
A vida é feita de escolhas.
Você já pensou em como é que você decide a sua vida? E se ao invés de você ter feito as escolhas que fez você tivesse escolhido diferente?
Em muitas oportunidades você foi defrontado com situações onde era exigido um posicionamento, uma escolha, seja em aceitar ou não um convite para um novo emprego, permanecer ou não em um relacionamento, mudar ou não para outra cidade, enfim, momentos em que uma escolha devia ser feita e essa decisão implicaria em alterações profundas em sua vida.
Você alguma vez parou para analisar esses momentos e avaliar o que as decisões, ou a falta delas, representou para o que você está vivendo e mesmo para quem você é hoje?
Certamente você já ouviu que devemos apenas viver o presente, deixar o passado para trás e fazer do hoje o campo de nossas ações. Isso é rigorosamente a mais pura verdade. De maneira nenhuma estou propondo uma ilusória volta ao passado para resolver alguma coisa, não é isso que estou abordando neste texto.
Mas acredito ser interessante e produtivo fazer, de forma criteriosa e isenta, uma análise de quem você era, e de que forma quem você era contribuiu para as decisões e escolhas que geraram a realidade que hoje se apresenta em sua vida. Ao compreender como esses mecanismos funcionam, você estará preparado para fazer as futuras escolhas com maior qualidade.
Aprendemos e até mesmo meditamos sobre algumas verdades como “o que você pensa hoje está construindo seu amanhã”, “a qualidade de seus pensamentos gera o conjunto de crenças que serão a base de suas escolhas”, “se você mantém pensamentos bons e positivos em sua mente, suas crenças serão boas e as escolhas refletirão essa positividade em sua vida”.
Muitas pessoas conhecem e acreditam no que expus no parágrafo anterior, mas uma grande parte dessas pessoas não entende o seu funcionamento e não consegue colocá-las em prática nas suas vidas.
Creio que é nos momentos em que alguém deve decidir ou fazer uma importante escolha em sua vida que todo esse sistema de pensamentos, crenças e atitudes é utilizado de forma mais intensa. Por isso, é justamente nestes momentos que eles se mostram como são com evidência, e através das consequências que as escolhas causaram teremos muitas informações para entender como funciona o mecanismo de escolhas de uma pessoa.
Faça este exercício para entender como você faz suas escolhas.
O que proponho é um exercício para avaliar quais as forças que atuavam em você nas ocasiões em que, frente a alguma situação, você teve que tomar uma posição, decidir algo ou escolher alguma coisa.
Em primeiro lugar, rememore os momentos de sua vida em que foi necessário uma tomada de decisão.
Procure não buscar a mais importante ou aquela que você julga ter sido a maior, não faça isso, pois assim pode ser que surjam distrações que atrapalhem o exercício. Apenas deixe vir em sua mente os momentos de sua vida onde decisões foram tomadas. Permita que a lembrança desses fatos surjam, sem julgamentos ou avaliações.
Lembre-se que as situações que surgirem já foram vividas, elas não existem mais, apenas as lembranças que ficaram na memória ainda existem. Algumas delas, devido ao grau de dificuldade ou às consequências geradas, podem deflagrar o surgimento de algumas emoções. Procure não deixar que elas se intrometam. Mais uma vez, repito, você está apenas rememorando esses fatos, não vivenciando-os. Eles não existem mais, apenas vamos aproveitá-los para que você se conheça melhor.
Um roteiro pode facilitar o exercício.
Você pode fazer o exercício apenas mentalmente. Mas para melhor visualização e aproveitamento, sugiro que o faça por escrito, do seguinte modo:
1 – pegue uma folha de papel e trace uma linha vertical, dividindo-a ao meio. No topo, escreva qual a situação que você irá analisar: algo que você queria fazer, comprar, mudar. Ou algo que apareceu repentinamente em sua vida: uma oportunidade, oferta, algum problema, confronto, disputa.
2 – do lado esquerdo da folha, liste:
- o que você objetivava, quais os resultados que esperava
- anote o que você projetava ao avaliar cada opção, quais eram as suas expectativas
- escreva quais os fatores que criaram dificuldades para a sua escolha: dúvidas, receios, medos, incertezas, isto é, como você se sentia
Agora, você vai descrever os resultados, as consequências da escolha que foi feita. Novamente advirto sobre a necessidade de não deixar as emoções atrapalharem o exercício.
3 – do lado direito da folha, registre o que aconteceu:
- a escolha gerou um resultado positivo ou não?
- como você se sentiu: satisfeito ou arrependido?
