
A Páscoa no tempo da pandemia do coronavírus.
Qual a diferença da Páscoa de antigamente e a Páscoa da pandemia do coronavírus? Dependendo da sua idade, talvez você se lembre daqueles desenhos animados sem diálogos, com o fundo musical dando o tom e o colorido de cada cena, porque as televisões ainda eram em branco e preto, às vezes embutidas em grandes móveis de madeira.
Tinha que esperar esquentar os transistores para ela ligar, ajustar a antena para melhorar o sinal, e muitos só assistiam quando iam nas casas de vizinhos ou parentes. Que diferença hoje em dia, quando a maioria tem o mundo passando em pequenas telas na palma da mão!
Você se lembra dos desenhos de Páscoa e de Natal? Minha lembrança é das crianças pintando os ovos de galinha com desenhos coloridos na Páscoa, e pendurando as meias na lareira no tempo de Natal. Mas essas duas datas, que marcam tão profundamente o simbolismo do cristianismo, foram esmaecendo seu significado ao longo do tempo.
As oportunidades comerciais começaram a farejar um rico filão nessas datas que, aos poucos, foram ganhando outra simbologia: sinônimos de “Oba, feriado!” que, claro, merecem muita bebida, comilanças, viagens, presentes caros – cada vez maiores e mais caros, mas não se preocupe, “você pode parcelar em até 12 vezes”…
Naturalmente que essa não é a regra geral. E claro que aproveitar um feriado para viajar e relaxar, conhecer novos lugares é bom. Festejar essas datas em reuniões familiares, com boas refeições de agradecimento pela fartura, a troca de presentes como sinal de carinho, são belas atitudes associadas à lembrança evocada por esses eventos.
Porque não podemos nos reunir com familiares e amigos nesta Páscoa assolada pela pandemia do coronavírus.
Este ano, entretanto, a pandemia veio modificar muitos planos e tradições. As reuniões, mesmo entre famílias e amigos que não apresentem sinais de contágio pelo coronavírus não são recomendadas. Isto acontece porque existe um grande problema na situação toda, que é o contágio por parte dos assintomáticos.
Ou seja, você pode pegar o vírus de alguém que nem sabe que tem porque não tem nenhum sintoma. E, da mesma forma, você pode ser um portador do vírus mas nem tem ideia disso. Mas sabendo ou não, pode por em risco a vida de outras pessoas.
Os noticiários divulgam a todo momento casos de pessoas que participaram de festas e reuniões e foram parar nas UTI’s dos hospitais, de onde muitas não conseguiram sair com vida.
Que opção temos para celebrar a Páscoa?
A situação atual pede uma nova atitude. E o que melhor que aproveitar a ocasião, nestes dias que trazem a memória de um dos momentos mais belos e significativos da história da humanidade, para refletir sobre este a mensagem de sacrifício, fé e amor pela renovação da humanidade?
Jesus veio ao mundo para mostrar a todas as pessoas a possibilidade da união e da compaixão, a igualdade entre todos praticada no amor fraternal, a segurança da vida sentida na fé sincera.
Ele veio trazer uma mensagem que cada um de nós pode manter viva e ativa, não apenas comemorando uma data marcada no calendário, mas celebrando a passagem do Mestre que veio nos trazer os ensinamentos que podem nortear nossa vida. São escolhas de conduta para a convivência nesta terra abençoada, não só entre humanos, mas também para com toda a vida, assim como fez São Francisco de Assis.
Há que se pensar nos dramas coletivos como um chamamento a uma reflexão sobre os rumos que toma a humanidade, como resultado de seus pensamentos, ações e prioridades, quando não pautados pelo bem comum. Precisamos refletir na nossa posição individual, não nos abstendo de participar de um movimento universal por nos acharmos pequenos e insignificantes.
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Afinal, sabemos que o pensamento é uma energia que se estende ao longe, que se fortalece quando encontra pensamentos similares. Por isso a sua oração, a sua meditação, o seu pensamento de fé, a sua pequena atitude de bondade, o seu simples gesto de gentileza ajuda a criar uma rede energética universal, capaz de transformações que você nem imagina.
Noemi C. Carvalho