúnico é fundamental para aqueles que têm a sensibilidade mediúnica mais aflorada. O estudo sistemático da doutrina e seus aspectos morais, filosóficos e científicos visa como resultado incorporar, na vida daqueles que estão se desenvolvendo, a elevação das qualidades morais e emocionais necessárias para a prática da mediunidade.
Existe muita desconfiança envolvendo a atividade mediúnica. Mas a maioria dos problemas e dúvidas nasce justamente pelo desconhecimento da Doutrina Espírita. Além disso, ela decorre também da falta de uma boa formação e compreensão dos mecanismos que são a base da mediunidade.
O que é o animismo na mediunidade.
Na sua origem, a palavra “animismo” designa a ação de atribuir a algum objeto inanimado características vivas. Seria como se o animássemos, conferindo-lhe uma “anima”, uma alma. Um exemplo disso é quando acreditamos que determinado objeto possa ser um agente de sorte, ou um amuleto com poderes.
Na mediunidade, compreendemos o animismo como a manifestação da alma do próprio médium. Assim, a alma do médium, ao ter um grau maior de liberdade, recupera momentaneamente suas qualidades como espírito. E, dessa forma, passa a falar e a agir como tal.
Em função disso, portanto, é com muita atenção e cuidado que se deve procurar verificar se a entidade que se apresenta através do médium é realmente um ser desencarnado. Ou se é a mente do médium que está se manifestando.
A manifestação mediúnica e a anímica.
O ser humano traz em seu íntimo crenças, padrões, convicções e recursos inestimáveis, conquistados nesta existência e também em vidas passadas. Eles ficam armazenados no inconsciente e, em determinadas situações, podem aflorar de forma semelhante à comunicação de alguma entidade.
Os limites que separam uma manifestação mediúnica de uma exteriorização anímica são mínimos, são muito tênues. Por isso é preciso muita prática e capacidade para reconhecer o momento em que a mente do médium se cala e um pensamento exterior de alguma entidade ganha corpo.
Uma outra questão que pode interferir é que geralmente o médium que atua animicamente desconhece que age dessa forma, expressando seus conteúdos interiores e seus aspectos psíquicos.
Como acontece a mistificação.
Na mistificação, aquele que se passa por médium tem plena consciência de que é ele que está se manifestando. E faz isso seguindo, invariavelmente, algum objetivo escuso, levando a mentira e o engano adornados de atividade espiritual.
A mistificação existe onde a mentira se manifesta.
Muitas vezes, também, o médium está realmente transmitindo a expressão de um espírito. Mas esse espírito se apresenta como alguém que não é, geralmente dizendo ser algum personagem de renome e de grande conhecimento, uma celebridade. Ele procura, assim, se apropriar do bom conceito que tal vulto possui para conseguir os seus intentos.
Em muitos casos é o próprio médium que dissimula que está dando passagem para um espírito. Ele assim ilude as pessoas para ter algum lucro ou por algum outro interesse particular. Aqui temos os falsos profetas, que se passam por virtuosos, mas são apenas mistificadores.
Uma característica do nosso povo é a sua crença em buscar na mediunidade o auxílio, o conselho, a palavra de alívio e conforto nas horas difíceis. Nesses momentos, as pessoas procuram os centros espíritas, os terreiros, as cartomantes e os sensitivos em geral.
Mas nesta sociedade conturbada em que vivemos, encontramos muitos que só fazem explorar a boa fé e o desconhecimento dos inocentes. Eles se utilizam dessa crença na espiritualidade para enganar e explorar aqueles que já estão fragilizados.
Como se proteger da mistificação e dos mistificadores.
O importante é perceber que tipo de orientação está sendo passada. Assim:
– Caso a comunicação queira criar algum tipo de dependência de algo ou de alguém, cuidado: é assim que os mistificadores fazem para criar seguidores e adoradores.
– Se for solicitado algum pagamento ou algo em troca para a resolução das questões materiais ou espirituais, de crises familiares ou problemas afetivos que levaram à procura de ajuda, não acredite que isso irá lhe ajudar.
– Ao perceber que falta coerência, nexo ou lógica nas informações, nas revelações e nas orientações, afaste-se. As entidades elevadas possuem um discurso correto, lógico e racional.
– Não tema desconfiar de discursos insensatos, de obrigações absurdas e de orientações contraditórias. O bem não é complicado nem insensato. O problema é aceitar as comunicações mentirosas e cheias de malícia.
– “O Livro dos Médiuns”, de Allan Kardec nos traz preciosa orientação do Espírito Erasto: “Melhor é repelir dez verdades do que admitir uma única falsidade, uma só teoria errônea.” (Cap. XX, item 230)
Os mistificadores, em suas falas, recorrem a mistérios que não podem ser revelados. Assim eles encobrem a incoerência e a falta de sentido de suas orientações e ensinamentos. E repetem a farsa incansavelmente, até que esta pareça ser a verdade que justifica as suas ações.
A verdade é a Lei da Vida, e jamais se perderá na penumbra das ilusões. Ao contrário, ela se ergue para apontar o caminho a seguir com segurança e mérito em seu devido tempo.
José Batista de Carvalho
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