
As emoções são energias que podemos direcionar.
Acreditamos que não podemos fazer nada com relação às emoções que sentimos, mas elas são energias e, como tal, está a nosso alcance (e sob nossa responsabilidade) o encaminhamento e a direção que queremos que elas tomem.
Um assunto que vem à tona cada vez com maior frequência é a preocupação com a saúde mental da população, exposta em diversos níveis às mais variadas experiências causadoras de estresse e ansiedade, reflexos da pandemia que se instalou já há alguns meses.
Devido a todas as incertezas e temores que rondam os nossos dias, o sistema emocional lida com cargas sucessivas de apreensão. E a falta de perspectiva para uma solução eficaz em pouco tempo vai tornando cada vez mais difícil retomar o equilíbrio para manter a mente serena.
Uma das indicações de profissionais da área para aliviar a pressão sentida é aceitar as emoções e não sentir vergonha delas. A sinceridade é importante neste momento, assim como a compreensão. É importante saber que você não está só, e que seu sentimento é compartilhado e sentido também por outras pessoas.
E essa também é a orientação dada por Hammed¹, em trecho do livro ‘Renovando Atitudes’, psicografado por Francisco do Espírito Santo Neto, quando passamos por períodos de instabilidade emocional.
Permitir que as emoções venham à tona.
Hammed explica que “os indivíduos em plenitude não negam suas emoções; permitem que elas venham à tona, e, como elas estão sob seu controle, reconhecem o que estão lhes mostrando sobre seus sentimentos, suas inclinações e suas relações com as pessoas.
As emoções devem ser ‘integradas’, ou seja, primeiramente, devemos nos permitir ‘senti-las’; logo após, devemos julgá-las e ‘pensar’ sobre nossas necessidades ou desejos; e, a partir disso ‘agir’ com nosso livre-arbítrio, executando ou não, conforme nossa vontade achar conveniente.
O mecanismo de nos ‘consentir’, de ‘raciocinar’ e de ‘integrar’ emoções determinará nossos êxitos ou nossas derrotas nas estradas de nossa existência.”
As emoções são energias que estão sob nosso controle.
A pandemia do coronavírus não traz só um, mas vários denominadores comuns. Nos países onde houve ou ainda existe uma grande incidência de casos de contágio e de mortes, podemos dizer que existem diversos grupos que se afinizam pelo mesmo tipo de sentimento.
Assim, existem aqueles que sentem medo de sofrerem o contágio e aqueles que, positivos para a covid-19, ficam na insegurança de como vai se desenvolver a doença. Muitas pessoas tiveram que se adaptar a trabalhar a partir de suas casas, enquanto outros não sabem se ainda terão um emprego. Alguns são obrigados a conviver em espaços pequenos e com relações conflituosas, enquanto outros sofrem por não poder estar perto de pessoas queridas. Ficar dentro de casa na quarentena é angustiante, mas sair é preocupante. E aqueles que não ligam para nada, estão negando uma realidade existente e recalcando emoções que um dia vão aparecer.
“Assim considerando, emoções não são certas ou erradas, boas ou impróprias, mas apenas energias que dependem do direcionamento que dermos a elas.“
Hammed
Por esse breve cenário podemos ver que existem muitos tipos de medos, insatisfação, apreensão, inconformismo, negação. Elas podem ser diversas, mas a forma de lidar com elas é a mesma: reconhecer e aceitar aquilo que estamos sentindo, porque quando reconhecemos e aceitamos as nossas emoções, passamos a entender como elas atuam sobre nós.
Ou seja, ao perceber que estamos sob a influência de alguma emoção de forma mais intensa, avaliamos o porquê de nos sentirmos assim e procuramos, de forma racional e consciente, reverter a influência que ela exerce sobre nós. Assim, podemos administrá-la de uma forma adequada ao invés de permitir que ela esteja no controle.
Nem todo mundo sente da mesma forma.
Além disso, existe um importante diferencial nos componentes emocionais, como bem explica Hammed: “Emoções são muito importantes. Através delas é que nos individualizamos e nos diferenciamos uns dos outros. Ninguém sente, pois, exatamente igual, isto é, com a mesma potência e intensidade, seja no entusiasmo em uma situação prazerosa, seja na frustração ao observar uma meta perdida. Podemos penar igual aos outros, mas para um mesmo pensamento criaturas diversas têm múltiplas reações emocionais.
Assim considerando, emoções não são certas ou erradas, boas ou impróprias, mas apenas energias que dependem do direcionamento que dermos a elas.
Reconhecê-las ou admiti-las não significa, de modo algum, que vamos sempre agir de acordo com elas.”
As emoções não devem ser reprimidas.
Esse entendimento é importante para não nos compararmos aos outros e, assim, nos permitirmos sentir aquilo que sentimos à nossa maneira. Da mesma forma, a compreensão pelo que o outro sente deve sempre estar presente.
Podemos, então, ajudar impedindo que as críticas – ainda que ditas com boa intenção, de modo a querer aliviar a situação – sejam o motivo que leva a reprimir a emoção, o que é sempre prejudicial.
“Tristeza, alegria, raiva ou medo são emoções básicas e deveremos usá-las como bússolas que nos nortearão os caminhos da vida.”
Hammed
De acordo com os esclarecimentos dados por Hammed sobre essa questão as emoções, “quando negadas ou reprimidas, não desaparecem como por encanto; ao contrário, sendo energias, elas se alojarão em determinados órgãos e congestionarão as entranhas mais íntimas da estrutura psicossomática dos indivíduos.
Ao abafarmos as emoções, podemos gerar uma grande variedade de doenças autodestrutivas. Abafá-las pode também nos levar a reações muito exacerbadas ou à completa ausência de reações, a apatia.
Portanto, quando tomamos amplo contato com nosso lado emocional, começamos a reconhecer vestígios a respeito de nós mesmos, que nos proporcionarão autodescoberta, autopreservação, segurança íntima e crescimento pessoal.”
As emoções são bússolas para nosso caminho.
Como podemos observar, o papel que as emoções exercem sobre nossa vida, a forma como influenciam nossa saúde e bem-estar, como elas moldam a nossa conduta e nossas realizações pessoais e profissionais nos dão motivos de sobra para começarmos a prestar mais atenção a elas e, principalmente, cuidarmos melhor de nossa saúde emocional.
“Ora, se o Poder Divino, através de sua criação, pelo próprio mecanismo da Natureza, delegou as emoções, não poderemos simplesmente negá-las, como se não servissem para nada.
Elas estão conectadas a nosso sistema de pensamento “cognitivo” – atividades psicológicas superiores, tais como: a percepção, a intuição, a memória, a linguagem, a atenção e os demais processos intelectuais e espirituais.
Tristeza, alegria, raiva ou medo são emoções básicas e deveremos usá-las como bússolas que nos nortearão os caminhos da vida”, conclui Hammed.
Noemi C. Carvalho
Referência
1 – Hammed viveu por várias vezes no Oriente, e especificamente, na milenar Índia. Também viveu na França do século XVII, nas cercanias de Paris, como religioso e médico.
É autor de diversas obras, psicografadas pelo médium paulista Francisco do Espírito Santo Neto, como ‘Renovando Atitudes’, ‘Os Prazeres da Alma’, ‘As Dores da Alma’ e ‘A Imensidão dos Sentidos’.
Destaca-se dentre os autores espíritas pela abordagem com elementos da psicologia e da filosofia oriental. Ainda assim, suas obras são pautadas por uma linguagem coloquial que nos aproxima de seus valiosos ensinamentos com naturalidade, levando-nos a compreender e refletir sobre vários aspectos de nossa vida cotidiana.