
A sociedade disruptiva e o novo ser.
Vivemos novos tempos. Cada vez mais a velocidade das transformações nos surpreende. Vivemos o início da sociedade disruptiva, um tempo onde temos de ser novos e integrais.
O consenso geral na sociedade moderna em relação à educação e criação das crianças é expor a elas, de acordo com o desenvolvimento, o máximo de conteúdo e conhecimento para que possam estar bem formadas para interagir com a sociedade e seus meios de produção.
Essa postura, louvável e importante, leva a que cresçamos com o sentimento que o mundo exterior, as tarefas, as pessoas com que trabalhamos ou convivemos, na maioria das vezes, sejam prioridades em nossas vidas.
Então pela manhã saímos de casa para estudar, trabalhar, para desempenhar as diversas tarefas e funções que de nós são esperadas. Estudamos para aprender algo, para depois usarmos o conhecimento em nosso trabalho. Trabalhamos para ganhar os recursos necessários para que possamos nos sustentar, e assim conviver com os amigos e família.
Mais ou menos esse é o molde que a cada geração é atualizado para poder agregar mais pessoas, e assim garantir o prosseguimento das nossas sociedades e seus característicos modos de vida.
O tempo de transição é a oportunidade para a adaptação.
Estamos em um momento de transição. Vivemos em meio a uma conjuntura onde os padrões que antes tinham como caminho natural a perspectiva de evolução, hoje sistematicamente estão sendo destruídos para que em seus lugares prevaleça uma abordagem inteiramente nova, sem manter qualquer vínculo com o que antes existia.
Vivemos o nascer da sociedade disruptiva, onde os paradigmas vigentes bruscamente são substituídos por novas e revolucionárias ideias que iniciam a criação de um novo mundo.
O termo “disruptivo” tem origem no inglês, vem do substantivo “disruption”, e significa a ocorrência de um problema inesperado ou algo que interrompe uma ação. No linguajar do atual mundo dos negócios indica uma inovação que cria novos valores, novos mercados, destruindo ideias que pareciam solidamente estabelecidas.
Se apenas com a natural evolução dos modelos e sistemas já vivíamos as crises adaptativas, neste momento, com a radical interrupção desses antigos modelos e sistemas e o surgimento de uma realidade totalmente inédita, os problemas de adaptação serão ainda mais graves.
Na nova sociedade, vai triunfar o pensamento disruptivo.
Fomos criados para olhar para fora, observar a realidade e buscarmos formas de agir nesta realidade. No instante que um dos componentes desse processo deixar de existir da forma que estávamos educados, teremos um grande número de pessoas que não saberão o que fazer.
Este novo fator, vem reforçar a necessidade de criarmos modos de entender e melhor interagir com o nosso mundo interior, o campo de nossas emoções, sensações e sentimentos. Pragmaticamente, estávamos muito voltados para fora, investíamos tempo e recursos para melhor entender o mundo à nossa volta, e relegamos ao abandono o nosso mundo interior.
Descuidamos do fato que um bom conhecimento do mundo interior nos possibilita ter melhores condições e equilíbrio para lidar com a vida e a realidade, e assim estarmos mais preparados para intervir na complexa teia de relações que é o mundo à nossa volta.
O diferencial estará na qualidade do discernimento.
Ao termos domínio e sabermos lidar com as emoções e com os sentimentos, poderemos aproveitar melhor a calma e o equilíbrio que esse conhecimento nos proporciona para buscarmos análises mais profundas e detalhadas, sem incorrer nos problemas que a ansiedade e as preocupações advindas dela possam causar.
Teremos mais discernimento, saberemos os nossos potenciais, a capacidade e também os limites de nossos conhecimento e habilidades, não deixando que falsas e ilusórias autoavaliações possibilitem atitudes impetuosas.
Ao investir e trabalhar no desenvolvimento de nosso mundo interior, estamos na verdade aperfeiçoando-nos como pessoas, alargando nossa consciência, nos tornando mais lúcidos.
A renovação na sociedade começa com a renovação pessoal.
Mais conscientes, dificilmente seremos vítimas de ilusões.
Teremos mais controle de nossas emoções, não nos deixaremos ser vitimizados por estados de orgulho e vaidade, estaremos mais resistentes às dores da mágoa e dos ressentimentos, e imunes aos percalços que a raiva e a culpa podem implantar.
Esse cuidado é essencial em qualquer tempo e em qualquer lugar.
Com as características que essa nova revolução está implantando na sociedade disruptiva, precisaremos de pessoas que promovam em si o trabalho de renovação plena de seu sistema de crenças, que esmiúcem os conceitos que valorizam e os pensamentos que formam esse conjunto.
E após esse exercício, é necessário que tenham humildade para localizar e rever os conceitos, crenças e pensamentos que foram construídos com base nos antigos paradigmas e, o esforço maior, enfrentar as resistências que surgirão contra as necessárias e drásticas mudanças que devem ser promovidas.
Seja disruptivo, faça a sua diferença.
Marchamos inexoravelmente para o novo. É preciso que os agentes promotores desse novo e admirável mundo iniciem em si a derrubada dos paradigmas erigidos com base na ganância, na mesquinhez, nos valores de competição cheios dos renitentes vícios que acompanham a história da economia e da administração.
É o momento em que se deve aproveitar a transformação para firmarmos os conceitos de sustentabilidade, do respeito pelo ser e seu ambiente de vida. É imperioso que as novas habilidade e competências sejam pensadas e desenvolvidas visando o aproveitamento e a valorização das competências e virtudes das pessoas que integrarão o mercado de trabalho que surge.
Não será possível atentar só para a tecnologia, apenas valorizar os instrumentos de produção. É preciso a consciência que o homem também precisa se desligar do “velho” sistema onde a competição alimentava as relações para que se construam moldes de cooperação e respeito.
Um novo e integral ser que transcende a limitada consciência e integra os valores universais presentes em nossas essências – esse é o homem novo que promoverá a admirável sociedade solidária que está para surgir. Só depende de nós.
José Batista de Carvalho
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