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O guia da Johns Hopkins para as difíceis situações da pandemia

uma mulher e um homem cumprimentando-se usando o toque dos cotovelos como orientação do guia pandemia

Um guia para ajudar a contornar situações de conflito na pandemia.

Para lidar com algumas situações por causa de divergência de opinião, que nos causam aborrecimento ou frustração durante esta interminável pandemia do novo coronavírus, a Universidade Johns Hopkins fez um guia com sugestões de uma psicóloga, complementados por dados fornecidos por uma pesquisadora.

Mas antes disso, vamos voltar para março de 2020, logo no começo da pandemia, quando de um dia para o outro nos vimos privados dos beijos e abraços de chegada ou saída, e até do formal aperto de mão.

Nessa ocasião, a Universidade Harvard¹ publicou um artigo falando especificamente sobre o aperto de mão.

William Hanage, professor associado de epidemiologia da Escola de Saúde Pública Harvard TH Chan lembrou que  “estamos lidando com uma doença para a qual não temos imunidade e para a qual temos certeza de que estaremos expostos.”

Ele explicou, então, que o corpo humano tem um sistema imunológico capaz de combater inúmeros vírus, germes e bactérias que podem estar em nossas mãos e que deixamos entrar em nosso organismo quando tocamos os olhos, o nariz ou a boca.

Mas não é isso o que acontece agora com o novo coronavírus, diz Hanage: “Por se tratar de uma pandemia, por não haver praticamente imunidade populacional e por sabermos que as pessoas podem transmitir enquanto são pré-sintomáticas ou apresentam sintomas mínimos, todo aperto de mão corre o risco de expor você ou a pessoa que você está cumprimentando com o vírus.”

Quando então será seguro apertar as mãos novamente? Como muitos especialistas que rastreiam o curso da doença, Hanage não pode fornecer um cronograma exato. Ainda assim, ele acha que isso acontecerá “em um futuro distante, quando o vírus estiver sob controle.”

De volta para o presente, um guia para lidar com algumas relações durante a pandemia.

Agora que estamos terminando o mês de agosto, quase seis meses – ou meio ano – se passaram desse aviso inicial sobre o contato físico nos tempos da pandemia. E ele continua muito atual.

Muitas pessoas acabaram se acostumando com a ideia e achando que tudo está normal, a vida pode voltar aos mesmos padrões de comportamento do começo do ano e o vírus não é mais um agente devastador.

Outras pessoas desde o começo não aceitaram que a pandemia é um problema muito grave. Mas agora, além do alto índice de mortalidade, descobrem-se cada vez mais sequelas que limitam a vida de quem se recuperou da covid-19.

Essas duas reações podem ser motivadas pelas notícias que circulam, principalmente nas redes sociais, onde opiniões pessoais e “achismo” acabam distorcendo a ainda grave época que vivemos.

Por isso a Universidade Johns Hopkins publicou um guia para ajudar as pessoas que sentem dificuldades em falar com pessoas dos seus relacionamentos, que tentam de todo jeito minimizar a gravidade desta pandemia.

Leia abaixo alguns dos trechos selecionados.

Ainda precisamos tomar todos aqueles cuidados do começo da pandemia?

“Na maioria das vezes, as diretrizes de distanciamento físico para interagir com outras pessoas durante a pandemia da covid-19 não mudaram: manter uma distância de 2 m ou mais, usar máscara, praticar boa higiene das mãos e evitar interações prolongadas em ambientes fechados.

Mas navegar pelo lado interpessoal dessas recomendações pode ser mais difícil. O distanciamento físico vai contra muitas de nossas normas sociais e complica a maneira como trabalhamos, celebramos datas e geralmente interagimos com outros humanos. As coisas podem ficar ainda mais complexas quando os limites das pessoas e os níveis percebidos de segurança estão em conflito.

Então, o que você diria a um amigo que insiste que covid-19 não é pior do que uma gripe? Como você conversa com seus pais que sempre vão aos restaurantes para convencê-los a comer em casa? E se um amigo ou parente convidar você para o casamento ou a festa de aniversário e você não se sentir seguro para ir? Como você fala com seus filhos sobre segurança sem assustá-los muito?

No guia a seguir, Laura Murray, psicóloga clínica e cientista sênior do Departamento de Saúde Mental da Escola Bloomberg de Saúde Pública, compartilha dicas para navegar no lado interpessoal das precauções contra pandemia. Crystal Watson, pesquisadora sênior do Center for Health Security, compartilha pesquisas, dados, orientações de saúde pública e outras considerações que sustentam os conselhos.”

