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Qual o seu ideal de pessoa? 

Existe uma pessoa perfeita?

Como é a pessoa ideal para você, tanto em relação aos outros, como em relação a você mesmo? “Ideal em relação a quê”?, você vai perguntar.

Deixemos de lado todos os aspectos físicos: altura, peso, cor de pele, tipo de cabelo, idade. Deixemos, também, tudo o que pode representar gostos pessoais: preferências por atividades de lazer, gosto por restaurantes e pratos preferidos, estilos de músicas e de filmes e até mesmo preferências sexuais. Podemos, também, descartar opiniões pessoais referentes a política, esportes, religião.

Bem, então, o que sobra? Sobram os aspectos interiores, aquele complexo de padrões de pensamentos e sentimentos que formam a personalidade e direcionam nossas atitudes. Eu até arrisco dizer que esse complexo vai além da personalidade, pelo menos da personalidade que expomos e tornamos visível aos olhos dos outros ou – por que não dizer? –  temos certeza de tratar-se de características pessoais nossas.

Creio que todos gostam de sentir como pessoas boas, corretas, amáveis, enfim, vistas com bons olhos pelos outros. Um fator de importância fundamental no autoconhecimento é reconhecer que temos, em nosso âmago, aspectos de caráter opostos.

Esse reconhecimento é necessário para que tenhamos a consciência que possuímos aquilo que chamamos “defeitos”, e assim não sejamos pegos de surpresa quando alguma situação puxar o nosso pior lado.

Como reconhecer a natureza de nossos opostos?

Acredito, sim, que existam pessoas conscientes de seus opostos, que conseguem mantê-los em equilíbrio em qualquer situação. Eu, assumo isso com pesar, não cheguei lá ainda. E pelo que vejo diariamente, a maioria das pessoas ainda não conseguiu. São as pequenas explosões, aqueles momentos em que perdemos as estribeiras, falamos alto, respondemos mal, julgamos e criticamos.

Nós temos, dentro de nós, a paz – mas também temos a guerra; temos o amor – mas muitas vezes expressamos a raiva; temos a bondade – que às vezes se esconde na omissão; temos a fé – muitas vezes acobertada pelo medo.

Isto é, nós somos o bem e o mal, a força e a fraqueza, a luz e as trevas, a alegria e a tristeza, o amor e a dor. Somos constituídos pelos opostos, pois essa é assim que se forma o todo. Publicamos anteriormente um post de Debbie Ford, que você pode ler em seguida, e retrata isso de uma forma muito bonita e compreensível: Por que negamos a matilha de lobos que vive em nós?

Não podemos desprezar essa informação: temos dentro de nós opostos, e o ideal é compreendermos e usarmos adequadamente, no momento e na proporção correta, cada polaridade, mantendo seu equilíbrio para que o todo seja harmonioso.

Vocês devem conhecer a fábula do sapo e do escorpião, mas vou relembrá-la, começando como toda fábula começa:

Era uma vez um escorpião que, querendo atravessar o lago, pediu ao sapo que o levasse em suas costas. O sapo recusou: “Você vai me picar e eu vou morrer.”

O escorpião, por sua vez, retrucou: “Pense um pouco: se eu te picar no meio do lago, eu também vou morrer.” O sapo pensou um pouco e, convencido pela explicação, aproximou-se da margem para que o escorpião subisse em suas costas.

Quando estavam no meio do lago, o sapo sentiu a picada letal. Incrédulo, perguntou ao escorpião por que ele fizera isso, pois agora ambos morreriam.

Ao que o escorpião respondeu: “Desculpe, não consegui resistir. É da minha natureza.”

Como controlar nossos impulsos?

Como podemos resistir à nossa natureza explosiva, ferina, desagradável, egoísta? Com muito esforço. Prestando atenção aos nossos sentimentos, sentindo o momento em que possivelmente venham a se manifestar.

Então, procurar retardar ao máximo qualquer palavra, qualquer atitude. Respirar fundo sempre é uma boa opção. Enquanto respiramos não conseguimos falar, o ar entrando em maior quantidade alivia a tensão. Tente conquistar esses segundos para dar um tempo de escolher qual atitude você prefere. Isso pode evitar o arrependimento de uma explosão repentina.

Pode ser difícil na primeira vez, você só vai lembrar disso depois que o momento passou. Mas na segunda vez, talvez você se lembre durante o momento: “Puxa, não queria ter explodido, agora já foi.” E na terceira vez, você vai conseguir conter o ímpeto a tempo.

Aos poucos você vai sentindo mais segurança, vai conseguindo resistir a essa sua natureza mais agressiva. Mas todo cuidado é pouco, porque sempre há a possibilidade de um deslize e, normalmente, conseguimos manter um controle adequado em situações de menor importância mas acabamos perdendo o rumo num evento de maior significação pessoal.

Como num jogo de tabuleiro, jogamos os dados, avançamos pelas casas, às vezes acabamos retrocedendo. Mas o caminho continua à frente, esperando por nós.

 

Noemi C. Carvalho

 


No post São Jorge, livrai-me de meus dragões interiores , no trecho sob o cabeçalho “São Jorge e o dragão: uma dicotomia que nos leva do inconsciente para o consciente”, você vai encontrar boas informações sobre a integração das sombras na jornada para a expansão da consciência


 

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