
A tristeza é uma visita indesejada.
A tristeza às vezes nos visita – dependendo das circunstâncias, com mais frequência que gostaríamos – e sua energia pode consumir a nossa vitalidade. Chamamos esses sentimentos de ruins ou negativos, porque eles não nos trazem uma sensação boa.
Essa sensação desagradável é consequência de algum fato que vai contra aquilo que queremos. Principalmente quando sentimos que não podemos mudar uma situação, uma vez que muitas das coisas que acontecem em nossa vida não dependem da nossa escolha. É o caso, por exemplo, dos desastres naturais, das epidemias, da morte que afasta de nós seres queridos.
“Num nível profundo,” ensina Debbie Ford¹, “a tristeza e a dor se mesclam, permitindo que pranteemos a perda daquilo que amamos. Mas quando somos fustigados pela dor de uma perda que não conseguimos entender ou que nos recusamos a aceitar, a tristeza pode nublar a visão das coisas e fazer com que nos fechemos. O entorpecimento causado pela tristeza inibe a capacidade de dar e receber amor, reconhecer as nossas bênçãos e aproveitar a vida.”
Os sentimentos ruins também trazem importantes lições.
Quando estacionamos na tristeza, isto faz com que haja um grande desequilíbrio na circulação de nossa energia vital, que drena nossa a nossa vitalidade, consome as nossas forças e dificulta a recuperação de um estado de bem-estar. Desta forma, criamos um estado de retroalimentação onde a tristeza nos deixa cada vez mais tristes, a raiva nos faz sentir ainda mais rancorosos. E encontrar a saída desse labirinto emocional fica cada vez mais difícil.
Para Debbie Ford, “Quando intensificada pelo medo de nunca mais sermos felizes ou estarmos inteiros novamente, a tristeza pode se tornar um abismo de autopiedade. A tristeza destrói o nosso bem-estar emocional quando resvala numa espiral para a depressão e o abatimento. Quando nos recusamos a deixar que a tristeza se expresse, ela drena a nossa vitalidade, a nossa energia e, às vezes, a nossa vida.“
Tristeza e medo são, segundo Debbie Ford, sentimentos saudáveis, uma vez que soam como alertas para tomarmos atitudes para recobrar o equilíbrio de nossa energia emocional. Eles também nos dão a oportunidade de perceber, sentir, lamentar, aceitar e, por fim, superar as decepções da vida e seguir em frente.
A cura espiritual não deixa a tristeza nos consumir e resgata a nossa vitalidade.
Emmanuel² propõem a cura espiritual para os sentimentos negativos (como a raiva, o medo, a tristeza, a inveja, a mágoa, o ódio e a culpa) que, segundo ele são como vírus potentes que nos contagiam e descontrolam emocionalmente. Assim então, dão origem a manifestações no corpo físico, na forma de doenças.
Em suas palavras, “o encontro da cura dependerá da renovação interior, pois não basta uma simples pintura quando a parede apresenta trincas. Renovar-se é o processo de consertar nossas rachaduras internas, é escolher novas respostas para velhas questões até hoje não resolvidas.“
Para consertar as trincas que desestruturam nossas emoções, devemos usar, segundo Emmanuel, “a argamassa do amor e do perdão. O momento pede responsabilidade de não mais se viver de forma tão desequilibrada. Quem ama e perdoa vive em paz, vive sem conflitos, vive sem culpa.“
Nem tudo está sob o nosso controle.
Passamos, certas vezes, por fatos que nos abalam, que chegam a consumir a nossa energia, abalar a nossa vitalidade e trazer o amargo gosto da tristeza. Mas eles podem não ter uma pessoa central a quem possamos culpar e, então, perdoar. É o caso, como foi dito acima, de quando perdemos alguém querido para a morte, quando acontecimentos climáticos afetam a estrutura de nossa vida, ou se vivemos o temor de uma epidemia avassaladora.
O amor e o perdão não se limitam a que os concedamos a outras pessoas, mas também a nós mesmos. E não significam, certamente, uma forma de encontrar ou aceitar desculpas ou justificativas. Mas sim de libertarmos a nós mesmos de uma energia negativa que nos prende a um fato ou a uma pessoa.
Por trás de acontecimentos que fogem à nossa compreensão, uma razão maior existe. Uma razão maior existe no significado de nossa vida, que não se limita ao desempenho de ações rotineiras, de buscar melhores condições na vida material. Mas também a busca para a aquisição de aprendizado moral e espiritual, os bens que levaremos na nossa passagem pelos portais da vida física.
A harmonia interior traz equilíbrio e felicidade.
“Quando atingimos esse patamar de harmonia interior”, explica ainda Emmanuel, “nossa mente vibra nas melhores frequências do equilíbrio e da felicidade, fazendo com que a saúde do espírito se derrame por todo o corpo.”
Todos os acontecimentos são aprendizado, às vezes por lições fáceis e agradáveis, outras por ensinamentos só entendidos com profunda reflexão.
Ver a vida amorosamente não quer dizer sentir indiferença ou alegria pelas desgraças da nossa vida ou da vida alheia, mas buscar um entendimento para encontrar seu significado positivo, mesmo parecendo uma contradição.
Usando alguns ditados conhecidos, é confiar que Deus escreve certo por linhas tortas, e que há males que vêm para bem.
Noemi C. Carvalho
¹- Debbie Ford foi uma autora que teve como objetivo ajudar os leitores a superar seu lado sombrio com a ajuda da psicologia moderna e das práticas espirituais, com alguns livros escritos em colaboração com Deepak Chopra e Marianne Williamson.
²- Emmanuel foi apontado por Chico Xavier como seu orientador espiritual. A obra mediúnica de Emmanuel, através da psicografia de Chico Xavier, é composta por dezenas de livros históricos e de aconselhamento espiritual, muitos deles traduzidos para diversos idiomas.
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