
O padre faz um desafio a Chico no enterro de um amigo.
Muitos duvidavam da veracidade de Chico. Certa feita um jovem padre, durante o enterro de um amigo em comum aproximou-se dele e indagou:
– Andam dizendo que você recebe mensagens do outro mundo…
– É verdade, sinto que alguém se apossa de meu braço para escrever as mensagens. – respondeu Chico.
– Pois tenha cuidado, – disse o padre – o Espírito das trevas tem muita astúcia para seduzir para o mal.
Chico replicou:
– Mas os Espíritos que se comunicam através de mim só ensinam o bem.
O padre não se convenceu:
– Vejamos, então. Estamos no cemitério, acompanhando um amigo morto. Será que há por aqui algum Espírito desejando escrever? – desafiou, puxando um papel branco do bolso.
Na catedral azul da imensidade.
Chico apanhou o papel. Concentrou-se e, minutos depois, escreveu um soneto, intitulado “Adeus”, assinado pela poetisa Auta de Souza:
“O sino plange em terna suavidade,
No ambiente balsâmico da Igreja;
Entre as nuvens, no altar, em tudo adeja
O perfume dos goivos da saudade.
Geme a viuvez, lamenta-se a orfandade;
E a alma que regressa do exílio beija
A luz que resplandece, que viceja,
Na catedral azul da imensidade…
Adeus, Terra das minhas desventuras…
Adeus, amados meus… – diz nas alturas…
A alma liberta, o azul do céu singrando…
Adeus… – choram as rosas desfolhadas…
Adeus… – clamam as vozes desoladas…
De quem ficou no exílio soluçando…”
Do livro “Lindos casos de Chico Xavier”, de Ramiro Gama
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