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Faça o seu talento brilhar

Qual é o seu talento? O que você sabe fazer bem?

Acredito que muitos já deram a resposta. Outros, devem estar ainda pensando, na dúvida entre algumas opções. E certamente outros vão dizer: “Não tenho nenhum dom, não sei fazer nada de diferente.” Mas todo mundo tem uma qualidade que sobressai e pode fazer seu talento brilhar.

Acompanhe este texto, onde vamos abordar os seguintes itens:

  1. o que são dons e talentos?
  2. por que não usamos bem os talentos que temos?
  3. o que podemos considerar como nossos talentos?
  4. uma explicação sobre a parábola dos talentos
  5. por que é bom reconhecer e aprimorar nossos talentos?

1 – O que são os dons e os talentos?

Então, vamos lá: em primeiro lugar, vamos procurar desmistificar o significado da palavra “talento”, para continuar a nossa conversa.

Existe até uma certa controvérsia entre as palavras “talento” e “dom”.

A definição dos dicionários diz que “dom” é um atributo natural, uma aptidão, uma qualidade inata, a conceituação religiosa diz que são presentes de Deus. É o caso da criança de cinco anos de idade que toca Beethoven, por exemplo.

O “talento” é definido como uma qualidade ou uma aptidão que pode ser desenvolvida e aperfeiçoada, que depende de nossa vontade e esforço para torná-la melhor. Mas, ao mesmo tempo, essas duas palavras são consideradas como sinônimo pela maioria dos dicionários.

Para não entrarmos numa longa discussão semântica, vamos simplesmente descartar, para o nosso raciocínio, habilidades como aquelas que falamos de nossa criança-prodígio acima.

Sendo assim, todos nós temos um talento.

A questão é: por que não aproveitamos melhor nossas qualidades?

2 – Por que não usamos bem os talentos que temos?

Se todos nós temos um ou mais talentos, por que pensamos que não temos ou ficamos com vergonha de mostrá-los?

Para uma boa resposta a essa pergunta, vou lhes mostrar um trecho do livro de Debbie Ford – “O Lado Sombrio Dos Buscadores Da Luz“, onde ela trata exatamente dessa questão de escondermos os nossos talentos.

Medo

“Como disse, certa vez, Charles Dubois: “O importante é você ser capaz de, a qualquer momento, sacrificar o que você é por aquilo que você pode se tornar.”

A única coisa que nos impede de ser completos e autênticos é o medo. Nosso medo nos diz que não podemos realizar nossos sonhos. Nosso medo nos diz para não assumirmos riscos. Impede-nos de aproveitar nossos tesouros mais valiosos. Nosso medo nos mantém vivendo no centro do espectro luminoso em vez de incorporarmos toda a gama de cores. O medo nos mantém entorpecidos, bloqueia nossa exuberância e emoção de viver.

Com medo, criamos situações na vida para provar a nós mesmos que as limitações que impomos a nós mesmos são pertinentes. Para superar o medo, temos de encará-lo e substituí-lo por amor; só então estaremos prontos para incorporá-lo. E ao conseguir incorporar o medo, temos a opção de não mais ficar com medo. O amor nos permite cortar esse cordão.”

Esse medo que sentimos é decorrente da insegurança que temos em nos posicionarmos frente à vida. “Sacrificar o que somos” exige abrirmos mão de muitas coisas: dos pensamentos que incorporamos ao longo da vida nos dizendo que não somos capazes ou não merecemos, dos sentimos de inferioridade e rejeição, da necessidade de nos ajustarmos às pessoas e não ao que somos, e de todos os outros pensamentos e sentimentos que sempre nos deixam morrer na praia, quando falta pouco para conseguirmos uma conquista.

