
Os “laços fracos” são parte importante dos nossos relacionamentos.
Um interessante artigo publicado pela Universidade Harvard fala sobre os ‘laços fracos’: aqueles relacionamentos casuais, as conversas informais que costumávamos ter antes das regras de distanciamento social que se estabeleceram em nosso cotidiano por causa da pandemia do novo coronavírus.
São aquelas conversas casuais com o motorista do ônibus, com o atendente da lanchonete, com a pessoa na fila do banco. Esses relacionamentos são chamados pelos especialistas de “laços fracos” (“weak ties”, em inglês). Mas são considerados importantes em relação ao sentimento de pertencimento e também como uma forma de desabafar.
“Esses laços são essenciais para nosso bem-estar porque acabam nos dando a oportunidade de desabafar, confidenciar, refletir e discutir coisas que consideramos importantes”, disse Mario Luis Small , professor de sociologia de Harvard.
“Por causa da covid-19, não temos mais tantas oportunidades de simplesmente encontrar pessoas. Não apenas estranhos, mas também aqueles que não são exatamente estranhos. Como por exemplo pessoas que conhecemos casualmente porque são profissionais da mesma área ou com as quais trabalhamos.”, explica ele.
Por que desabafamos com estranhos?
Essas conexões superficiais fazem bem porque não ocupam muito tempo, fazem as pessoas se sentirem vistas e ouvidas. Ao mesmo tempo, não trazem nenhuma expectativa, nem o medo de cobranças ou julgamentos. E, de acordo com Small, podem ajudar a enfrentar alguns problemas pontuais. Estabelece-se, assim, uma ligação de confiança para confidenciar assuntos particulares a pessoas que não são próximas ou mesmo que mal conhecemos.
Mas por que a escolha em compartilhar informações pessoais com estranhos em vez de amigos ou familiares? Small acredita que a empatia tem um papel fundamental, quando achamos que o outro será capaz de “entender sua situação como você a entende.”
As pessoas podem confiar em conhecidos casuais ou até mesmo em uma pessoa desconhecida antes de contar o fato às pessoas mais próximas.
De certa forma, pode ser pela vontade de compartilhar ou desabafar com alguém, mas não querer que o segredo se espalhe. “Você não conta para sua mãe sobre algo muito embaraçoso, porque toda a família vai saber”, disse ele.
Os “laços fracos” são importantes também nas relações de trabalho.
Por causa da nova dinâmica nas relações no período da pandemia, com o trabalho remoto, as saídas de casa só quando necessário, temos menos chances de ter esse tipo de encontros pessoais.
Além disso, a mudança nas relações de trabalho também pode afetar a produtividade. A professora Ashley Whillans, da Harvard Business School, disse que os ‘laços fracos’ no trabalho são uma fonte subestimada de construção de sentido e de criatividade.”
As reuniões virtuais, com pautas definidas e tratando só de assuntos de trabalho, não substituem as conversas informais no intervalo do café, ao cruzar com alguém no corredor ou com um colega de outro andar. Falta a espontaneidade, o entrosamento, elementos que trazem a sensação de bem-estar, de acolhimento e descontração, e que refletem na realização das tarefas.
Por outro lado, estudos realizados mostram que um tempo maior gasto em chamadas por videoconferência está associado a níveis mais elevados de estresse, disse Whillans. Isto acontece porque a expressão corporal das conversas presenciais ajuda a entender melhor a mensagem.
Mas as reuniões por vídeo “nos deixam exaustos, em parte porque temos que trabalhar muito para entender as conversas, na ausência de pistas não verbais que são óbvias nas conversas cara a cara.”, diz ela.
A conversa descontraída é importante para o bem-estar.
Muitas pessoas estão sobrecarregadas com o trabalho, com as reuniões, com as tarefas domésticas, os cuidados com filhos ou pais idosos. “E quando se trata de agendar um horário para uma ligação com a família ou amigos, isso também pode parecer um trabalho, em vez de uma pausa na rotina diária”, disse Whillans.
Ela continua dizendo que “não estamos deixando tempo para as interações informais em nossas vidas pessoais ou profissionais, que são tão importantes.”
Para suprir a falta dessas relações sem compromisso, tanto Whillans como Small sugerem a troca de mensagens rápidas sobre assuntos casuais com colegas de trabalho e mesmo com amigos e familiares, ao invés de longas conversas por vídeo.
Precisamos nos desligar um pouco das longas conversas e dar um tempo para restabelecer a descontração e voltar a “jogar conversa fora”.
com informações de The Harvard Gazzette, da Universidade Harvard
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