
As músicas que tocam as nossas emoções.
Muito da formação do repertório de nosso inconsciente vem das músicas que são ouvidas.
A música tem o poder de ressoar na mente e ativar diversas ligações que despertam emoções. Ao juntarmos essa capacidade de gerar emoções com os momentos vividos embalados ao som das músicas, temos a combinação ideal para a formação de um forte elemento unindo emoção e memória, que ficará, então, registrado em algum lugar na mente.
Então, ao se ouvir a mesma música, é como se um botão fosse acionado, e todo o pacote vivenciado pela canção emerge trazendo consigo todas as emoções e lembranças, não importa quanto tempo tenha passado nem mesmo que as circunstâncias atuais sejam completamente diferentes. Outro fato é que não importa se o momento vivenciado foi bom ou não, pois ele surge tal qual aconteceu.
Esse mecanismo deflagrado pelas músicas também pode ser utilizado na tarefa de transformar pensamentos e equilibrar emoções desalinhadas.
Ao perceber que tipo de emoção emerge ao ouvir determinada música, procure recuperar o fato vivenciado quando essa música tocou. Verifique o que aconteceu, para entrar em contato com a emoção e “conversar” com o fato, tirando a força dele e suavizando o desconforto e sofrimento.
É claro que quando o quadro se apresentar com boas emoções e lembranças gostosas, o que tem que ser feito é procurar ao máximo fixar isso na mente, pois esses acontecimentos ajudam a construir e alimentar a autoestima.
Uma conversa de botequim.
Escrevi essa pequena explicação em função de hoje ter sido arrebatado por uma dessas ciladas sincrônicas com as quais tropeçamos pela vida.
O veículo sonoro que passou por mim é uma das mais belas músicas da nossa música popular, composta por Silvio Silva Jr. e Aldir Blanc.
A música é: “Amigo é para essas coisas”, que conta um encontro entre dois amigos em um bar. Um deles passa por dificuldades e encontra no amigo apoio e palavras de incentivo, demonstrando o admirável significado de uma forte amizade.
Esta música foi lançada em 1970, e o lamento do amigo se dá numa mesa de bar que, na época, além das bebidas, servia de confessionário, onde poemas eram feitos e músicas descobertas entre as conversas.
Um singelo e triste drama do cotidiano.
Neste singelo e triste drama cotidiano percebemos que o bem de um se contrapõe à infelicidade do outro. Ao que parece, a provável causa principal seja o infortúnio na relação com Rosa enquanto o outro, com Beatriz, encontrou o seu jeito de ser feliz.
O notável é que apesar de já há algum tempo eles não se encontrarem, mantinham a união dos sentimentos, mesmo após os caminhos diferentes que os separou até este novo encontro
O laço maior desse sentimento, que é a amizade, se reflete na preocupação de um achar que está incomodando o amigo com suas lamúria. E, por outro lado, o outro querendo amenizar tamanho desalento da melhor forma possível.
No final, ao recusar a ajuda monetária, surge a expressão maior que marca as grandes amizades e seu caráter fraterno: o apreço não tem preço.
Essa palavra, não muito usual nos dias de hoje, resume todo respeito ao outro, a consideração, a estima, o sentimento que a existência do outro é muito importante, querida e que também nos define como ser.
Por isso devemos valorizar aqueles que sempre estão ao nosso lado, não importando as circunstâncias, ocasiões ou distâncias. Estes são verdadeiros, pois revelam o que em essência são.
E tudo isso se iniciou com uma antiga música que ouvi passando por mim numa manhã ensolarada.
Deixo um abraço amigo.
José Batista de Carvalho
gostei deste relato, simples e verdadeiro!