“Aquilo que podemos nos tornar” exige uma prática que pode ser muito difícil no começo, por não estarmos acostumados a isso: praticar o amor. O amor espiritualizado, que começa no centro de nosso ser, quando enfim desistimos de andar sozinhos e resolvemos andar amparados e protegidos pela força do amor divino, que nos faz sentir mais seguros e capazes. Assim nos valorizamos, passamos a gostar de nós mesmos; tudo o que fazemos bem começa a ficar melhor ainda e isso traz a uma grata satisfação, um sentimento bom de estar realizando uma boa coisa.

Educação repressora dos talentos

“Tememos nossa própria grandeza porque ela desafia nossas crenças mais arraigadas; ela contradiz tudo o que nos foi dito. Já que a maioria foi ensinada a não ser convencida ou vaidosa, alguns de seus mais valiosos talentos acabam sendo enterrados. 

Precisamos reconhecer nossos dons e nossos talentos. Devemos aprender a apreciar e honrar tudo aquilo que fazemos bem. Temos que encontrar nossa excepcionalidade. Muitos não são capazes de se apropriar do seu sucesso, da sua felicidade, da sua saúde, da sua beleza e da sua própria divindade.

Porém, para nos amarmos de verdade, temos de incorporar tudo o que somos, não só o lado sombrio mas a luz também. E aprender a reconhecer nossos próprios talentos nos permite apreciar e amar os talentos únicos de todos os demais.”

Acredito que a maioria das pessoas que não consegue demonstrar seus talentos, como disse Debbie Ford, por viver sob o peso e o medo dos pecados da vaidade e da arrogância. A vaidade é quando fazemos algo objetivando a admiração dos outros, é ostentação, querer se exibir, pavonear-se. A arrogância é a atitude de desprezo em relação aos outros, um sentimento de superioridade.

Naturalmente estes conceitos não sem aplicam quando aceitamos os dons que Deus nos concedeu e as qualidades que desenvolvemos e aperfeiçoamos por nosso esforço, e colocamos esse pacote a serviço dos outros, para que eles possam ser beneficiados por aquilo que podemos oferecer.

É o que acontece, por exemplo, quando alguém com habilidades culinárias faz um jantar para amigos, ou vai trabalhar num restaurante, ou abre seu próprio negócio, e permite alguns momentos de prazer e satisfação às pessoas; ou quando um aluno que tem facilidade em entender os conceitos e fórmulas de física ajuda seus colegas a estudar para que eles também possam entender a matéria; ou o músico que toca como solo, ou num conjunto ou numa orquestra, e sente satisfação ao levar um pouco de alegria e encanto aos que o ouvem.

Se não acreditássemos em nosso dons e nem desenvolvêssemos nossas habilidades, ainda estaríamos iluminando a noite com o luar…

Comparação

Outro motivo pode ser o hábito da comparação. Estar sempre se comparando a outros, acreditar que os outros são melhores do que você. Você não tem, certamente, as mesmas capacidades que seu colega, seu irmão, seu vizinho.

Cada um de nós tem características diferentes e também habilidades com as quais já nascemos – muitas vezes fruto de aprimoramento em outras existências – e de trabalho árduo ao qual nos dedicamos para aprender e melhorar algo que gostamos de fazer ou sobre o que gostamos de falar. Ou simplesmente, algo que fazemos com facilidade e naturalidade.

Portanto, não se trata de ser igual aos outros, e muito menos de ser melhor. Comparações são para pessoas inseguras, que querem se igualar a um modelo que admiram, na tentativa de ser admirado também.

3 – O que podemos considerar como nossos talentos?

Você é uma pessoa organizada? Isso é um talento, porque tem gente que não consegue guardar duas vezes uma coisa no mesmo lugar. E depois nunca acha.

Você tem boa memória? É pontual? É compreensivo? Sabe ouvir os outros? Tudo que cozinha fica uma delícia? Tem facilidade em aprender diferentes línguas? Consegue se adaptar bem em qualquer trabalho? Entende conceitos abstratos e consegue torná-los simples? É bom em matemática, cálculos e fórmulas? Tem uma ótima percepção espacial? Você sabe acalmar pessoas agoniadas, você sabe acalmar animais agitados?

