
São Francisco transmitia de forma singela profundos ensinamentos.
Francisco de Assis, antes de ser proclamado Santo, pregava as sábias palavras que fluíam docemente de seu coração puro. Assim todos ao seu redor tinham a oportunidade de compreender os ensinamentos de Jesus e vivenciá-los em suas atitudes diárias. E foi numa dessas palestras que ele fez seus discípulos entenderem o que é a consciência e como torná-la amorosa.
Numa reunião com seus dedicados companheiros, um de seus seguidores – Frei Rogério – perguntou-lhe:
– “Pai Francisco, será para mim especialmente agradável, se ouvir algo mais sobre o que é a consciência de que muitos falam, mas pouco se diz, permitindo uma compreensão mais profunda.”
Francisco, buscando então inspiração para atender ao questionamento do confrade, com um sorriso nos lábios argumentou:
– “Frei Rogério!… É de notória compreensão que esse assunto participe das cogitações de Deus, no recôndito das almas. Os nossos teólogos, homens por vezes inspirados, deixam escapar, de vez em quando, algo que nos sacia a sede de saber sobre a consciência. Mas eles mesmos duvidam do que falam, por lhes faltar a segurança, neste assunto de difícil comprovação.
No entanto, caro filho, nunca devemos abandonar um assunto, porque ele se nos apresenta fraco em sua existência e de difícil entendimento. Foi muito boa a lembrança e rogo a todos que oremos em conjunto, para que possamos buscar mais além o que ainda não entendemos com precisão.
Nesta preocupação cristã encontraremos o princípio do caminho que nos levará à fonte da sabedoria. Rogo a inspiração para que eu possa servir de instrumento, não para falar aquilo que me agrada, mas o que for o certo. Eu peço a Verdade.”
A consciência amorosa explicada com simplicidade.
Procurando fazer-se entender do modo mais ilustrativo possível, o Santo de Assis explicou aos seus discípulos:
– “Vejo a alma, Frei Rogério, como se fosse uma espiga de milho. A espiga é protegida por várias palhas sobrepostas, estando no centro, o sabugo, dando firmeza aos grãos.
Parece-me que o Espírito é obrigado, em obediência às leis de Deus, a se revestir de inúmeros corpos, que podemos chamar roupagens espirituais, para com elas descer neste mundo, de acordo com a determinação divina.
No centro, existe um corpo de comando, no qual o Espírito sente a grandeza de Deus e acata as ordens mais sutis. Paulo disso era conhecedor, quando dizia nestes termos, em que muito medito: “O Cristo em mim é motivo de glória.”
Jesus nos fala por esse campo de sensibilidade, que se aguça cada vez mais com a nossa maturidade espiritual. Esse campo é a Consciência.”
Nós escolhemos como será o nosso caminho.
Continuando com seus preciosos ensinamentos, Francisco lembra que o corpo material é transitório, mas a alma é imortal e sensibilizada pelas nossas atitudes cotidianas:
“Os outros corpos são mutáveis, como que para encontrarmos a realidade, mas o centro faz parte da Divina Presença. E dado à sua sutileza, que se esconde nas dobras do tempo e que somente Deus conhece na sua totalidade, registra tudo o que fazemos pensamos e sentimos, em uma área infinita, onde sempre há lugar para mais coisas.
Que Deus me perdoe, se falo o que não devo. Entretanto, encontro nesse assunto uma grande alegria, por nos dar motivo de somente gravar em nós tudo o que se relaciona com o Amor.”
E assim São Francisco nos faz entender que a nossa consciência é o que nos permite a comunicação sutil dos ensinamentos intuitivos, que chegam a nós pela Bondade Divina.
E na alma, que é imortal e não é limitada pelo tempo, ficam gravadas todas as nossas tendências, nossas emoções e pensamentos. Nada melhor, portanto, que gravar nesse registro pessoal tudo aquilo que se identifique com o bem e a bondade.
Pois os registros na nossa consciência determinam os caminhos que se abrem para neles seguirmos, e somente nós temos a possibilidade de estender à nossa frente uma estrada amorosa.
Noemi C. Carvalho
do livro “Francisco de Assis”, do espírito Miramez, psicografado por João Nunes Maia
Referências
Fernando Miramez de Olivídeo nasceu na Espanha e em 1649 chegou ao Brasil e se dedicou a aliviar os sofrimentos físicos e espirituais dos indígenas e dos escravos com quem convivia.
Tornou-se guia espiritual de João Nunes Maia (1923 – 1991), com o qual se identificou numa reunião na União Espírita Mineira (UEM).