- quais as decorrências da escolha a médio e longo prazo?
- o que foi escolhido acarretou consequências para outras pessoas? Se sim, elas foram positivas ou não?
4 – Depois de anotar tudo que lhe vem à mente, tanto sobre a fase de análise e decisão como sobre os resultados e consequências, feche os olhos e procure visualizar todo o quadro como se fosse um espetáculo de teatro, onde você, como espectador, assiste a tudo.
Atentamente, observe como você agiu, procure perceber quais motivações prevaleceram, quais emoções se destacaram, quais pensamentos se manifestaram. Acompanhe toda a trama se desenrolar até seu desfecho, com a apresentação dos resultados e consequências, também atentando para as reações que você teve, como recebeu tudo o que aconteceu.
5 – Em seguida, pare por um instante e procure limpar sua mente de todos os pensamentos e lembranças. Quando perceber que sua mente se aquietou, vamos comparar o que se passou com você enquanto estava envolvido no processo de escolha e o que aconteceu depois:
- sua decisão o levou para onde você tinha projetado ir?
- ou aconteceu o que você mais temia se não escolhesse certo?
- quais eram suas emoções predominantes no momento em que teve que tomar a decisão?
- como se sentiu com o resultado obtido?
A prática deste exercício vai ajudar você a entender como decide a sua vida.
Como disse, isto é um exercício e, como tal, você deve, ao máximo que puder, manter-se emocionalmente distante, isento, para não se deixar influenciar por emoções passadas. O objetivo é justamente procurar entender o que originou as escolhas que foram feitas, tendo como base:
- seu grau de maturidade e conhecimento na época
- saber que motivações lhe tocavam
- quais as dificuldades que você sentia
Este exercício não tem o poder nem mesmo a pretensão de consertar ou resolver antigas decisões ou escolhas que não deram bons resultados. A utilidade desta prática é fornecer subsídios para que você promova uma autoanálise, ajudando-o a entender quais as vertentes emocionais e o conjunto de pensamentos e crenças que movem suas decisões. Portanto, ao contrapor os resultados, procure entender como funcionam os mecanismos de escolha em você.
Praticando regularmente este exercício e, principalmente, buscando aprimorar os comportamentos que você perceber que interferem de forma negativa nas suas decisões, você estará melhorando seus mecanismos de escolha. Isto possibilitará que, nas futuras ocasiões onde precisar decidir algo, você contará com mais e melhores informações e poderá exercer seu poder de escolher com mais qualidade.
O poder de escolha é o livre-arbítrio de cada um.
O que eu chamo de mecanismo de escolha é o livre-arbítrio, que nas belas e inspiradas palavras de Yogananda é assim definido:
“Esta é a maior dádiva de Deus. Ele não negou à humanidade o mesmo livre-arbítrio que Ele Próprio tem. Concedeu ao ser humano a liberdade de ser bom ou mau; fazer o que quiser – até mesmo de negar a Deus.
O bem e o mal existem, mas ninguém o obriga a ser mau, a não ser que você escolha praticar o mal; e ninguém o obriga a ser bom, a não ser que você queira ser bom.
Deus nos criou com a capacidade de exercer Suas dádivas de inteligência e livre-arbítrio, com as quais podemos escolher voltar para Ele. Deus certamente nos aceitará de volta quando estivermos prontos. Somos como o filho pródigo da Bíblia, e Deus nos chama continuamente de volta a Casa.”
Prosseguindo na explicação:
“‘Farei almas à Minha imagem e vou vesti-las como seres humanos com livre-arbítrio, para ver se procurarão as Minhas dádivas materiais e as tentações do dinheiro, do álcool e do sexo; ou se buscarão a alegria da Minha consciência, que é bilhões de vezes mais inebriante.’
O que me dá mais satisfação é o fato de Deus ser mais justo e correto. Ele concedeu liberdade ao ser humano para que aceitasse o amor divino e vivesse em alegria divina ou para que jogasse isso fora e vivesse em ilusão, ignorando-O.”
Como vemos a capacidade do livre-arbítrio é desenvolvida durante toda a vida, através de todas as escolhas feitas. As situações e circunstâncias que demandam escolhas servem para que as leis do universo sejam aprendidas em função dos resultados e consequências que as decisões tomadas geram.
José Batista de Carvalho
citação: Paramahansa Yogananda – Jornada para a Autorrealização – Self-Realization Fellowship
Bemmm !!! Fantástico
Quantas páginas de livros ingere por dia ou noite??? 🙂 🙂