
Cruzar continentes pode ser mais fácil que cruzar as fronteiras dos nossos sentimentos.
O desenvolvimento da tecnologia trouxe muitas facilidades e agilidade para nos conectarmos com o mundo todo e isso mudou a forma como nos relacionamos com pessoas, empresas, como decidimos e fazemos nossas escolhas, mas não mudou a dificuldade que sentimos quando se trata de nos relacionarmos com nossas próprias emoções.
Sabemos que a vida moderna se caracteriza cada vez mais pela instantaneidade: a internet nos conecta aos quatro cantos do mundo em segundos, temos informações atualizadas sobre qualquer assunto num clique, a autonomia nas viagens aéreas nos permite atravessar continentes em poucas horas, entre tantas outras coisas que poderíamos citar.
E esse nosso relacionamento com o mundo de forma tão fácil nos dá a sensação de agilidade, de eficiência, a possibilidade de saber das coisas antes que os outros. Existe também um certo sentimento de poder na facilidade em adquirir a sabedoria instantânea. Sem esquecer que as redes sociais podem trazer a sensação de ser notado e amado por muitos, talvez até invejado.
Não adianta ter pressa quando nos relacionamos com nossas emoções.
Esses relacionamentos que temos com o mundo exterior acabam consumindo nosso tempo e não nos dedicamos ao nosso mundo interior, talvez justamente porque seja uma área desconhecida que nos faz sentir inseguros e na qual não queremos nos aventurar.
Além disso, as facilidades e a velocidade com que se processa o relacionamento com o mundo atual acaba trazendo reflexos em nossa vida pessoal, numa cobrança interior que exige cada vez mais a obtenção de respostas rápidas e soluções imediatas.
No entanto, quando se trata de um trabalho comprometido com o aprimoramento pessoal, essa rapidez nos resultados não pode ser aplicada da mesma forma, porque precisamos respeitar o delicado e complexo universo emocional de uma pessoa.
O tempo não pode se sobrepor à necessidade individual para a assimilação de novos conceitos e a realização dos ajustes necessários para que a transição seja segura e bem sustentada.
As emoções que envolvem e conduzem as nossas atitudes e reações diante de tudo o que se passa em nosso dia foram sendo moldadas ao longo dos anos. Muitas, inclusive, podem estar incorporadas desde a infância ao nosso modo de perceber a vida.
Tudo tem seu tempo.
Cada um de nós tem a sua própria velocidade de resposta às situações da vida. Claro que não podemos incorrer na indolência ou na procrastinação, mas determinar prazos e metas num processo de autoconhecimento e, até mesmo, a obstinação com o resultado final desejado, podem acabar nos distanciando do nosso objetivo. Entretanto, nossas emoções trazem um delicado equilíbrio que deve ser cuidado quando nos relacionamos com elas, para não ficarmos tentados a evitar esse contato interior.
Para que os avanços sejam firmes e estáveis, as novas aquisições mentais e emocionais devem se desenvolver num ritmo natural, suave, constante. É importante reconhecer e valorizar todo progresso alcançado, ainda que pareça pequeno. Ao perceber, por exemplo, sua diferença de atitude, mesmo que em pequenas situações do dia a dia, você valoriza sua capacidade de superação.
Você aprendeu a falar e a andar quando era um bebê – e certamente não se preocupou em “quando” isso ia acontecer. Em etapas sucessivas, você aprendeu a estudar, a trabalhar e a se relacionar. Ao longo dos anos, você foi construindo a sua personalidade, o seu modo de vida.
Paciência: como você define?
Você pode agora iniciar uma nova etapa: habituar-se a utilizar o potencial e riqueza de sua consciência. Você pode reconhecer sua essência e manter-se integrado à sua serenidade e sabedoria, cultivando a “pax-ciência”, a ciência da paz.
Geralmente atribuímos à paciência um conceito de tempo: paciência para esperar que uma fila ande, para esperar que algo se resolva, para aguardar quando determinada coisa vai acontecer.
A paciência, ao ser entendida como um conceito do sentimento de paz, é o “quando” que você procura. É estar em paz com suas lembranças e com suas memórias. É estar em paz com as expectativas sobre o futuro.
Nesse instante, o tempo deixa de ser importante, deixa até de ser um inimigo, e torna-se apenas um momento. O instante divino no qual a vida acontece e se realiza.
Noemi C. Carvalho
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Gratidão eterna. Estava precisando muito de ler esse texto. Namastê