
A paz e a fraternidade na Terra são possíveis.
Há mais de dois mil anos Jesus veio à Terra para ensinar a prática da fraternidade, da convivência pacífica, para que este planeta – abençoado por tantas belezas naturais – também fosse povoado pela beleza das almas de seus habitantes, transformando em realidade o sonho de um mundo sem guerras.
Entretanto, vinte e um séculos depois, a violência ainda persiste, os conflitos e as guerras ainda deixam vítimas fatais ou morais em seus rastros de destruição.
O Papa Francisco, lamenta que os horrores do século 20, com a eclosão das duas guerras mundiais, além dos atos de terrorismo, dos massacres e da propaganda do ódio parece que foram em vão, pois ainda hoje a paz é “pisoteada e desprezada”.
Por outro lado, ele observa que “a guerra está sendo perigosamente revalorizada”, e os responsáveis políticos responderão diante de Deus e dos povos pelos seus atos, que levam à continuação das guerras, da mortandade e do sofrimento.
É dessa forma, nesse tom de profunda tristeza que o Papa Francisco se expressa em um texto inédito no livro intitulado “Paz na Terra – A fraternidade é possível”.
O risco de esquecer as lições da história.
O Papa Francisco faz questão de salientar que, com o desaparecimento da geração que viveu a Segunda Guerra Mundial, nós rapidamente “esquecemos as lições da história”.
É assim que “o esquecimento das dores das guerras nos torna indefesos diante da lógica do ódio e facilita o desenvolvimento do belicismo. Esquecer sufoca a genuína aspiração pela paz e leva a repetir os erros do passado”.
O Santo Padre, em seguida, faz alguns questionamentos: “Estamos cientes do sofrimento de tantos devido à guerra? Estamos conscientes dos riscos para a humanidade? Tentamos de alguma forma apagar o fogo das guerras e evitá-las?
Ou estamos distraídos e inclinados sobre os nossos próprios interesses? Ou estamos satisfeitos com o fato que a guerra não nos afeta diretamente?”
Os refugiados são os tristes embaixadores da exigência de paz.
O Papa Francisco se refere ao conceito de “uma terceira guerra combatida ‘em pedaços’, com crimes, massacres, destruições”.
E faz um duro questionamento apelando para a consciência de todos: “Não podemos viver pacificamente com as guerras em andamento como se não fossem fatais. Seria um entorpecimento da consciência”.
Mas infelizmente isto acontece, especialmente em países não afetados por conflitos, mas apenas por algumas consequências, como a chegada de refugiados, explica o Pontífice.
São precisamente eles, aponta o Papa, as “testemunhas da guerra, tristes ‘embaixadores’ da inaudita exigência de paz” que “nos fazem experimentar em primeira mão como a guerra é desumana”.
“Ouçamos a dolorosa lição de vida deles!”, exorta o Papa Francisco. “Acolher refugiados também é uma forma de limitar os sofrimentos da guerra e de trabalhar pela paz”.
O mal só pode ser derrotado pelo bem, as trevas só podem ser extintas pela luz.
O Papa pede para que não se resvale no sentimento de indiferença, mas que cada um tenha para si “tentar agir pela paz sem se cansar”.
Porque, segundo ele faz questão de frisar, “a indiferença é cúmplice da guerra. O derramamento de sangue de uma única criatura já é demais!”
O Papa Francisco, então, denuncia as máfias e a criminalidade que “hoje conduzem verdadeiras guerras, destruindo a paz em benefício dos seus próprios interesses”.
Mas ele lança um apelo para não responder à violência com mais violência: “Ponha sua espada de volta em sua bainha”, diz ele, citando as palavras de Jesus no Jardim das Oliveiras.
Referindo-se diretamente àqueles que acreditam na violência, a promovem ou a justificam, o Papa lembra que “quem empunha a espada, por sua vez, experimentará a violência. E os conflitos, uma vez abertos, – nós os vemos em nossos dias – às vezes são transmitidos de geração em geração”.
O sonho de um mundo sem guerras.
O apelo final do Papa Francisco é para que não nos resignemos à guerra, fazendo com que ela seja “como um companheiro diário da humanidade”, com tantas crianças que crescem à sombra dos conflitos. A guerra – afirma – pode ser abolida, como aconteceu com a escravidão.
“O sonho de um mundo sem guerras não deve ser abandonado. Que todos os povos da Terra desfrutem da alegria da paz!”, é o que anseia o Papa Francisco.
Noemi C. Carvalho
Com informações de Vatican News