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É possível reabrir as escolas com segurança?

Rapaz com máscara cirúrgica tendo ao fundo uma sala de aula vazia reabrir escolas com segurança

Muitas dúvidas ainda existem em torno da pandemia do coronavírus.

A pandemia se estende, as vacinas estão em fase de testes mas ainda têm um longo trajeto a percorrer até serem viabilizadas. E como fica a volta à nossa “vida normal”? Em meio a reaberturas ao redor do mundo, aumento de casos e retomada das quarentenas, uma das questões levantadas é sobre reabrir as escolas com segurança.

Esse é um ponto que traz muita insegurança. De um lado para os pais e os alunos, e de outro para os professores e demais profissionais que trabalham nas escolas. Afinal de contas, o novo coronavírus continua ativo e se espalhando, e o contágio acontece também por parte de pessoas que não apresentam sintomas.

Acompanhamos notícias de pessoas idosas e com problemas de saúde subjacentes mas que se recuperam. Por outro lado, vemos pessoas mais jovens, fortes e saudáveis que sucumbem em poucos dias.

Ou seja, por mais que os cientistas se esforcem e investiguem com modernos equipamentos e as novas descobertas sejam compartilhadas internacionalmente, unindo mentes investigativas e brilhantes de todo o planeta, certas particularidades desse vírus continuam sendo um mistério que ainda não foi desvendado.

Olhando para esse cenário, certamente a melhor opção é continuar adotando todas as medidas de proteção indicadas. Elas são necessárias para diminuir a possibilidade de contrair a covid-19 e também para conter a propagação.

A retomada das aulas poderia trazer vários benefícios, desde que a segurança seja garantida.

A reabertura das escolas seria um fator de grande importância para o reequilíbrio social e emocional, sobretudo de pais e alunos.

Muitos pais que estão trabalhando em casa, especialmente os que têm filhos menores, enfrentam dificuldades para conciliar os cuidados domésticos com tarefas profissionais. Quem tem ou já teve filhos pequenos entende muito bem como é isso, a necessidade que existe de supervisão constante para evitar problemas maiores.

Em relação aos estudantes, a escola é não só um local de aprendizado. Mas também a oportunidade de sair um pouco do mesmo ambiente doméstico, poder realizar atividades diferentes que em casa não são possíveis e, especialmente, manter convívio social com pessoas da mesma idade, o que é particularmente importante para os adolescentes.

Em função da complexidade que é a solução deste impasse referente à retomada das aulas, um grupo de especialistas da Johns Hopkins, num webcast, discutiu as medidas que as escolas devem tomar para garantir que a reabertura não cause um aumento na transmissão da covid-19.

As escolas são instrumentos de bem-estar social.

Leia abaixo alguns trechos selecionados da reportagem de Saralyn Cruickshank.

“Os alunos aprendem melhor na sala de aula, principalmente os mais jovens, para quem a escola é importante não apenas para o aprendizado acadêmico, mas também para o desenvolvimento social e emocional”, disse Josh Sharfstein, vice-reitor de práticas de saúde pública e engajamento da comunidade e professor da Escola de Saúde Pública Johns Hopkins Bloomberg.

“As escolas são instrumentos de bem-estar social”, explicou, “fornecendo refeições e serviços de saúde para as crianças. Também são uma forma de proteção para crianças cuja vida em casa é instável, onde o reconhecimento de sinais de abuso infantil ajuda a manter as crianças seguras.”

“Por todas essas razões, é uma prioridade importante que as crianças voltem para a escola. Ao mesmo tempo, estamos no meio de uma pandemia, e isso representa um risco real, tanto para as crianças quanto para os adultos na escola”, disse Sharfstein.

Como as escolas podem reabrir com segurança?

Segundo a epidemiologista Jennifer Nuzzo, as escolas devem priorizar as necessidades dos alunos, seguir as orientações dos Serviços de Saúde Pública, manter a distância física dentro das salas de aula. Além disso, usar as máscaras de proteção, promover a higiene e limitar o número de alunos e funcionários presentes.

