
A profunda reflexão de Khalil Gibran sobre o bem e o mal.
Em sua reflexão poética, Khalil Gibran fala a respeito do bem e do mal. Ele tece considerações sobre aquele que se demora a atingir o bem. Segundo ele, é porque se encontra dividido, buscando seu caminho, encontrando seu ritmo de aperfeiçoamento.
Gibran Khalil Gibran, também conhecido como Khalil Gibran, nasceu no Líbano em 1883.
Aos 11 anos sua mãe mudou-se para Nova York – Estados Unidos – onde ele viveu e trabalhou a maior parte de sua vida, até lá falecer, em 1931, aos 48 anos de idade.
Filósofo, poeta, pintor, as suas obras literárias são marcadas pelo misticismo oriental. Seus livros e escritos, onde discorre sobre temas como o amor, a amizade, a morte e a natureza, de simples beleza e espiritualidade, são reconhecidos e admirados em todo o mundo.
Sua obra mais conhecida é o livro “O Profeta”.
Do bem e do mal.
E um dos anciãos da cidade disse: “Fala-nos do bem e do mal.”
E ele respondeu: Do bem que está em vós, poderei falar, mas não do mal. Pois que é o mal senão o próprio bem torturado por sua fome e sede?
Em verdade, quando o bem sente fome, procura alimento até nos antros escuros, e quando sente sede, desaltera-se até em águas estagnadas.
Vós sois bons quando vos identificais com vós mesmos. Mas não sois maus quando deixais de vos identificar com vós mesmos.
Pois a casa que se divide não se torna antro de ladrões: é, apenas, uma casa dividida.
E um navio sem leme pode vaguear sem rumo entre recifes perigosos, e não se afundar.
Vós sois bons quando vos esforçais por dar de vós próprios. Mas não sois maus quando vos limitais a procurar o lucro. Pois, quando lutais pelo lucro, sois simplesmente raízes que se agarram à terra e lhe sugam o seio.
Certamente, a fruta não pode dizer à raiz: “Sê como eu, madura e plena, e sempre generosa de tua abundância.”
Pois, para a fruta, dar é uma necessidade como, para a raiz, receber é uma necessidade.
Vós sois bons quando falais plenamente acordados. Porém, não sois maus quando adormeceis enquanto vossa língua tartamudeia sem propósito: mesmo um discurso gaguejante pode fortalecer uma língua débil.
Vós sois bons quando andais rumo a vosso objetivo, firmemente e com passos intrépidos. Porém, não sois maus quando ides coxeando: mesmo aqueles que coxeiam não andam para trás. Mas vós que sois fortes e velozes, guardai-vos de coxear por complacência na presença dos coxos.
Vós sois bons de inúmeras maneiras, e não sois maus quando não sois bons: estais apenas ociosos e indolentes. Pena que as gazelas não possam ensinar a velocidade às tartarugas!
Na vossa ânsia pelo nosso Eu-gigante está vossa bondade; e essa ânsia está em todos vós. Mas em alguns, essa ânsia é uma torrente que se precipita impetuosamente para o mar, carregando os segredos das colinas e as canções da floresta.
Em outros, é uma corrente preguiçosa que se perde em meandros e serpenteia. arrastando-se, antes de atingir a costa.
Mas que aquele que muito deseja se guarde de dizer àquele que pouco deseja: “Por que és lento e atrasado?”
Pois o verdadeiramente bom não pergunta ao desnudo: “Onde está tua roupa?” nem ao desabrigado: “Que aconteceu à tua casa?”
Khalil Gibran – do livro O Profeta
LêAqui: a mensagem certa na hora certa.
Texto maravilhoso!
Palavras profundas não se esvaem pela passagem do tempo. Rememorá-las, refletir sobre os ensinamentos que podem nos trazer e aplicá-los para construir um caminho cada vez mais sólido e seguro para nossos passos. Gratidão, Celeste, um bom ano de novas realizações!