
O perdão é parte da Lei do Amor.
Todo o empenho que fizermos para compreender o perdão e reconhecer o seu poder de libertação nunca foi tão crucial como nos dias de hoje.
Nesta era onde a competitividade tornou-se uma tônica da sociedade, compreender conceitos e valores que possam nos libertar dos elementos causadores de angústias e sofrimentos deveria ser a preocupação daqueles que buscam o pleno desenvolvimento e a segura evolução de si mesmos.
Ao procurarmos informações sobre o perdão e o seu mecanismo de ação, certamente iremos nos deparar com inúmeras referências que tratam o perdão no âmbito religioso, espiritual, moral, de autoconhecimento além, é claro, da área de psicologia.
Para melhor entendermos o perdão é preciso que tenhamos a consciência que ele é parte importante da Lei do Amor.
“O amor resume toda a doutrina de Jesus, porque é o sentimento por excelência, e os sentimentos são os instintos elevados à altura do progresso realizado.
No seu ponto de partida, o homem só tem instintos; mais avançado e corrompido, só tem sensações; mais instruído e purificado, tem sentimentos; e o amor é o requinte do sentimento.” (O Evangelho Segundo o Espiritismo, Capítulo XI – Amar o próximo como a si mesmo. Instruções dos Espíritos: A lei de amor)
No caminho do perdão, encontramos o poder da libertação de muitas angústias.
Podemos até mesmo dizer que para chegarmos ao estado de plenitude do amor o caminho do perdão é essencial. Pois enquanto ainda perdurar algum mínimo resquício de emoção ou lembrança de desarmonia ou desavença com relação a alguma pessoa estaremos atados por laços de angústia e dor ao sofrimento que nos liga a essa pessoa.
“Senhor Jesus,
Ensina-nos a perdoar, conforme nos perdoaste e nos perdoas, a cada passo da vida.
Auxilia-nos a compreender que o perdão é o poder capaz de extinguir o mal.” – Chico Xavier
Ao longo de nossa jornada aprendemos algumas definições sobre o perdão que não expressam com precisão a magnitude e a beleza desse ato.
Perdoar não é aceitar e relevar faltas e transgressões. Nem é ser conivente com comportamentos inconvenientes e delituosos, ou ser indulgente com os delitos que grassam em nossa sociedade.
Podemos considerar o perdão como o esquecimento de algo ou alguém que tenha nos ofendido, o esforço que fazemos para não deixar a lembrança dessa ofensa permanecer em nossas memórias.
Precisamos nos esforçar para manter o nosso equilíbrio e bem-estar.
Quando analisamos o perdão pelo enfoque religioso e evangélico, o esquecer aquilo que nos ofendeu é um dos passos no processo de perdoar. Porém, devemos lembrar que o perdão é um sentimento, e que a nossa memória é regida por processos fisiológicos.
A nossa memória funciona como um gravador que registra os acontecimentos, sendo que aqueles que mais causam comoção produzem uma marca. Podemos até mesmo dizer que essas marcas assemelham-se a cicatrizes que registram o evento que nos causou o sofrimento.
E essas marcas, por mais esforços que fizermos, estarão sempre incorporadas em nossas lembranças. Perdoar, portanto, é não deixar que essas recordações tenham força para nos fazer revidar.
Ao ser agredido, é preciso um esforço para manter-se equilibrado, sem se deixar perturbar, para não irradiar vibrações mentais carregadas de ódio e evitar pensamentos de desforra contra aquele que agrediu.
O perdão é a conduta de não retrucarmos as agressões cruéis e aos atos covardes desferidos contra nós.
O perdão traz a libertação das amarras emocionais.
Esquecer é uma decorrência do tempo. Na medida em que nos distanciamos do momento das ofensas, o impacto que elas têm sobre nós vão diminuindo. Mas ao reencontrarmos o ofensor nosso sistema psicofisiológico reagirá.
Nesses reencontros, as recordações emergem provocando uma descarga de adrenalina, independente de nossa vontade. Mas se não cultivarmos sentimentos de aversão e ódio pelo agressor, os mecanismos que deflagram essas reações vão se desmobilizando.
É muito importante termos em mente que enquanto deixarmos mágoas, ressentimentos, rancores e raiva permanecerem em nosso interior, esses sentimentos amargurados nos manterão presos ao inimigo, nos controlando e manipulando.
O perdão verdadeiro é se desvencilhar dessas amarras, não tratando mal nem se vingando do agente de nossos sofrimentos, para que o seu poder de libertação nos traga a paz e o silêncio interiores que possibilitam nos manter em um patamar elevado.
Perdoar é não partir para a desforra objetivando que o agressor sofra as consequências de seus atos e palavras descuidados. É buscar a postura que nos garanta paz, evitando que chafurdemos nos pântanos das acusações, impedindo que os malefícios de ações injustas nos afastem da nossa paz.
O perdão é o ato fundamental para interrompermos o ímpeto do mal, a perpetração das vinganças sem fim, as perseguições e as opressões.
Através do perdão encontramos a libertação de muitos sofrimentos e estabelecemos a paz, construindo as bases para o amor que dissolve as más vibrações da raiva e do ódio. E, assim, conseguirmos nos elevar e sermos a paz que queremos no mundo.
José Batista de Carvalho
Muito Obrigada! Este artigo foi muito bem pensado e deu-me uma nova perspectiva sobre o assunto. Bem Haja