
Uma conversa com os discípulos, uma orientação para a vida.
São Francisco emanava ternura e amabilidade, suas palavras infundiam conforto e serenidade, mesmo quando falava sobre temas difíceis para o nosso verdadeiro entendimento, como o perdão. E assim ele transmitia, com simplicidade para que todos pudessem compreender, os conceitos espirituais deixados por Jesus para orientar a nossa vida.
Numa reunião onde esclarecia as perguntas feitas pelos frades que o acompanhavam, Frei Filipe perguntou com bondade:
-” Irmão Francisco, seria bom para todos nós, se soubéssemos algo mais sobre o perdão.
Francisco, diligente e amigo, asseverou com riqueza de detalhes sobre o assunto que ele tanto amava, estruturando todos os seus pensamentos na força da palavra, fazendo-se ouvir com respeito:
– Frei Filipe, que Deus, na Sua Divina Sabedoria, possa nos inspirar a todos neste momento de meditação e nesta escola do Evangelho!”
O perdão abre as portas da verdadeira felicidade.
– “Falar sobre o perdão muito nos agrada. Ele abre as portas da verdadeira felicidade, e faz com que o nosso coração se sinta livre da opressão da consciência. É tão divino, que nos dá condições de esquecer as ofensas, favorecendo-nos o ambiente para refazer amizades.
Quem já entende que deve perdoar, está compreendendo que existe o bem-estar espiritual.
Aquele que já gosta de perdoar, é aluno na escola da caridade consigo mesmo.
E quem perdoa por amor às criaturas que ofendem, já se libertou das contingências do mundo e alcançou o Bem universal, alimentando-se no grande suprimento de Deus.”
Assim, São Francisco nos dá a entender que o perdão é cura para a alma e nos livra do fardo do julgamento, pois quando carregamos mágoa e rancor, julgamos o outro pela sua atitude. E Jesus nos disse para nos lembrarmos de nossa condição de espíritos ainda imperfeitos, sabendo que se julgamos os outros, por nossa vez também passaremos pela análise de nossas atitudes.
Além disso, o Mestre nos ensina que devemos perdoar infinitamente, compreendendo que a ofensa ou mal praticado pelo outro deixa claro que ele ainda não atingiu uma compreensão espiritual sobre a vida, o que o levaria a ter comportamento diferente.
E também é importante lembrar que o pensamento e o sentimento nos mantêm ligados aos outros, perpetuando uma corrente de energia que pode ser positiva ou negativa, influenciando nossa vida terrena e nos acompanhando no retorno ao plano espiritual.
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O perdão é a própria paz.
“O perdão retira todo o mal dos canais onde ele poderia proliferar. Ele é a própria paz! É socorro para os desesperados, pois transmuta o ambiente pernicioso do ódio em atmosfera onde pode gerar o Amor.
Somos humanos e desejosos da perfeição espiritual, e em muitas circunstâncias nos ofendemos com ataques inesperados de irmãos que ignoram os nossos trabalhos.
O Evangelho, porém, nos apropria com o recurso do perdão e logo limpamos a mente e o coração das mazelas que o ódio e a vingança começam a estabelecer.
Devemos dar as mãos e cantar dia e noite o cântico do perdão, que ele nos fará passar de homens cativos a seres livres.
Perdoa, e serás compensado.
Perdoa, e serás atendido nos desejos sublimados.
Perdoa, e serás forte na batalha contra o mal.
Perdoa, e serás iluminado pela graça e misericórdia do Senhor!”
Jesus nos deixou o alerta, dizendo ‘orai e vigiai’, sabendo que para nós é ainda muito fácil cairmos nas tentações da maledicência, do rancor, do orgulho ferido. Mas isso mantém nossos pensamentos numa faixa vibratória que dificulta a aproximação e o auxílio dos benfeitores espirituais e, inclusive, nos torna presas de espíritos obsessores que encontram afinidade em tais sentimentos.
Assim, deixemos as palavras cariciosas de São Francisco revestir nossos pensamentos e suavizar nossas emoções, compreendendo que o perdão, mais que uma concessão ao outro, é um benefício inestimável para nós mesmos.
Noemi C. Carvalho
do livro “Francisco de Assis“, do espírito Miramez, psicografado por João Nunes Maia
Referências
Fernando Miramez de Olivídeo nasceu na Espanha, em 1649 chegou ao Brasil e se dedicou a aliviar os sofrimentos físicos e espirituais dos indígenas e dos escravos com quem convivia.
Tornou-se guia espiritual de João Nunes Maia (1923 – 1991), com o qual se identificou numa reunião na União Espírita Mineira (UEM).