
Nós nunca estamos sós na dimensão espiritual da nossa vida.
Ouvimos muitos falar em encosto e obsessor. Mas esses dois termos não têm a mesma significação, porque existem diferenças entre as motivações e a forma de ação dos espíritos.
Vamos falar, em seguida, sobre as principais características e as principais diferenças entre um encosto e uma obsessão.
Mas antes, para melhor entendimento, vamos falar um pouco sobre a dimensão espiritual e os tipos de espíritos que circulam nesse ambiente.
No plano material, entre os encarnados, encontramos pessoas com características muitos diferentes: existem as de boa índole, as amorosas, as cultas, e assim por diante. Pessoas que têm moral elevada, interessadas no seu desenvolvimento pessoal e no bem do próximo.
Por outro lado, também existem muitas pessoas que são exatamente o oposto: interesseiras, maldosas, ociosas, entre outras características negativas que podem ser encontradas.
No plano espiritual é muito semelhante, pois a morte do corpo físico não opera nenhuma transformação nas características e particularidades do espírito.
A dimensão espiritual onde estamos inseridos.
“ Há mais coisas entre o céu e a terra do que supõe a sua vã filosofia.”
Nossos olhos não conseguem enxergar tudo o que existe à nossa volta. Nessa nossa morada, nós apenas percebemos a tridimensionalidade que nos cerca, nos serve e mexe com os sentidos.
A evolução da nossa essência, do nosso espírito, depende das experiências que só a materialidade pode nos proporcionar.
No Universo, tudo é regido por Leis estáveis, harmônicas e inflexíveis. Elas demonstram, em todas as dimensões, a perfeição do Criador.
Ao nosso redor existe uma dimensão vasta que possui vibrações energéticas fora do nosso espectro de percepção, coexistindo numa manifestação material menos densa, mais sutil.
Essa dimensão compõe o que conhecemos como mundo espiritual, onde vários espíritos coabitam conosco, repartindo alegrias e dores.
Portanto, jamais ficamos sós, estamos inseridos em um fluxo variado e dinâmico de espíritos de todos os matizes.
Inseridos nesta dinâmica multidimensional, podemos ficar sob a ação da influência de determinados espíritos.
A classificação dos espíritos.
Allan Kardec em “O Livro dos Espíritos”, Parte 2ª – Capítulo 1 – Questão 100 – Escala Espírita, revela a hierarquia dos espíritos.
Ele estabeleceu três ordens.
“- A 1ª Ordem é formada pelos Espíritos de 1ª classe, os espíritos Puros, aqueles que já alcançaram a perfeição.
– Na 2ª Ordem temos os espíritos que conseguiram o Predomínio do Espírito sobre a matéria; o desejo do bem. Suas qualidades e seu poder de fazer o bem estão na razão do grau que atingiram.
Aqui temos a seguinte divisão em grupos: 2ª classe, Espíritos Superiores. 3ª classe, Espíritos de Sabedoria. 4ª classe, Espíritos Sábios. 5ª Classe, Espíritos Benevolentes.
– Na 3ª Ordem temos aqueles espíritos onde existe a predominância da matéria sobre o espírito. Propensão ao mal. Ignorância, orgulho, egoísmo, e todas as más paixões que lhes seguem. Têm a intuição de Deus, mas não o compreendem.
Nem todos são essencialmente maus; em alguns, há mais leviandade. Uns não fazem o bem, nem o mal; mas pelo simples fato de não fazerem o bem, revelam a sua inferioridade. Outros, pelo contrário, se comprazem no mal e ficam satisfeitos quando encontram ocasião de praticá-lo.
Neste grupo temos a 6ªClasse, Espíritos Batedores e Perturbadores. 7ª classe, Espíritos Neutros. 8ª Classe, Espíritos Pseudossábios. 9ª classe, Espíritos Levianos e 10ª Classe, Espíritos Impuros.
A interferência energética dos espíritos.
Os espíritos das classes mais elevadas apenas circulam na esfera que habitamos. Eles dificilmente aqui permanecem, e ficam apenas ocasionalmente, para realizar algum trabalho ou atendimento, ou em missão.
Entretanto, os espíritos que ainda estão presos às emoções tóxicas, aos desejos da matéria e aos delírios dos vícios circulam à nossa volta. E muitas vezes cruzamos e até esbarramos neles.
Neste ambiente conturbado, as inter-relações energéticas entre encarnados e desencarnados são muitas.
E potencialmente perigosas, porque esses espíritos são capazes de interferirem energeticamente na vida de uma pessoa.
As diferentes motivações do encosto e do obsessor.
O encosto ou a obsessão podem acontecer em função da frequência semelhante, ou então por questões de perseguições, onde o ódio e o desejo de vingança acorrentam o perseguidor à sua presa por várias encarnações.
Outro tipo de interferência é aquela onde existe a aproximação de espíritos que não evoluíram na espiritualidade. É o caso daqueles que ainda estão muito ligados aos sentidos despertados pela matéria como, por exemplo, o alcoolismo, o tabagismo, as drogas, a avidez na alimentação, as relações sensuais, a cobiça, a vaidade entre outras.
