
A busca digital pela alma gêmea.
Neste tempo em que vivemos, parece que nada é feito para durar. Até os relacionamentos perderam o seu encanto em função da comunicação muito veloz. A virtualidade das conversas instantâneas aproximou as pessoas, mas afastou o olho no olho, a carícia, o calor da pele.
Os relacionamentos, como chamas, ardem intensamente no seu início, mas rapidamente se transformam em cinzas sem vida e sem calor. Hoje já não se faz do relacionar-se um ritual transposto em etapas de aproximação e conhecimento da pessoa que está do outro lado.
Avaliam-se pessoas pela fotogenia do rosto que, em ínfimos instantes, são tocados para a próxima foto – que se não chamar a atenção, será instantaneamente descartada, findando-se ali o encontro e a possibilidade de conhecer alguém mais a fundo.
A rápida troca de mensagens deixa superficial o compartilhamento de ideias, a troca de experiências, o jeito de viver. As conversas soltas não geram uma interação verdadeira.
Passado o estágio da novidade, a motivação inicial que tornava as mensagens atrativas e aguardadas vai se esvaindo até não mais existir.
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Os relacionamentos ditados pelos algoritmos dos aplicativos.
Criados para facilitar o encontro entre duas pessoas, os aplicativos, ao contrário, acabam criando dificuldades, pois os algoritmos criados não conseguem transpor a camada superficial das projeções com que as pessoas constroem seus perfis. Dessa forma, temos vários personagens à procura de um autor que possa dar sentido a uma fantasia.
Com essa base de construção, os encontros saem do mundo virtual, mas a virtualidade não sai das pessoas. Pois a dinâmica com que se desenvolvem os relacionamentos tem a mesma velocidade com que foram calculados pelos algoritmos: do encontro para a relação sexual e daí para o término do relacionamento.
Não são construídos mínimos laços de interação, vínculos afetivos, nada. Apenas o vivenciar de momentos. Da mesma forma com que se criam intimidades, elas se desfazem com a ansiedade por mais um encontro, por conhecer o alguém, que – esse sim! – será a resposta para um relacionamento saudável.
O amor não é um bem a ser consumido, é um sentimento a ser construído.
Mas a intensidade e velocidade como esse sistema funciona acaba criando mecanismos nas mentes das pessoas, que faz com que as expectativas sejam cada vez maiores causando, por consequência, frustrações maiores ainda.
Alongam-se as “conversas” pelo aplicativo, a dependência aumenta, a demora nas respostas cria dúvidas que geram insegurança, sentidos e emoções intensificam-se, gerando ansiedade e desequilíbrio.
Tudo isso retroalimenta o sistema e a tentativa de substituir a qualidade pela quantidade, que, no amor, não funciona.
Chega um tempo em que as pessoas se dão conta disso e acabam se lamentando pelo tempo perdido e pelas frustrações vivenciadas.
Mas o amor não é um bem que pode ser consumido. É algo que requer compreensão, boa vontade, esforço e paciência para ser construído e ficar alicerçado numa base sólida.
José Batista de Carvalho
Perfeito!!
Nossa! Que texto maravilhoso, gratidão.