Como falar com quem não leva a sério a ameaça da covid-19?

A orientação dada neste guia para lidar com situações complicadas da pandemia, é que você deve avaliar o que você conhece sobre a pessoa para então encontrar a melhor forma de interagir. De todo modo, não é bom começar a conversa sentindo raiva ou frustração, mas procurar ter compreensão e empatia.

Você pode começar perguntando algo como “qual sua opinião sobre isso?”, “onde você ouviu essas informações?”, porque é possível que a pessoa “esteja confusa com todas as orientações diferentes ou obtendo informações de uma fonte não científica.”

Você pode, então, complementar dizendo que gostaria de compartilhar uma notícia, um artigo de fontes médicas ou mesmo uma história pessoal escrita por alguém que sofreu com a covid-19, salientando a sua preocupação com a saúde desta pessoa.

Considerações importantes:
  • “Desde janeiro, o mundo contou mais de 24 milhões de casos de covid-19 e mais de 835.000 mortes. Os EUA sozinhos são responsáveis por mais de 6 milhões de casos e mais de 184.000 mortes. No Brasil, são mais de 3,8 milhões de casos e quase 120.000 mortes (dados 29/08/20 – Wikipedia)
  • A covid-19 é muito mais mortal do que a gripe, pois o vírus mata cerca de uma a cada 200 pessoas infectadas. A gripe sazonal, por outro lado, mata cerca de uma a cada 1.000 pessoas infectadas.
  • A morte não é a única consequência para se preocupar com a infecção por covid-19. Mesmo com a doença leve ou moderada, pode haver impactos de médio prazo na saúde pulmonar, cardíaca e cognitiva. Além disso, os efeitos a longo prazo ainda são desconhecidos.”

Como conversar com os pais sobre seus comportamentos que os colocam em risco?

Em primeiro lugar, é preciso lembrar que “você não pode controlar o comportamento dos outros, mesmo daqueles que você ama. Pergunte-se, em seguida, qual é a sua motivação para ter essa conversa e quais são seus medos ou preocupações.

A partir daí, tente direcionar a conversa usando ‘eu’. Ou seja, ao invés de dizer ‘Vocês precisam parar de comer em restaurantes’, você pode dizer ‘Fico muito preocupado sabendo que vocês sempre comem fora.’ Ou perguntar porque é importante para eles saírem para comer. Porque só depois que entendemos o que motiva os comportamentos, poderemos saber como ajudar a mudá-los.

Considerações importantes:
  • “Ainda estamos procurando entender mais sobre a covid-19 e sua transmissão, mas está claro que ficar em ambientes fechados é arriscado. Usar máscaras é uma medida de segurança eficaz, mas as pessoas precisam tirar as máscaras para comer e beber.
  • Mesmo que os restaurantes limitem o número de clientes e espacem as mesas, um menor risco não significa nenhum risco. Além disso, a má circulação do ar e a falta de coberturas faciais (porque as pessoas estão comendo) são um grande risco.
  • Alternativas que podem ser menos arriscadas, mas que não são completamente seguras, seria locais que têm mesas ao ar livre ou pedir a refeição para viagem.”

Meus amigos vão se casar. Como dizer a eles que não quero ir?

Neste caso, reserve um tempo para sentir suas emoções, pense no que essa data significa para você e, em seguida, pense em qual mensagem quer transmitir.

“Ao conversar com seus amigos, use ‘afirmações eu’ e compartilhe sua tristeza, hesitação ou medo de contar a eles. Assim, em vez de racionalizar sua decisão, tente manter suas emoções.

Além disso, tenha empatia com qualquer atitude de frustração ou raiva por parte dos amigos. Temos tendência a reagir também com frustração. Em vez disso, tente afirmações como ‘Estou ouvindo e sentiria o mesmo na sua posição.’ Esteja preparado porque talvez você tenha que concordar em discordar, mas espero que possam respeitar um ao outro e permanecer amigos.”

Considerações importantes:
  • “Houve surtos em casamentos de todos os tamanhos. Atividades como contato próximo por meio de abraços e dança aumentam o risco, e os casamentos mantêm as pessoas juntas por períodos prolongados, oferecendo muitas oportunidades de transmissão.”

Qual é a melhor maneira de conversar com filhos adolescentes sobre como levar a sério os riscos da covid-19?

“Como nas outras situações, a melhor maneira de conversar depende do relacionamento com o adolescente: é tumultuado? Respeitoso? Mais como uma amizade?”

