
É necessário resgatar a esperança.
“Acredite, é hora de vencer,
Essa força vem de dentro de você,
Você pode até tocar o céu se crer.”
Estas palavras chegam a mim embaladas por uma canção. Conseguem interromper as angústias costumeiras que tornam os meus dias um tempo de tristeza e resgatam, assim, um fundo de esperança que supunha não mais existir.
“Acredite que nenhum de nós
Já nasceu com jeito pra super-herói,
Nossos sonhos a gente é quem constrói.”
Os versos simples bailam na melodia e têm uma inesperada força que é capaz de perfurar a armadura por mim forjada com conceitos materialistas e crenças puramente racionais que, eu acreditava, me protegeriam. Mas, agora percebo, elas me imobilizaram num tóxico ceticismo que me alienaram de mim mesmo, da essência esquecida e abandonada.
Por muito tempo, de fato releguei-me, em prol de satisfazer as vontades e interesses de falsos ídolos, e por esse descuido quase me tornei um deles.
No princípio, modelava poses e falas tentando, numa ingênua pretensão, ser observado, aprovado, querido e acolhido por aqueles que, eu supunha, teriam poder para amansar os medos e as inseguranças que sempre atormentaram o meu viver.
E pelo esforço de tanto me fazer espelho dos modelos, me fiz semelhante. E na similitude, fui acolhido e aceito como um deles.
Contudo, caminhando e vivendo com eles, em muitas ocasiões me surpreendi com incoerências e procedimentos que diferiam do que era pregado, revelando uma realidade não diferente do mundo que me assediava e me assustava.
Criava, então, motivos e inventava razões para aqueles paradoxos fazerem sentido, para continuar mantendo a visão inicial e o sentimento de harmonia e de paz que ela havia despertado.
Ainda que nos percamos no medo ou na angústia, o Divino Pastor sempre nos encontra.
Mas a harmonia que me fazia bem e a paz que eu necessitava se esvaíram. E percebi-me, então, enredado nas mesmas armadilhas de antes. Apenas o palco era diferente, os atores eram outros. O enredo era o mesmo, somente adaptado sob um enfoque diferenciado.
Imaginava-me entre pessoas que prezavam e respeitavam a todos, porém as desigualdades e privilégios, as questões corriqueiras do mundo material eram moeda corrente. E me vi cercado de hipocrisia, com o que me tornei dissimulado.
Mais uma vez a realidade mostrou o seu peso e rigidez, revelando a fraqueza e a insegurança que persistiam sob os escombros da ilusão que novamente construí, tentando me fortalecer.
Caminhando pelos penhascos do castigos e das reprovações, não quis mais viver na asfixia do malquerer e da baixa estima.
Percebi que, ao me sentir atingido e ferido pela desconsideração e desprezo, me dobrava às intenções e vontades de pessoas manipuladoras e autoritárias.
Minha mente, por tanto se submeter a esses processos de se subordinar às vontades e gostos alheios, se enrijeceu em arraigadas crenças, determinantes de comportamentos geradores de insegurança, impotência e medo.
“Ainda que eu andasse pelo vale da sombra da morte, não temeria mal algum, porque tu estás comigo; a tua vara e o teu cajado me consolam.” (Salmos, 23:4)
Na mente brota a lembrança deste trecho que o salmista legou ao mundo para nos lembrar que o medo é criação nossa. E quando nos dobramos a ele nos perdemos de nosso caminho, nos afastamos da luz. Mas, assim mesmo, nunca seremos esquecidos, pois o Divino Pastor não se descuida de nenhuma de suas ovelhas.
É preciso conquistar o nosso lugar de paz, harmonia e felicidade.
Voltei a buscar a música que, como uma espada, esfacelou os viciados caminhos que construí na mente, rompendo a mesmice que só me levava aos lugares de dor, sofrimento e medo.
“É vencendo os limites,
Escalando as fortalezas,
Conquistando o impossível pela fé.”
Sempre estamos no lugar onde nos colocamos, pois não existe acaso ou destino pré-determinado. Nós construímos os caminhos que levam aos lugares que possuem a energia que deixamos circular à nossa volta.
Entretanto, podemos vencer as mais duras batalhas, escalar as montanhas mais íngremes e conquistar o lugar que nos fará despertar a paz, a harmonia e a felicidade.
“Campeão, vencedor,
Deus dá asas, faz teu voo.
Campeão, vencedor,
Essa fé que te faz imbatível
Te mostra o teu valor.”
Lembremos da nossa sublime origem, o excelso Criador que nos deu a vida para que a fizéssemos brilhar em realização e amor.
José Batista de Carvalho
Música: “Conquistando o Impossível”
Composição: Beno César/Solange de César
Intérprete: Jamily
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