Por que os nossos sonhos às vezes parecem tão estranhos?

O espiritismo explica o que nos lembramos dos sonhos.

As lembranças que temos dos nossos sonhos muitas vezes fazem eles parecer muito estranhos. São coisas desconexas, confusas, que não fazem nenhum sentido. Às vezes o ambiente é familiar, mas não exatamente igual. Muitas vezes conversamos com conhecidos, outras, com completos estranhos.

O sonho pode ter relação com algum fato agradável que tivemos ou pelo qual estamos esperando. Mas também pode refletir uma preocupação ou ter relação com algum acontecimento que nos incomodou. E certas vezes nos lembramos de aparecerem nos sonhos objetos ou animais estranhos, sem contexto algum.

Existe uma explicação para essas lembranças que temos dos nossos sonhos, que já não os deixa tão estranhos, e que nos é dada pelos autores espirituais. Como no caso de André Luiz¹, que conta uma passagem interessante.

Uma conversa amorosa, em forma de sonho.

André Luiz relata um encontro que foi realizado durante as horas de sono físico de uma jovem, encarnada na Terra, e a sua avó, já desencarnada, que trabalhava na colônia espiritual Nosso Lar.

A bondosa avó que veio em auxílio da neta encarnada, abraçada a ela, lhe dizia:

– “Nieta, não dês tamanha importância aos obstáculos. Esquece os que te perseguem, a ninguém odeies. Conserva a tua paz espiritual, acima de tudo. Tua mãe não te pode valer agora, mas crê na continuidade de nossa vida. A vovó não te esquecerá.

A calúnia, Nieta, é uma serpente que ameaça o coração; entretanto, se a encararmos de frente, fortes e tranquilas, veremos, a breve tempo, que a serpente não tem vida própria. É víbora de brinquedo a se quebrar como vidro, pelo impulso de nossas mãos.

E, vencido o espantalho, em lugar da serpente, teremos conosco a flor da virtude.

Não temas, querida! Não percas a sagrada oportunidade de testemunhar a compreensão de Jesus!”

Nós nos lembramos de tudo o que acontece no encontro espiritual durante o sono?

André Luiz, então pergunta ao orientador espiritual, Aniceto, se a jovem se lembraria de tudo, quando despertasse no corpo físico.

O orientador sorriu e então esclareceu que a neta não podia ver o ambiente com precisão, nem mesmo ouvir as palavras integralmente. Durante o sono físico, ocorre um desprendimento parcial do espírito, mas a visão e a audição ficam restritas.

Portanto, explica Aniceto, “o fenômeno é mais de união espiritual que de percepções sensoriais, propriamente ditas. A jovem está recebendo consolações positivas, de Espírito a Espírito.

Mas não se recordará, despertando nos véus materiais mais grosseiros, de todas as minúcias deste venturoso encontro que acabamos de presenciar.”

Ainda assim, continua o instrutor espiritual dizendo, a jovem vai acordar bem-disposta e com bom ânimo.

Ela vai lembrar que sonhou com a avó e que viu, no sonho, “uma cobra ameaçadora, que logo se transformou em serpente de vidro, quebrando-se ao impulso de suas mãos, para transformar-se em perfumosa flor, da qual ainda conserva a lembrança agradável do aroma.”

E ainda vai sentir o conforto que experimentou no momento em que sonhava e, “no fundo, compreenderá a mensagem consoladora que lhe foi concedida.”, completa Aniceto.

Uma relação magnética que se estabelece pela força do pensamento.

A jovem não vai se lembrar das palavras exatas que ouviu, porque para isso “precisaria ter adquirido profunda lucidez no campo da existência física”, continuou Aniceto.

O mentor também explicou que ela “recordará as imagens simbólicas da víbora e da flor, porque está em relação magnética com a veneranda avozinha, recebendo-lhe a emissão de pensamentos positivos.

A benfeitora não fala apenas. Mas está pensando fortemente também. A neta, todavia, não está ouvindo ou vendo pelo processo comum, mas está percebendo claramente a criação mental da anciã amiga e dará notícia exata dos símbolos entrevistos e arquivados na memória real e profunda.

Desse modo, não terá dificuldade para informar-se quanto à essência do que a bondosa avó deseja transmitir-lhe ao coração sofredor, compreendendo que a calúnia, quando fere uma consciência tranquila não passa de serpente mentirosa, a transformar-se em flor de virtude nova, quando enfrentada com o valor duma coragem serena e cristã.”

Os bons sonhos e os sonhos ruins.

O mentor espiritual explicou que, da mesma forma, os espíritos inferiores também podem se ligar aos encarnados durante as horas de sono. E nesse caso, os sonhos podem, de fato, se tornar muito estranhos.

“Através das correntes magnéticas suscetíveis de movimentação, quando se efetua o sono dos encarnados, são mantidas obsessões inferiores, perseguições permanentes, explorações psíquicas de baixa classe, vampirismo destruidor, tentações diversas.

Ainda são poucos, relativamente, os irmãos encarnados que sabem dormir para o bem…”, disse Aniceto.

Por isso, para nos preservarmos da aproximação de entidades espirituais que ainda estão num baixo padrão vibratório, é importante estarmos sempre atentos aos nossos pensamentos, para manter a ligação com os espíritos mais evoluídos e que podem nos orientar em nossa jornada.

E para uma boa noite de sono, lembre-se de firmar esse laço espiritual através de palavras de gratidão pelo dia que findou.

Peça, também, para que a noite seja proveitosa, e que as horas necessárias ao repouso do corpo físico sejam de atividades favoráveis ao seu progresso espiritual, em companhia de espíritos amigos, bondosos e interessados no seu bem.

Noemi C. Carvalho

1 – André Luiz, no livro “Os Mensageiros”, psicografado por Chico Xavier