Esses são só alguns exemplos de talentos que não são exclusividade de ninguém, mas nem todo mundo tem. São qualidades que podem ser usadas tanto na vida pessoal, como na vida profissional.

Quando não reconhecemos que sabemos fazer algo de bom, isso pode fazer com que outras habilidades também fiquem escondidas.


4 – Uma explicação sobre a Parábola dos Talentos.

Nas palavras do monge italiano Enzo Bianchi, em publicação do Insituto Humanitas Unisinos, na “Parábola dos Talentos” (Mt 25, 14-30), o talento “é a vida concedida por Deus a cada pessoa. A vida é um dom que absolutamente não deve ser desperdiçado, ignorado ou dissipado. Infelizmente – devemos constatar isto –, para alguns, a vida não tem nenhum valor: não a vivem, ao contrário, desperdiçam-na e a consomem, “até fazer dela uma repugnante estranha” (Konstantinos Kavafis), e assim se deixam viver. Porém, vive-se apenas uma vez, e fazer isso com consciência e responsabilidade é decisivo a fim de salvar uma vida ou de perdê-la!

De acordo com outros Padres orientais, os talentos são as palavras do Senhor confiadas aos discípulos para que as conservem, certamente, mas, sobretudo, para que as tornem frutuosas na vida deles, ponham-nas em prática até semeá-las copiosamente na terra que é o mundo. De novo, é questão de vida, de “escolher a vida” (cf. Dt 30, 19).

Sim, nós o sabemos: é mais fácil enterrar os dons que Deus nos deu do que compartilhá-los; é mais fácil conservar as posições, os tesouros do passado, do que ir descobrir novos; é mais fácil desconfiar do outro que nos fez bem do que responder conscientemente, na liberdade e por amor.

Eis, portanto, o louvor para aqueles que arriscam e a reprovação para aqueles que se contentam com o que tem, fechando-se no seu “eu mínimo”. Este servo não fez mal; pior ainda, não fez nada! Então, diante de Deus no dia do julgamento, comparecerão dois tipos de pessoas: quem recebeu e fez frutificar o dom, e quem o recebeu e não fez nada.

Os servos fiéis entrarão na alegria do Senhor; aqueles que, ao contrário, foram “bons em nada” (achreîos) serão despojados até mesmo dos méritos dos quais pensavam poder se orgulhar!”


5 – Por que é bom reconhecer e aprimorar nossos talentos?

Porque esta vida é sua e ela tem data de validade.

Não adianta ficar esperando o que quer que seja, enquanto o tempo passa e sua vocação, a vocação da alma eterna, do ser divino que você é, fica presa nas sombras do seu calabouço emocional.

Você pode e deve trazer à luz todas as coisas boas que você sabe e pode fazer, mesmo que você não saiba o que fazer com elas. Quando você aceitar colocá-las em uso, acredite, elas vão ser bem utilizadas pelo Universo, que vai providenciar os meios de fazer sua habilidade se encontrar com quem possa se beneficiar dela.

Nós temos muitos aspectos negativos, muitas sombras dentro de nós, das quais nos envergonhamos e não queremos reconhecer, nem mostrar.

Não podemos fazer isso também com o que temos de bom. Inclusive porque os nossos talentos e dons usados e expandidos vão funcionar como agente transformador, levando luz às nossas sombras.

Tentamos, ao longo de nossa vida, ser “uma boa pessoa” para os outros, mas só podemos ser boas pessoas pelos outros, reconhecendo nosso ser como fonte de capacidades e alegria.

Então, afinal de contas, você acha importante valorizar seus talentos?

Reflita com calma, e logo você vai poder responder com segurança: Qual é o seu talento? O que você sabe fazer bem?

 

Noemi C. Carvalho

 


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