
Para construir um mundo mais feliz, precisamos pensar na humanidade como um todo.
O Dalai Lama teve um encontro virtual com estudantes de universidades russas e começou a reunião falando sobre felicidade. “Todos nós queremos viver uma vida feliz. Não queremos sofrimento”, destacou Sua Santidade. “Como outros animais, mesmo aqueles tão pequenos quanto insetos, queremos levar uma vida feliz, sem perturbações.
O que faz a diferença é que o ser humano é inteligente e procuramos usar a nossa inteligência para encontrar a felicidade. Mas às vezes somos míopes e tacanhos sobre isso.
O século vinte viu duas guerras mundiais. Usamos a nossa inteligência humana e o conhecimento científico para fins militares. Desenvolvemos armas cada vez mais destrutivas, incluindo bombas nucleares e mísseis armados com ogivas nucleares.
Nós apenas pensamos em nós mesmos. Agora, temos que pensar em toda a humanidade, não apenas nesta ou naquela nação. Já que todos nós temos que viver juntos neste planeta, não há espaço para lutar com base na divisão entre ‘nós’ e ‘eles’. Essa é uma velha maneira de pensar.
Quando se trata de construir um mundo mais feliz, temos que ver as diferenças culturais e linguísticas entre nós como secundárias. Precisamos levar em consideração toda a humanidade. Anteriormente, porque pensávamos apenas em termos estreitos, tropeçamos na guerra com toda a miséria que isso acarreta”, lamenta Dalai Lama.
Os bons resultados dependem de um bom senso de altruísmo.
Em seguida, Sua Santidade falou sobre a possibilidade de existência de algum conflito entre a busca pelo desenvolvimento tecnológico e a espiritualidade. Sua Santidade respondeu: “a tecnologia é criada e usada por seres humanos. Portanto, quando empregada criteriosamente e com senso de altruísmo, o resultado será bom.
Um computador, por exemplo, não tem resposta emocional própria. O efeito que pode ter em qualquer situação depende muito da pessoa que o usa. Se a pessoa que o usa hoje for generosa e gentil, o efeito provavelmente será positivo. Mas se o mesmo equipamento for usado amanhã por alguém que está com raiva e rancoroso, é mais provável que o resultado seja prejudicial.”
Dalai Lama também se referiu aos problemas enfrentados no convívio em sociedade por causa do predomínio das emoções negativas. “Nós, seres humanos, somos compassivos por natureza”, explica ele. “Desde o nascimento, somos protegidos pelo amor de nossa mãe. Dependemos de outros para a nossa sobrevivência.
Os cientistas observam que somos animais sociais e, por isso, estamos naturalmente preocupados com a nossa própria comunidade e, ainda assim, a educação moderna se concentra nas coisas externas. Se cultivássemos um senso de higiene emocional, a maneira como observamos a higiene física para preservar nossa saúde, aprenderíamos a lidar com nossas emoções destrutivas e cultivar um senso de altruísmo.”
Transformando as nossas emoções, transformamos o nosso carma.
Sua Santidade esclareceu que o estado de Buda é um estado no qual a mente foi completamente purificada das emoções negativas. A natureza da mente é luz e compaixão, enquanto as emoções destrutivas estão enraizadas na ignorância.
As emoções negativas não têm uma base sólida. E por isso podem ser eliminadas e a natureza de luz da mente pode ser revelada. Isso nos torna mestres de nosso próprio destino. A sabedoria é o antídoto para a ignorância, e investigar diferentes formas de pensar à luz da razão é muito importante.
Do ponto de vista budista, tudo depende de nós. Tudo no universo surge devido ao nosso carma. Se treinarmos nossas mentes, cultivando o altruísmo e a sabedoria, podemos encerrar o ciclo da existência. A mente, entretanto, não tem começo nem fim.
É importante não ceder às dificuldades que surgem. Dalai Lama explicou que não devemos dizer que os problemas são ‘o resultado do nosso carma’. Ele diz que existem poucas situações que não podemos mudar e que podemos combater o carma negativo com a criação de carma positivo.
Diante de circunstâncias fora de nosso controle é bom ser paciente, mas não é apropriado ser paciente com o sofrimento em geral. Uma vez que cada um de nós tem a natureza de Buda, é muito melhor tentar realizá-la superando a ignorância e o sofrimento, enfatizou Dalai Lama.
fonte: Dalai Lama