
O que você costuma pedir quando reza?
Ouvimos, muitas vezes, pessoas dizendo que não adianta nada rezar, porque as coisas não melhoram. Tem até aquela frase popular que diz que “quanto mais rezo, mais assombração aparece”. Por outro lado, outros ficam em dúvida: devemos só agradecer ou podemos fazer pedidos em nossas orações?
Em “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, no Capítulo XXVII – “Pedi e obtereis”, Allan Kardec explica várias coisas sobre a ação e a eficácia da prece.
“Há quem conteste a eficácia da prece, com fundamento no princípio de que, conhecendo Deus as nossas necessidades, inútil se torna expor-lhas. E acrescentam os que assim pensam que, achando-se tudo no Universo encadeado por leis eternas, não podem as nossas súplicas mudar os decretos de Deus.”
Kardec explica, a esse respeito, que existem, é verdade, as leis naturais e imutáveis, que não podem ser revogadas por simples capricho de cada um. Por outro lado, não podemos afirmar que tudo na vida é fruto da fatalidade, porque “Deus não lhe outorgou a razão e a inteligência, para que ele as deixasse sem serventia; a vontade, para não querer; a atividade, para ficar inativo.”
Certamente que essa liberdade de ação implica em responsabilidade sobre as consequências, tanto sobre o que se faz como sobre o que se deixa de fazer, porque tanto a ação como a falta dela são escolhas que fazemos. E as ações bem-sucedidas, que trazem proveito e benefício a todos, não interferem na harmonia das leis universais.
“Possível é, portanto, que Deus aceda a certos pedidos, sem perturbar a imutabilidade das leis que regem o conjunto, subordinada sempre essa anuência à sua vontade.”, explica Kardec.
Deus nos concede os pedidos que são bons para nós.
É preciso, entretanto, ter a compreensão que não se trata de simplesmente pedir para que se realize tudo o que queremos, pois não podemos nos esquecer que Deus sabe o que é o melhor para o nosso bem.
A nossa visão é limitada ao presente, às ações e aos resultados imediatos, ao bem e à felicidade do momento. Entretanto, a Divina Providência conhece o nosso passado e o nosso futuro, abrangendo não somente os tempos de nossa existência atual, mas também considerando nossas reencarnações passadas e futuras, a nossa vida enquanto espírito que somos.
Assim, explica Kardec, “se o sofrimento é de utilidade para a sua felicidade futura, Deus o deixará sofrer, como o cirurgião deixa que o doente sofra as dores de uma operação que lhe trará a cura.”
Os pedidos que fazemos nas orações que sempre são atendidos.
Existem, contudo, pedidos que fazemos em nossas orações que nunca serão negados: quando pedimos a Deus, com fé e com confiança, que nos conceda a força, a coragem, a resignação para superarmos as dificuldades que se nos apresentam.
O auxílio que pedimos para vencer as nossas provações chega até nós por meio das “ideias que fará lhe sugiram os bons Espíritos, deixando-lhe dessa forma o mérito da ação. Ele assiste os que ajudam a si mesmos, de conformidade com esta máxima: ‘Ajuda-te, que o Céu te ajudará’.”
O esforço individual é imprescindível, por isso o auxílio não vem em socorro daqueles que querem os milagres sem se empenhar na busca da solução.
Pois é a superação dos problemas e o enfrentamento das dificuldades que fortalecem o nosso espírito e que nos dão a confiança adquirida pela experiência.
Neste ponto, Kardec lembra que existe uma diferença fundamental que pode ser observada entre os que têm fé e aqueles que não a têm.
Quem não tem fé e só se lembra de Deus nos momentos de extrema aflição vai dizer: “Que boa ideia eu tive! Que sorte a minha!”
Mas quem tem fé, logo que encontra uma solução diz: “Obrigado, meu Deus, pela ideia que me inspiraste e pela força que me deste.”
Noemi C. Carvalho
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