Organize seus pensamentos e emoções, considerando qual a mensagem que você quer transmitir, quais são seus medos e preocupações. Avalie também como isso será ‘ouvido’ por seu filho e que informações eles têm até agora.

Procure começar perguntando o que eles já sabem e o que pensam sobre a pandemia do coronavírus, se eles têm algum medo, o que seus amigos estão dizendo. Lembre-se que os adolescentes estão numa idade em que as redes sociais são grandes influenciadoras.

Depois disso, você precisa realmente ouvi-los, mesmo que algumas das respostas não lhe agradem. Mais uma vez, use declarações ‘eu’ para expor seus medos e preocupações em relação à segurança.

Considerações importantes:
  • “Muitos jovens apresentam sintomas leves ou mesmo nenhum sintoma. Mas todas as pessoas deveriam pensar em si mesmas como sendo uma ponte para alguém mais vulnerável, e a maneira de proteger aqueles que estão em alto risco é evitar ficarmos doentes.
  • Ainda há muitas incógnitas em torno do porquê e como os jovens podem ter infecções graves por covid-19. Mas a síndrome inflamatória multissistêmica em crianças, relacionada à covid-19 parece afetar crianças um pouco mais velhas entre 6 e 15 anos e pode resultar em disfunção cardíaca.
  • Dados recentes sugerem que as crianças são infectadas em taxas semelhantes às dos adultos e que as crianças com mais de 10 anos transmitem o vírus tão eficientemente quanto os adultos.”

Como agir no ambiente de trabalho com pessoas que não sem importam com as precauções necessárias?

Muitas empresas estão retomando as atividades, inclusive viagens a trabalho. Se você não se sente confortável com isso, procure organizar seus pensamentos e preocupações, listando situações como, por exemplo, ter que cuidar alguém de alto risco.

“Pense também em quais alternativas você estaria disposto a considerar e por quê. É ainda melhor se você puder conversar sobre isso com uma pessoa de confiança e representar diferentes cenários.”

No caso de colegas que não usam máscaras nem praticam o distanciamento social, “as medidas que você pode tomar são usar uma cobertura facial enquanto estiver perto de outras pessoas, pedir para participar de reuniões virtualmente, pedir educadamente aos outros para manterem distância e higienizar as superfícies com as quais você entrar em contato.”

Como explicar para crianças os cuidados que devem tomar quando voltarem às aulas?

“A primeira consideração é a idade de desenvolvimento de seus filhos. Precisamos explicar as coisas de forma diferente dependendo disso.”

As crianças podem se distrair muito facilmente, então escreva os pontos principais que você quer conversar e pratique isso algumas vezes, para que a mensagem seja clara e não cause ansiedade. Você pode também dar menos informações de cada vez, dividindo a mensagem integral ao longo do tempo.

“Também é bom ter em mente que as crianças aprendem por meio da repetição, então pense nas maneiras de lembrar às crianças os comportamentos que você está pedindo. Trabalhe com recompensas por esses comportamentos quando puder. É mais provável repetir um comportamento quando há um reforço positivo.

Verifique com frequência e certifique-se de que seus filhos saibam que esses comportamentos de saúde são difíceis e podem ser desconfortáveis. É importante que as crianças se sintam confortáveis relatando acidentes, por isso compartilhe seus próprios erros e desconfortos.”

Orientações gerais do guia da Johns Hopkins para outros cenários durante a pandemia.

“Muito do que falamos aqui se refere a inteligência emocional, que é a chave para gerenciar relacionamentos interpessoais na vida, família, trabalho, negócios, amizades, etc.

A inteligência emocional pode ser aprendida e precisa ser praticada. Seus princípios estão embutidos em cada um dos cenários acima. Eles incluem:

  • autoconsciência, conhecendo a si próprio
  • auto-controle, pensando antes de agir e criando uma atmosfera aberta e de confiança
  • motivação, otimismo, positividade
  • empatia ou compreensão dos outros
  • habilidades sociais, como colaboração, comunicação e persuasão

O texto foi baseado em informações de artigos das Universidades citadas abaixo, e os trechos entre aspas são transcrições literais.

Esperamos que este guia o ajude a superar alguns dos transtornos e aflições causados pela pandemia do novo coronavírus.

Noemi C. Carvalho

Referências

1 – Universidade Harvard, por Colleen Walsh
2 – Universidade Johns Hopkins, por Lindsay Smith Rogers e Nick Moran

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