
Uma semana que vem santificar nossas experiências
Estamos em meio a uma semana de festejos religiosos, quando se revisitam antigas tradições, evoca-se a possibilidade e a capacidade de transformação do mundo pela invocação da bondade, do amor, da paz.
As procissões nos relembram a caminhada e o martírio de Jesus, carregando em seus ombros o fardo da humanidade, vertendo o sangue das lacerações infligidas pelos espinhos que permeiam nossas vidas e, ao final, ainda assim a todos estendendo seus braços, num divino gesto de perdão, numa sublime demonstração do ápice do amor espiritualizado.
Em nossa caminhada pessoal, não poucas vezes a imperiosa necessidade de transpor os limiares do progresso já alcançado vem com uma impetuosidade ímpar. De forma avassaladora, rompe a paz e a quietude estabelecidas, estabilizadas. Estagnadas.
Desavisada e impiedosamente, esse abrupto chamamento fende nossa alma que, amargurada, sente romper-se e esvair-se. Desfalecendo, percebe tudo obscurecer-se e, largada, cai, desce até a mais profunda escuridão, de onde nem a esperança se avista.
Um turbilhão de sentimentos e emoções desconexas se transforma no redemoinho que suga a alma fragilizada para mais além. Ferida, dorida, num lampejo busca apoiar-se no solo de suas próprias dores cristalizadas.
Ergue o olhar e entende que não pode se deter ali. Não é de seu feitio. Não é condizente com uma alma.
A angústia da queda se transforma na ansiedade da ascensão. Subir, seguir, ir. Reunir forças, buscar motivação. Desfazer-se, refazer-se.
Uma alma almeja a luz, a alegria, a sabedoria, feita de pequenas dores ou grandes desesperos, moldada na dura forja das experiências da vida. Que segue. Que sempre seguirá.
Enquanto houver vida.
Enquanto houver esperança.
Enquanto houver amor.
Noemi C. Carvalho
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