
Comecemos o ano novo com um convite.
No início de um novo ano parece que tudo cheira a novo. O calendário rabiscado, amassado e com folhas arrancadas é substituído por um novinho em folha, onde tudo está límpido e claro. Assim como queremos que sejam os nossos dias, os nossos projetos, os nossos sonhos. Mas nem tudo é novo.
Aos poucos o alegre clima festivo vai se esvaindo e as nuvens escuras das preocupações começam a pairar sobre os dias que já não parecem tão radiantes. As situações não resolvidas que só ficaram adiadas, os novos desafios que vão se apresentando, vão aos poucos apagando o brilho do entusiasmo.
Mas para isso, o Papa Francisco, logo aos primeiros dias de 2022, nos encoraja a procurar Deus e a recebê-lo no coração:
“Neste primeiro domingo do ano, renovo a todos os meus desejos de paz e boa vontade no Senhor. Nos bons e maus momentos, confiemo-nos a Ele, que é nossa força e nossa esperança.
E não se esqueçam: convidemos o Senhor a entrar em nós, a vir à nossa realidade, por pior que ela seja, como um estábulo: ‘Pois é, Senhor, não gostaria que entrasse, mas olhe para meus problemas, fique perto de mim’. Vamos fazer isso”, recomenda o Papa.
A luz celestial que adentrou as trevas do mundo.
Para explicar a bondade de Jesus ao nascer entre nós, o Papa Francisco cita o Evangelho de João: “O Verbo se fez carne e habitou entre nós”. (Jo 1, 14).
Segundo ele, “‘verbo’ indica que Jesus é a Palavra eterna do Pai, infinita, que existe desde sempre, antes de todas as coisas criadas. E ‘carne’, por outro lado, indica precisamente nossa realidade criada, frágil, limitada, mortal”.
Portanto, aquele que é eterno e puro, se fez frágil e mortal para partilhar seu amor conosco.
Além disso, ainda citando João (“…e a vida era a luz dos homens. E a luz resplandece nas trevas, e as trevas não a compreenderam”), o Papa diz que “Jesus é a luz de Deus que entrou nas trevas do mundo” e que agora com Jesus “luz e trevas se encontram: santidade e culpa, graça e pecado”.
Quando Jesus aqui esteve, ele disse que veio não para curar os sãos, mas para curar os doentes, porque ele conhece melhor do que nós mesmos quais são as nossas mazelas, não só as físicas, mas sobretudo as mentais e as espirituais.
Assim, diz o Pontífice, Deus não se cansa de nos procurar. Mesmo se não estamos prontos ele vem, não faz caso de nossa incompreensão, aceita as nossas fragilidades, conhece as nossas trevas. E tudo faz para nos conduzir à luz, à serenidade, ao amor e à alegria.
Deus espera encontrar abertas as portas do nosso coração.
O Papa Francisco sugere, então, que mesmo se não nos consideramos dignos que Deus adentre o nosso coração, olhemos para a nossa vida a partir do ponto de vista que nos concede o Natal, em sua representação do presépio.
Ele afirma que “Deus deseja se encarnar. Se o seu coração parece muito poluído pelo mal, muito desordenado, não se feche, não tenha medo.
Pense no estábulo de Belém. Jesus nasceu ali, naquela pobreza, para lhe dizer que não tem medo de visitar o seu coração, de viver uma vida desordenada”, exclama o Papa.
Em seguida, ele diz que Deus quer habitar em nosso coração, isto é, quer ter intimidade conosco, partilhar as nossas alegrias e as nossas tristezas, saber de nossos sonhos, consolar-nos nas nossas decepções.
Ele nos recebe de braços abertos sempre que o procuramos. E assim também espera que nós lhe abramos os braços e as portas do coração para poder ficar sempre conosco, ainda que nem tudo seja novo em nós, mesmo que ainda tenhamos velhos hábitos de pensamento e de vida que não conseguimos modificar e dos quais não nos orgulhamos.
Para que o ano novo seja sempre bom.
Usando a representação do presépio, tão familiar a todos, o Papa direciona o nosso olhar para vermos que temos a possibilidade de criar espaço para Deus, e Ele está sempre disposto a entrar em nossa morada:
O presépio, diz o Papa, “mostra Jesus vindo habitar na nossa vida concreta, comum, onde as coisas não vão bem, onde há muitos problemas: os pastores trabalhando duro, Herodes que ameaça os inocentes, uma grande pobreza… Mas no meio de tudo isso, há Deus, que quer habitar conosco.”
Por fim o Papa nos encoraja a convidá-Lo oficialmente para entrar em nossa vida, especialmente nas áreas escuras, em nossos ‘estábulos interiores’, onde podemos Lhe falar sem medo de todos os nossos problemas, porque Deus ama habitar entre nós”, diz com alegria o Papa Francisco.
Não importa se o nosso mundo interior está como um dia límpido e ensolarado, ou se está desorganizado e sombrio. Deus é a luz que dissipa as sombras, que nos ajuda a ver e compreender os fatos da vida com maior clareza, que nos mostra o caminho seguro e está sempre disposto a nos guiar segurando a nossa mão.
Noemi C. Carvalho
fonte: Vatican News
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