Ela continua dizendo que é importante manter o controle da transmissão comunitária do vírus ao redor da escola, empregando marcadores de contato para rastrear as rotas de transmissão. Também é preciso dar condições às pessoas que foram expostas a realizar uma quarentena adequada.

Nuzzo aponta a possibilidade de considerar soluções criativas para a reabertura. Como, por exemplo, a criação de salas de aula ao ar livre, horários de aulas escalonados, compartilhamento de caronas em vez de uso de ônibus escolares ou transporte público, agendamento de presença dos alunos em pequenos grupos que não interagem com outros.

E os pais devem ter a opção de manter seus filhos em casa, se persistirem preocupações com a segurança.

Reabrir as escolas com segurança é um desafio.

Annette Anderson, professora-assistente da Escola de Educação Johns Hopkins e ex-diretora, disse: “Acho que não há como exagerar a complexidade do que estamos enfrentando ao tentar reabrir nossas escolas em um ambiente pós-pandemia, e isso é um desafio.”

Ela ressaltou que é importante apoiar estudantes de comunidades carentes que foram desproporcionalmente afetadas pela pandemia de coronavírus. E caso as escolas sejam obrigadas a fechar novamente e retomar o aprendizado virtual, as famílias devem ter acesso igual a computadores e utilitários essenciais, como a internet.

Além disso, as escolas devem recuperar a confiança dos pais, organizando reuniões para mostrar como serão as medidas de distanciamento físico no prédio escolar.

Anita Cicero, diretora adjunta do Center for Health Security, o instituto de pesquisas da Johns Hopkins que fornece recomendações de políticas ao governo dos Estados Unidos bem como à Organização Mundial de Saúde e à Convenção sobre Armas Biológicas da ONU, acrescentou que as escolas devem ser “radicalmente transparentes” sobre seus planos de reabertura. As escolas em áreas onde os casos de coronavírus estejam aumentando devem reconsiderar a reabertura.

Precisamos estar atentos à nossa realidade.

Enfim, se mesmo para um país como os Estados Unidos, com os avanços tecnológicos e com os recursos financeiros de que dispõe, a reabertura das escolas se mostra uma decisão complexa, o que dizer do Brasil, com tantas realidades distintas.

Só para considerar alguns pontos, enquanto certos estados e municípios apresentam diminuição do número de casos, outros verificam números de contaminações cada vez mais altos, as escolas públicas e as particulares têm possibilidades muitos diferentes de conseguir se adequar.

Além disso, as notícias internacionais apontam que países como Alemanha, Japão e França optaram por reabrir as escolas, impondo inúmeras regras. Mas outros como o Reino Unido voltaram atrás da decisão por não conseguir implementar um esquema para o retorno às aulas que oferecesse segurança.

Portanto, pais e professores certamente têm agora mais responsabilidades acumuladas: exigir e fiscalizar o cumprimento das medidas de prevenção necessárias nas salas de aula e demais recintos escolares, cobrando as autoridades governamentais para que sua efetivação seja possível, bem como se manter informados das atitudes e resultados obtidos em outros países.

Outra tarefa, repetitiva mas imprescindível, é lembrar constantemente crianças e adolescentes de toda a nova rotina de cuidados que devem ser tomados, até que os mesmos se tornem hábitos, para sua proteção e de suas famílias.

Infelizmente, os transtornos que a pandemia do coronavírus está causando são muitos, a situação vem se prolongando há vários meses e ainda vai se estender por um tempo incerto.

E embora tenhamos que nos acostumar com a situação, não podemos nos acostumar a pensar que o problema está resolvido ou não vai nos atingir. Todos os cuidados para prevenção continuam sendo fundamentais.

Noemi C. Carvalho

Artigo na íntegra no site da Universidade Johns Hopkins

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