
Entender o que são o ego e a essência nos ajuda a compreender o mecanismo que é acionado quando precisamos fazer uma escolha ou tomar uma atitude.
Muitas vezes torna-se difícil compreender a distinção entre o ego e a essência, uma vez que nenhum deles é um elemento físico e, portanto, não podemos identificá-los visualmente.
Imagens são coisas que nos ajudam na compreensão dos conceitos teóricos, principalmente quando elas já fazem parte de nosso arquivo mental.
Nesse sentido, creio que existe uma imagem que é bem conhecida, ilustrando há gerações a disputa entre o bem e o mal, presente sobretudo nos desenhos infantis: a figura do anjinho e do diabinho, sobrevoando o personagem naquele clássico momento de indecisão, postados um de cada lado de sua cabeça, sussurrando em seus ouvidos os conselhos que cada um tem a dar para direcionar uma atitude.
Podemos atribuir a eles várias representações, mas para ilustrar nosso tema, vamos tirar deles qualquer conotação religiosa e representá-los da seguinte forma: o personagem somos nós mesmos; o diabinho é o nosso ego; e o anjinho é a nossa essência (que também costumamos chamar de alma ou ser superior).
As disputas entre o ego e a essência
Em primeiro lugar, vamos situar nosso anjinho e nosso diabinho: eles não aparecem do nada, quando temos uma dúvida. Eles se manifestam na forma de pensamentos conflitantes quando temos que tomar uma decisão e não temos certeza de qual é a melhor.
Você agora pode perguntar: como assim, tenho um diabinho comigo? Bem, nesse sentido, sim. Todo o universo é constituído de opostos. A primeira coisa a fazer é aceitarmos que, assim como sol traz a luz e a lua representa as sombras da noite, também temos em nós os aspectos de luz e sombra, de bem e mal. Isso é natural, isto é, faz parte da nossa natureza. O nosso objetivo é justamente fazer, digamos, um acordo entre eles, para que haja uma integração e não uma disputa.
Em relação a essa disputa que acontece entre nossos aspectos interiores, você pode ler o post Por que negamos a matilha de lobos que vive em nós?, onde Debbie Ford usa uma antiga e bonita história dos índios cherokee para explicar de uma forma diferente e bem detalhada essa questão.
Quem são ego e essência
A nossa essência é o nosso ser original, divino, que sabe que está aqui para aprimorar alguns de seus atributos, e usa nosso corpo para realizar as experiências que vão lhe permitir isso. Porque somente através das experiências e da prática é que ela pode assimilar e melhorar os seus conceitos sobre bondade, paciência, perdão, entre tantos outros. E essa é a nossa jornada evolutiva nesta Terra.
O ego, por usa vez, assimila e armazena todas as experiências que tivemos desde que nascemos, que experienciamos ou presenciamos indiretamente. Ele, então, pode dar um sinal de alerta caso tentemos reproduzir algo que já nos fez sofrer anteriormente ou possa nos colocar sob algum tipo de risco. Entretanto, ele também tem uma ligação muito forte com as experiências terrenas, o que faz com que coisas como conquistas, sucesso e poder façam com que ele não se importe muito com limites ou formas de alcançar seus objetivos.
Daí vem a importância de ouvirmos os dois lados, mas é necessária uma reflexão muito ponderada quanto às alternativas que vão surgindo.
O dilema das opções
Chegamos agora a outro ponto importante. Muitas vezes temos uma solução que vem de imediato à nossa mente; mas pouco depois surge uma ideia muito diferente, contrária até. E isso nos deixa agoniados: a primeira opção é a melhor, ou será a segunda? Qual a reposta da essência – do anjinho – que vai dar o encaminhamento mais apropriado, e qual a resposta do ego – o diabinho – cuja opção provavelmente não vai nos trazer o resultado que queremos? Ou, mesmo que alcance a realização do que desejamos, pode trazer depois consequências danosas para nossa vida?
Devemos também lembrar que todos os nossos pensamentos – de alguma maneira e em algum tempo – acabam se manifestando, mesmo que aquilo que se manifesta não é o que na verdade queremos mas, e principalmente, se é o que temos muito medo que aconteça. São as emoções, os nossos sentimentos mais profundos, que vão prevalecer.
É por isso que, quando lemos algumas mensagens falando que nossa essência sempre tem as respostas certas ou que tudo que vem da nossa alma só traz bons resultados, custa-nos acreditar, caso estejamos passando por um período da vida em que as coisas não estão absolutamente dando certo.
Mas é preciso considerar que isso não é coisa fácil de se conseguir: selecionar pensamentos, direcionar escolhas. E não existe um manual para isso, não existe uma pessoa que possa fazer isso por nós – e mesmo se deixarmos que alguém resolva tudo por nós, não estamos assumindo a responsabilidade sobre a nossa vida e, assim, abrimos mão da oportunidade do aprimoramento e evolução pessoal.
Este assunto está explicado com detalhes no post Lembre-se: a transformação em sua vida é possível e para melhor, sempre, onde você tem informações sobre “crença”, “pensamento” e “mente”, além de um breve exercício de mentalização para ajudar a realizar as transformações que você deseja.
Como distinguir ego de essência
Aqueles que optam por melhorar suas escolhas e suas vidas certamente podem encontrar várias formas de fazê-lo. O autoconhecimento é uma forma de promover esse maior conhecimento de si mesmo, ter a consciência da importância quanto ao estudo e entendimento de tudo aquilo que somos nós, embora não seja visível ao nossos olhos. Cuidamos de nosso corpo, porque o vemos. Sabemos onde dói, porque sentimos. Da mesma forma, mesmo que não nos tenha sido ensinado na escola, ou na faculdade, nem em família, tampouco num treinamento profissional, podemos cuidar do nosso ser invisível.
Da mesma forma que nosso corpo foi crescendo desde que nascemos e precisamos de outras roupas que servissem, que coubessem em nós, assim é com a nossa essência: também precisamos deixar de usar crenças, emoções e pensamentos que não servem mais. A diferença que existe é que nossa essência não cresce sozinha, somos nós os responsáveis pelo seu crescimento, pela sua expansão.
Certamente você já ouviu falar em expansão da consciência: basicamente, é estarmos cientes dos nosso impulsos mais instintivos – naturais de nossa espécie enquanto animais racionais, e procurar cada vez mais estarmos cientes de nossas ações conscientemente dirigidas pelo nossa essência – naturais de nossa espécie enquanto seres eternos.
Como canta Raul Seixas em sua música “O Trem Das 7″
“Ói, olhe o mal, vem de braços e abraços com o bem num romance astral”
Você pode obter mais esclarecimentos sobre a formação das personas e o processo de expansão da consciência no post Desatando o sétimo nó – O último segredo: onde encontrar a paz e a felicidade.
Vamos abraçar nossos diferentes e complexos aspectos invisíveis, compreendê-los, mantê-los em harmonia e usá-los com sabedoria.
Noemi C. Carvalho
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