
A ligação espiritual transparece nos relacionamentos afetivos.
Os relacionamentos que estabelecemos durante a vida, sejam os afetivos como os familiares, sociais ou profissionais, trazem componentes que ultrapassam o tempo e o espaço e nos vinculam aos outros numa ligação espiritual.
Segundo a Doutrina Espírita, a verdadeira vida acontece na dimensão que se abre quando da morte do físico e libertação do Espírito, o verdadeiro ser.
Muito se especula e se imagina sobre o que ocorre em seguida ao desenlace dos cordões fluídicos, despedindo-se da matéria para se estruturar em uma nova forma, imaterial e fluídica.
Quem mais contribuiu para revelar e esclarecer esse admirável novo mundo foi o grande Chico Xavier em suas memoráveis psicografias que, praticamente, formaram a base do entendimento sobre a vida espiritual.
Se Allan Kardec decodificou os sinais que revelavam uma fonte inteligente por trás de fenômenos sem explicação material, elevadas entidades espirituais, através do humilde Chico, expuseram detalhes do mundo espiritual e como se desenvolve a vida depois da vida.
Uma retrospectiva da vida, analisada no plano espiritual.
Analisando os vários relatos, principalmente nos livros da série “Nosso Lar”, temos revelados a rotina das esferas espirituais e a jornada evolutiva dos desencarnados nas diversas regiões do plano espiritual.
Verificamos que após a mudança de dimensão a vida continua. E cada ser que lá chega leva consigo tudo o que era, tudo que pensava e acreditava. Ou seja, liberto da vestimenta material, e dependendo de seu estágio de consciência, o Espírito pode até não perceber que mudou de dimensão, acreditando ainda estar “vivo” e muitas vezes, por não perceber essa mudança, pode desenvolver uma série de perturbações, tão bem descritas nas obras da referida série.
Neste processo, auxiliados por mentores, cada ser repassa todos os detalhes que vivenciou, analisam-se as escolhas feitas e avaliam-se os resultados causados por essas escolhas. Dessa forma, o ser vai aprendendo de forma prática o poder do livre-arbítrio e os mecanismos de funcionamento da lei de causa e efeito.
Pode, então, perceber que o campo dos relacionamentos é o mais propício ao aprendizado, assim como o maior causador de problemas. No relacionamento com outra pessoa aflora o embate do autoconhecimento, pois as diferenças existentes podem gerar tanto complementaridade como adversidade, atraindo ou repelindo, criando aconchego e harmonia ou desconforto e discórdia. Afinal, é no relacionamento que surge a melhor forma para a evolução.
Os relacionamentos afetivos que atravessam o tempo e o espaço, numa ligação espiritual.
Aqui iremos nos restringir a fazer uma exposição acerca da área dos relacionamentos afetivos e a sua ligação espiritual, porque, em geral, concentram uma atenção muito elevada na preocupação das pessoas.
Amar e gostar não é possuir.
Quando está no plano espiritual, a pessoa leva consigo as suas memórias. Estas acalentam ou perturbam o Espírito, de acordo com as escolhas feitas quando encarnado. E são exatamente estas lembranças que podem causar as piores experiências, em função da energia emocional que estiver ligada a cada uma delas.
Ressentimentos, mágoas, remorsos, tristezas, serão sentidas de forma muito intensa, muitas vezes levando a fortes distúrbios. Por isso é de suma importância aprender a arte do desapego, para que não se fique entregue a paixões tóxicas, nem dependente de nada e de ninguém.
Amar e gostar não é possuir. Portanto, quando o ser que é amado não está próximo, sua ausência não é sentida com tristeza. Pois o amor que se tem preenche todos os recantos do ser, trazendo aconchego e paz.
O apego pode dar origem a tristeza e sofrimento.
Como se pode observar nos casos descritos ao longo dos livros, se ao partir para o plano espiritual a pessoa “deixou” algum afeto profundo para trás, é possível que uma sensação de perda possa ser sentida, e a perspectiva de viver sem o ser amado pode gerar intranquilidade ou desespero.
E a recíproca é verdadeira para quem fica. Pois aos olhos da matéria, aquela afeição se foi e será consumida pelo tempo, sem esperança de reencontro. Esse quadro é prejudicial a todos, mas principalmente ao ente que foi para o plano espiritual. Uma vez livre do corpo material, a sensibilidade é maior e as emoções repercutem mais fortemente.
Encontramos muitas vezes histórias de relacionamentos afetivos marcados pelo sofrimento, que só se entendem recorrendo-se à explicação de sua ligação espiritual. Pouco se conhece dos motivos que levam uma pessoa a se afinizar e apaixonar-se por outra. As razões quase sempre estão atreladas às ocorrências vividas anteriormente neste intercâmbio entre o plano material e o espiritual.
Os vínculos que podem se formar nas relações.
Uma pessoa muito prejudicada por outra em determinado momento pode, em função desse evento, sentir uma animosidade tão grande que gere em si um ódio muito violento, possível precursor de desejos de vingança. Com o passar do tempo, essa má energia fica presa e só aumenta, pois nunca foi devidamente trabalhada.
Na ocasião do desencarne desta pessoa, todas as energias negativas que se criaram através do ódio e do ressentimento, deixam o Espírito tão perturbado que ele será refratário a qualquer apelo de transformação. E assim, percebendo-se sem a matéria, se sentirá livre para submeter o seu antigo algoz em vítima. Via de regra, isso se repetirá por muito tempo.
Esse é um dos mecanismos que dão origem à maioria de nossos relacionamentos, principalmente os de caráter sentimental. Pois os embates avolumam-se de tal maneira que chegam a pontos muito críticos. Fato esse que, gera a necessidade de correções profundas e intensas que só os relacionamentos íntimos podem proporcionar.
Um romance energético, onde relacionar-se é evoluir.
Nada escapa da lei de causa e efeito.
Tudo no universo tende ao equilíbrio, num processo dinâmico de interação que evolui envolvendo a todos pelos laços do relacionamento.
É um verdadeiro romance energético, colocando cada um no melhor lugar para alcançar a sua evolução.
E, de par em par, os seres vão se purificando pouco a pouco, pelos caminhos da eternidade, encontrando-se e desencontrando-se, entregue aos relacionamentos afetivos que prevalecem na ligação espiritual.
José Batista de Carvalho
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