
Uma conversa entre irmãos de fé, junto a São Francisco.
São Francisco sempre conversava com todas as pessoas dispostas a ouvi-lo e e aprender os ensinamentos que Jesus deixara, e que ele transmitia com simplicidade e bondade, falando sobre a fé, o amor, o perdão entre tantos temas.
Certa vez, quando estava com os frades que o acompanhavam, um deles, de nome Frei Morico, lhe perguntou:
– “Pai Francisco, o que é a fé?
O filho de Assis ponderou nos grandes feitos dos mais abalizados Santos, buscou a Jesus na Sua mais alta expressão de Santidade e afirmou:
– Frei Morico, a fé é a substância das coisas pensadas, nos ensina o grande convertido de Damasco. Essa fé avança em todos os sentidos e sustenta a vida em todas as demandas dos homens e dos Anjos. Onde não existe fé, não pode existir vida; o produto da fé é o milagre da vida.
A própria felicidade depende da fé, da sua presença marcante e sutil. Não poderíamos estar aqui reunidos, com os objetivos que nos animam a todos, se não fossem alguns traços da fé.
A fé é, pois, uma força do coração que atrai aquilo que firmemente queremos, sendo infinito o seu campo de ação. Assim como cultivamos na
lavoura tudo aquilo que deveremos colher, é nobre e justo que devamos cultivar as virtudes no solo dos corações, porque, se bem cuidado, os frutos não se farão esperar.
Emoções, pensamentos e atitudes formam um retrato do que somos.
O ser humano é o que a sua fé determina. Devemos unir os nossos pensamentos, buscando a retidão dos sentimentos, para que na flor das ideias surja a fé na glória de Deus e no reino de Nosso Senhor Jesus Cristo.
Se estás triste, busca de novo o teu íntimo e verás que escapuliu, sorrateiramente, a tua fé.
Se sentes, por momentos que seja, ódio de alguém, certamente que a tua fé faltou.
Se falas mal de alguém, é certo que a fé não se fez presente em teu coração.
Se esqueces o amor ao próximo é, pois, a fé que te faltou nas entranhas do ser.
Se foste enredado pela ignorância, desfazendo-se das qualidades alheias, podes verificar que a tua fé está escondida nas dobras do ciúme.
Se não respeitas os direitos alheios, certo é que esqueceste a fé.
Se tu deixas passar despercebida a caridade, o que dizer da fé?
Se não te lembraste do Amor, nessas feições mais simples da vida, é porque te faltou a presença da fé.
E por isso, meu filho, que a fé é verdadeiramente a substância das coisas pensadas, e essas coisas pensadas, para representarem a fé, haverão de ser selecionadas pela presença do Evangelho, porque somente ele sabe dar rumos à fé pura, a fé cristã, à fé de que tanto falava Jesus e que repetiam todos os Seus discípulos.
O próprio Evangelho é obra da fé. Qualquer um de nós, se o esquecermos, bem como as obras que o complementam, será um irmão que, mesmo andando, está morto, porque ensina a Boa Nova que a fé, sem obras, é morta. É através dela que chegaremos ao Reino da Esperança.”
Pelo espírito Miramez, do livro “Francisco de Assis“, psicografado por João Nunes Maia
Referências
Fernando Miramez de Olivídeo nasceu na Espanha, em 1649 chegou ao Brasil e se dedicou a aliviar os sofrimentos físicos e espirituais dos indígenas e dos escravos com quem convivia.
Tornou-se guia espiritual de João Nunes Maia (1923 – 1991), com o qual se identificou numa reunião na União Espírita Mineira (UEM).
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