
Autoestima e humildade: o par perfeito.
A ideia central que vem à mente quando se fala em ter um boa autoestima é que é preciso se considerar o melhor em tudo que faz, alguém muito especial que faz coisas que ninguém faz e por isso é admirado. Mas a genuína autoestima, segundo Eckhart Tolle, caminha junto com a humildade.
Manter a autoestima elevada tem a ver, sim, com sentir-se bem consigo mesmo, evitando as autocríticas e procurando trazer à manifestação externa as qualidades que possui.
Isso, entretanto, não significa se comparar para saber se seu jeito de ser e fazer a coisas é melhor ou não que o outro. Não tem a ver com o outro, mas com você mesmo.
Fazer com o coração é um carinho para a boa autoestima.
Quando você executa um trabalho bem feito porque acha que assim deve ser, você está permitindo que sua qualidade seja colocada em prática a favor de alguém.
Não importa se é para erguer uma parede, fazer um corte de cabelo, desenvolver um novo medicamento ou atender bem atrás do balcão.
O que importa é fazer com dedicação, com alegria, com espírito de serviço, permitindo que sua essência, o seu ser interior se manifeste.
Quando alguém faz o seu trabalho só por fazer ou, então, com a intenção de ter reconhecimento e aceitação, na verdade está desempenhando um papel.
Essa atitude vai se modificando e amoldando de acordo com as circunstâncias, e de tanto mudar vai criando uma dificuldade em saber quem realmente se é.
Tolle esclarece que “somos mais eficazes no que quer que façamos quando executamos a ação em benefício dela mesma, e não como um meio de proteger e acentuar a identidade do nosso papel“, que representa “uma percepção fictícia do eu.”
Quando temos humildade, reconhecemos e expressamos nossas virtudes sem segundas intenções.
É por isso que quando deixamos de procurar ser alguém diferente e não agimos com intenções ocultas, passamos a ser mais capazes, mais eficazes, a autoestima é boa. Ficamos concentrados naquilo que fazemos, os resultados são melhores, beneficiamos os outros e a nós mesmos.
A interpretação dos papéis sociais normalmente acontece porque não nos consideramos bons o bastante, ou queremos ter mais – ainda que seja mais reconhecimento, mais admiração.
Esses pensamentos podem ser inconscientes, mas mesmo assim, cabe a cada um perceber a influência que eles podem estar exercendo.
“No entanto”, diz Tolle, “não podemos ser mais do que somos porque, por baixo da superfície da nossa forma física e psicológica, somos um só com a Vida em si mesma, com o Ser.
Na forma, somos e seremos sempre inferiores a algumas pessoas e superiores a outras. Na essência, não somos inferiores nem superiores a ninguém.
A verdadeira autoestima e a autêntica humildade surgem dessa compreensão. Aos olhos do ego, a auto-estima e a humildade são contraditórias. Na verdade, elas são uma só coisa e a mesma.”, conclui.
Vemos, portanto, que podemos manter nossa autoestima elevada quando agimos com humildade, aceitando, sim, que temos qualidades, e não nos valemos delas como uma mercadoria a ser leiloada, mas como um bem a ser repartido.
Noemi C. Carvalho