
Não deixe a mágoa ficar na sua vida.
As mágoas que acumulamos ao longo de nossa vida limitam o desenvolvimento de nossas capacidades e turvam o nosso futuro, mas existe a possibilidade de deixarmos esse fardo para trás, pela prática do autoperdão.
Os prejuízos que guardar mágoa traz à nossa vida, bem como as vantagens de nos empenharmos para ficarmos livres de seus efeitos negativos são explicados com muita clareza neste texto de Hammed¹. Leia a seguir.
Nós nos fortalecemos quando admitimos as nossas fraquezas.
“O autoperdão consiste em fazer o nosso melhor hoje, abandonar as mágoas do passado e curar as dores do presente, e, ao mesmo tempo, legitimar os nossos projetos de vida para o futuro.
O passado passou e o único momento que temos é o agora. Basta utilizarmos o perdão e, imediatamente, começaremos a sentir conforto e alívio, pois descarregamos os pesados fardos da culpa, da vergonha e do perfeccionismo.
Quando erramos, é necessário primeiramente admitir as nossas fraquezas e, em seguida, pedir aos outros que relevem as nossas falhas. Somente a partir desse ponto é que começamos a desfazer as técnicas defensivas e a facilitar a boa comunicação, evitando, assim, a morte do diálogo reconciliador.
Os nossos defeitos são potenciais que podemos desenvolver.
O autoperdão é um estado da alma que emerge de nossa intimidade, fazendo-nos aceitar tudo que somos sem nenhum prejulgamento. É quando passamos a entender que os nossos aparentes defeitos são, só e exclusivamente, potenciais a serem desenvolvidos.
Por sinal, o julgamento precipitado pode vir a ser o ‘fracasso da compreensão’, porque perdoar é, acima de tudo, a habilidade de compreender dificuldades.
À medida que perdoamos os nossos desacertos, começamos também a perdoar as faltas dos outros. Quanto mais compreendermos o outro, avaliando e validando o que ele pensava e como se sentia na hora da indelicadeza, mais facilmente aprenderemos a nos perdoar.
O ato do não-perdão a nós mesmos nos acarreta a permanência nas sensações desagradáveis e nas energias negativas – resquícios dos dissabores e desencontros da vida.
O autoperdão nos liberta das mágoas e traz paz de espírito.
Perdoar-nos leva ao cultivo do amor a nós mesmos e, por consequência, aos outros, é, enfim, a base que mantém a humanidade íntegra e solidária.
O autoperdão nos conduz à aceitação plena de nossas potencialidades ainda não desenvolvidas – seja de natureza intelectual, seja de natureza psíquica e emocional – bem como a uma compreensão maior de que as experiências evolutivas nada mais são que a soma de acertos e erros do passado e do presente.
Os erros acabam se transformando em lições preciosas e deles podemos retirar as bases seguras para o êxito no futuro.
O autoperdão nos traz paz de espírito, habilidade para amar e ser amados e possibilidades para dar e receber serenidade. Ele nos livra do cultivo de uma fixação neurótica em fatos do passado, o qual nos impede o crescimento no presente.”
Hammed, no livro “Os Prazeres da Alma”, psicografado por Francisco do Espírito Santo Neto
Referência
1 – Hammed viveu por várias vezes no Oriente, e especificamente, na milenar Índia. Ele também viveu na França do século XVII, nas cercanias de Paris, como religioso e médico.
Destaca-se dentre os autores espíritas pela abordagem com elementos da psicologia e da filosofia oriental. Ainda assim, suas obras são pautadas por uma linguagem coloquial que nos aproxima de seus valiosos ensinamentos com naturalidade, levando-nos a compreender e refletir sobre vários aspectos de nossa vida cotidiana.