
O respeito e o autoconhecimento estão vinculados, disse São Francisco.
São Francisco certa vez foi indagado por um dos freis que o seguiam sobre o respeito e, em sua resposta, ele o vinculou ao autoconhecimento.
Nas reuniões com os seus confrades, São Francisco respondia a todas as suas perguntas com a profundidade e a gentileza de quem vivia dia a dia conforme o Evangelho.
Das palavras de Jesus tirava o seu conhecimento e com as suas próprias experiências enriquecia os ensinamentos.
Assim, Miramez¹ conta que, certa noite, Frei Diogo, admirador do silêncio e cultivador da tranquilidade, argumentou com ardor:
– “Pai Francisco, se fosse de utilidade para nós outros, desejaria ouvir alguma coisa sobre o respeito.
Francisco de Assis, satisfeito com o encontro daquela noite, pelo interesse dos frades em variados assuntos, sorriu internamente e deu graças a Deus por aquela escola em que ele, Francisco, era o mais necessitado.
E respondeu a Frei Diogo com dignidade:
– Meu filho, o respeito é um ambiente sagrado, na linha do nosso entendimento. Cada um de nós é parte da vida universal, mas com vida distinta.
A alma é um verdadeiro mundo, e dentro dela existem leis que devem ser obedecidas a não ser que queiramos sofrer as consequências da nossa ignorância.
Uma viagem e um grande aprendizado.
Certa ocasião, quando estive na França com meu pai, visitamos a casa de um velho sacerdote, homem de Deus, que tinha uma grande biblioteca. Lancei mão de um dos livros, cuja leitura sobre coisas da alma, me encantou. Versava aquele valioso livro sobre o que deveríamos fazer para adquirir a autoeducação.
O tópico que mais ficou gravado em minha mente exortava a quem o lesse: “Conhece-te a ti mesmo, que o resto te será revelado”.
Somente por este ensinamento foi compensada a minha ida à França. Para conhecer semelhante valor espiritual, eu iria a pé, a qualquer lugar do mundo.
Se cada um de nós começar a conhecer a si mesmo, redobraremos o respeito para com os nossos semelhantes.
Paulo de Tarso também é lembrado.
Pedimos a Frei Luiz para lembrar alguma coisa do Evangelho que possa reforçar o conceito sobre o respeito, porque, se falarmos o ano todo, ou a vida toda sem que o Evangelho de Nosso Senhor esteja presente, nada dissemos.
Frei Luiz rememorou por instantes e falou serenamente, como se a alegria estivesse saindo em feição de luz por todos os seus poros:
– Pai Francisco, poderemos nos lembrar de Paulo de Tarso falando aos Romanos, no capítulo quatorze, versículo quatorze, quando assim objetivou: Acolhei o que é débil na fé, não, porém, para discutir opiniões.
Francisco, na alegria peculiar ao seu ser, adiantou com simplicidade:
– Eis aí a fala do Evangelho de mais profundo respeito. Recomendando-nos a acolher o que é débil na fé, sem exigir dele que nos siga e sem a ele impor as opiniões, para não destruir o que de mais sagrado deveremos fazer.
Se respeitamos as ideias alheias, os semelhantes passam a respeitar as nossas, e Deus, a Grande Onisciência, sabe que a verdade condensará as ideias que ficarão nos corações.
Devemos esquecer a pretensão e sermos conscientes do que representa a Verdade. Busquemos, meus filhos, o Cristo todos os dias, para que Ele nos guie e abençoe na nossa jornada.”
Miramez
Referências
1 – Miramez, no livro “Francisco de Assis”, psicografado por João Nunes Maia
Fernando Miramez de Olivídeo nasceu na Espanha. Em 1649 chegou ao Brasil e se dedicou a aliviar os sofrimentos físicos e espirituais dos indígenas e dos escravos com quem convivia.
Tornou-se guia espiritual de João Nunes Maia (1923 – 1991), com o qual se identificou numa reunião na União Espírita Mineira (UEM).
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