
Existem mesmo os demônios, no exato sentido que se dá à palavra?
“Há demônios, no sentido que se dá a esta palavra?” – (“O Livro dos Espíritos”, por Allan Kardec – Parte Segunda – Capítulo I – Anjos e demônios – Questão 131)
O conceito de “demônios”, conforme comumente é entendido, é um tema que frequentemente causa controvérsias e debates intensos.
As tradições populares e religiosas geralmente consideram os demônios como seres malévolos e destinados eternamente ao mal. Entretanto, a Doutrina Espírita traz uma outra perspectiva e uma nova interpretação.
O sentido original da palavra “demônios”.
Primeiramente, é essencial reconhecer que o conceito de demônios, tal como o conhecemos hoje, deriva da palavra grega “daimon”. E esta palavra se refere a uma entidade espiritual, podendo esta ser boa ou má.
O termo não nasceu, de fato, com a conotação pejorativa que possui na atualidade.
Por isso, é importante destacar que o entendimento moderno de demônio como um ser destinado eternamente ao mal é uma interpretação e não uma verdade absoluta.
Quem são os demônios, segundo o Espiritismo.
A Doutrina Espírita, baseada em uma visão mais lógica e racional da espiritualidade, argumenta que Deus, sendo uma entidade suprema de bondade e justiça, não poderia ter criado seres predestinados ao mal.
A ideia de que existem seres malignos que atuam contra a vontade de Deus contradiz o entendimento de que Deus é onipotente e benevolente.
Segundo o Espiritismo, os seres que são comumente referidos como “demônios” são, na realidade, espíritos que ainda não alcançaram um nível mais elevado de evolução moral e intelectual.
São espíritos que ainda estão presos a paixões e a comportamentos destrutivos, resultantes de seu livre-arbítrio, e que, por isso, podem causar o mal.
Entretanto, essa condição é transitória, e não eterna. Assim como todos nós, esses espíritos estão em um processo de evolução e têm a capacidade de se purificar e de progredir.
Uma representação simbólica do mal no mundo.
A personificação do mal, representada pela figura de Satanás, é uma forma alegórica de expressar a existência do mal no mundo, sem necessariamente sugerir a existência de um ser maligno que está em constante luta com Deus.
Trata-se de uma representação simbólica, criada pelo homem, para ilustrar, de forma tangível, conceitos e realidades que são fundamentalmente intangíveis e abstratos.
Todos somos espíritos em constante processo de evolução.
Portanto, na visão da Doutrina Espírita, os “demônios” são, na verdade, espíritos que se encontram num estágio de evolução moral e intelectual inferior. Mas, a seu tempo, vão progredir e superar as suas tendências negativas.
Desta forma, eles não são seres eternamente condenados ao mal, mas entidades que, por meio de seu livre-arbítrio, temporariamente seguem um caminho de negatividade e de destruição.
Essa perspectiva oferece uma visão mais compassiva da existência e do propósito dos chamados “demônios”, alinhando-se com a visão espírita de que todos os espíritos estão em um constante processo de evolução e de aprendizado.
José Batista de Carvalho
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