Esses espíritos sentem a proximidade de alguém encarnado que cultive algum desses costumes. E procuram, então, se acoplar ao períspirito para sorver os fluidos proporcionados pelos vícios, que eles só podem obter dessa forma.
Além disso, temos também um tipo de aproximação energética que é feita por algum parente ou amigo desencarnado. Este fica junto ao encarnado para protegê-lo. Mas apesar da intenção louvável, esta proximidade gera comprometimentos aos encarnados.
Podemos observar, portanto, que a proximidade de espíritos do 3° Grupo sempre causa interferência e tentativas de influenciar e dominar os encarnados.
Essa ação é conhecida por encosto ou obsessão.
A diferença entre o encosto e o obsessor.
Existe uma imprecisão na utilização dos termos “obsessão” e “encosto”. Popularmente, “encosto” é a palavra mais utilizada para definir a injunção de um espírito sobre um encarnado.
Mas existe uma sensível diferença nas características entre os dois termos, que implica no tipo de tratamento que se pode dar para um ou outro caso.
Encosto
São os espíritos que não querem reconhecer que estão mortos, ou até mesmo, não têm a consciência de seu desencarne. Eles então procuram continuar fazendo o que faziam quando em vida.
A rebeldia ou a inconsciência é o que predomina neste grupo. Eles continuam em suas casas e vão ao trabalho regularmente. Procuram ficar próximos daqueles a quem tinham afeto, aos parentes queridos, porque se sentem bem assim.
Não têm a intenção de prejudicar, pelo contrário. Apesar de não terem conhecimento, essa ação está prejudicando os seus amados pelos fluidos negativos que emanam e, sobretudo, por sorver as suas energias e ectoplasma causando debilidade e doenças.
Como resultado dessa característica de estarem sempre próximos daqueles que amam e com quem têm afinidade energética, foram chamados de encosto, porque ficam grudados na aura dos encarnados.
Obsessor
Por outro lado, diferente do encosto, os obsessores sempre estão motivados pelo ódio para causarem dor e sofrimento, como atos de vingança. Eles justificam seus atos clamando pela lei de talião: olho por olho, dente por dente.
Muitas vezes, inclusive, essas perseguições percorrem os séculos, onde um impõe o seu ato de vingança ao outro, numa disputa sem fim.
O obsessor tem clara visão de seu objetivo e, assim que identifica o inimigo por muito tempo procurado, empenha-se em lhe causar o maior mal possível.
Nem todos os obsessores eram espíritos maldosos quando encarnados.
Vivemos em um planeta de provas e expiações, e quem aqui está não está por engano. A estada nesta dimensão é uma oportunidade que o espírito tem para passar por provações que dissipem e, assim, resgatem os compromissos de encarnações passadas.
Os obsessores sabem perfeitamente o que precisam fazer para levar adiante os seus planos de perseguição e de vingança. Eles são de fato muito determinados e persistentes, têm uma grande capacidade racional e poder mental.
Mas estes espíritos, de caráter forte e uma grande autoconfiança, não eram necessariamente ruins ou maldosos quando encarnados.
Imagine, por exemplo, uma mãe presenciando seu filho ser vítima de brutalidade e, em função disso, ele desencarnar. Por certo essa mulher será dominada por emoções fortemente negativas, por revolta e ódio.
O acontecimento e as emoções dele derivadas têm poder de transformar essa mulher de tal modo que a loucura se apodera dela. E, assim, a impele a buscar reparação e vingança contra os autores do crime.
O ataque de um obsessor é pensado, planejado e preparado minuciosamente, à vezes por anos. Seu objetivo é levar o maior sofrimento possível e de forma prolongada.
Além disso, o obsessor busca também induzir a vítima a cometer algum erro grave que a comprometa após o desencarne, para que assim continue submetida à dor e ao sofrimento.
Pode-se perceber, portanto, que encosto e obsessor não são a mesma coisa.
O que fazer para cuidar de um caso de encosto ou obsessor.
“Pedi, e dar-se-vos-á; buscai e achareis; batei e abrir-se-vos-á;
porque todos os que pedem, recebem; os que buscam, acham; e a quem bate, se abre.” (Mateus, 7:7-8.)
Conforme recomendação do espíritos de luz, o local adequado para cuidar desses episódios de obsessão é a casa espírita.
O centro espírita não se resume às suas paredes materiais e aos móveis. Na dimensão que os olhos do ser humano comum não conseguem enxergar, existem equipamentos espirituais que funcionam como capacitores, condensadores de energia, purificadores, emissores, entre outros.
Além dos equipamentos, em função da presença de elevadas entidades espirituais durante os trabalhos bem como da energia utilizada nestes trabalhos, as paredes ficam revestidas com uma energia brilhante que funciona como um escudo de luz.
Certa vez, Divaldo Franco relatou a visita que fez à gruta onde São Francisco morreu. E mesmo após tantos anos, depois de tantas modificações feitas no local, Divaldo vê as paredes impregnadas com a brilhante e amorosa energia de São Francisco.
De fato, muitas pessoas, simplesmente por adentrar em uma casa espírita, já sentem os benefícios de toda essa energia que irradia o bem e a caridade.
Com fé, peça e obterá, procure e será curado.
José Batista de Carvalho
Você precisa fazer login para comentar.