
O Sábado Santo, a Hora da Mãe.
Sexta-feira Santa é a hora de Cristo, morto na Cruz. O Sábado Santo é a Hora da Mãe. O Domingo de Páscoa é o renascimento da esperança. A Hora da Mãe é uma antiga liturgia, bizantina, recitada na manhã do Sábado Santo desde 1987, tornando-se, assim, um elo vivo entre o Oriente e o Ocidente.
Este ano, a Hora da Mãe, foi oficiada pelo arcipreste cardeal Stanislav Rylko, titular da Basílica de Santa Maria Maior, e, como todas as demais celebrações, sem a presença de público ou com público limitado por causa das restrições impostas para a contenção da pandemia da covid-19.
“Nenhuma dor é maior do que aquela de uma mãe que perde seu filho. Imaginemos a dor de Maria: sabia o que devia acontecer e aprendeu a aceitar isso durante toda a vida, desde aquele primeiro ‘sim’ da Anunciação.
Ela vê tudo se cumprir sob seus olhos, com a certeza da fé de que seu filho é Deus, mas o vê sofrer como qualquer outro homem, submetido a terríveis torturas e humilhações e condenado à morte. A Virgem reconhece aquela dor que Simeão lhe previra: “Uma espada transpassará a tua alma” (Lc 2, 35).
Sob a Cruz, Maria pronuncia mais uma vez – no silêncio de seu coração – seu sim incondicional. A dor de Maria não é desesperada, mas ainda assim é insuportável, porque é a mais pura dor de uma mãe. Transcorre o sábado, aquele dia interminável, à espera de que tudo aconteça.
Esta força de fé, esta esperança segura, certamente não poderia aliviar sua dor. Ela teve que testemunhar a agonia de seu Filho e sua morte. Ela o segurou pela última vez em seus braços antes de deixá-lo, ao ser levado para a sepultura. Ela teve que aceitar o desapego e o vazio que se abateu sobre ela.
Maria se torna ponte entre o Filho e a humanidade, entre a morte e a vida, à espera da Ressurreição. Se a Sexta-feira Santa é a hora de Cristo, morto na Cruz, o Sábado Santo é a Hora da Mãe.”
A Vigília Pascal, o Sábado de Aleluia.
Na homilia da Vigília Pascal deste ano, realizada ao entardecer do sábado, véspera do domingo de Páscoa, o Papa Francisco disse:
“Aqui está o anúncio de Páscoa que gostaria de deixar: é possível recomeçar sempre, porque há uma vida nova que Deus, independentemente de todos os nossos falimentos, é capaz de fazer reiniciar em nós.
Deus pode construir uma obra de arte até a partir dos escombros do nosso coração; a partir mesmo dos pedaços arruinados da nossa humanidade, Deus prepara uma nova história.
Ele sempre nos precede”, afirmou ainda o Papa, referindo-se ao versículo do Evangelho, “Ele precede-vos a caminho da Galileia; lá O vereis” (16, 7).
Para o Papa, aqui se encontra o convite da Páscoa: “ir para a Galileia”, que significa, antes de mais nada, recomeçar.
E nestes meses sombrios de pandemia, “ouçamos o Senhor ressuscitado que nos convida a recomeçar, a nunca perder a esperança”.
Ir para a Galileia significa também percorrer caminhos novos, “é mover-se na direção oposta ao túmulo”.
Muitos vivem a «fé das recordações», como se Jesus fosse um personagem do passado, constatou o Papa. Ao contrário, ir para a Galileia significa aprender que a fé, para estar viva, deve continuar a caminhar. Temos medo das surpresas de Deus, acrescentou o Pontífice, mas hoje o Senhor nos convida a deixar-nos surpreender.
“Jesus não é um personagem ultrapassado. Ele está vivo, aqui e agora. ”Caminha conosco todos os dias, na situação que estamos vivendo, nos sonhos que trazemos dentro de nós.
Precisamos reconhecer Jesus na vida de todos os dias. Com Ele, a vida mudará. Com Ele, a vida recomeça. Porque, para além de todas as derrotas, do mal e da violência, para além de todo sofrimento e para além da morte, o Ressuscitado vive e guia a história.
“Irmã, irmão, se nesta noite tem no coração uma hora escura, um dia que ainda não raiou, uma luz sepultada, um sonho despedaçado, abra o coração maravilhado ao anúncio da Páscoa: «Não tenha medo, ressuscitou! E o espera na Galileia».”
No Domingo de Páscoa, em meio a guerras e pandemia, o Ressuscitado é a esperança.
Na Basílica Vaticana, o Papa Francisco presidiu à Santa Missa de Páscoa. Na mensagem Urbi et Orbi, a atenção do Papa Francisco se volta ao mundo marcado por conflitos armados e pelas crises decorrentes da pandemia do coronavírus.
“Queridos irmãos e irmãs, feliz Páscoa! Hoje ressoa, em todas as partes do mundo, o anúncio da Igreja: «Jesus, o crucificado, ressuscitou, como tinha dito. Aleluia».
A pandemia está ainda em pleno desenvolvimento. A crise social e econômica é muito pesada, especialmente para os mais pobres. E, apesar disso – e é escandaloso –, não cessam os conflitos armados e reforçam-se os arsenais militares”, disse o Pontífice.
Nesta complexa realidade, o anúncio de Páscoa encerra em poucas palavras um acontecimento que dá a esperança: «O crucificado ressuscitou». E as chagas de Jesus “são a chancela perene do seu amor por nós”.
Cristo ressuscitado é esperança para quem sofre devido à pandemia, para os doentes e para quem perdeu um ente querido, para os desempregados, para os médicos e enfermeiros.
“No mundo, há ainda demasiadas guerras, demasiada violência! O Senhor, que é a nossa paz, nos ajude a vencer a mentalidade da guerra”, foi o clamor do Papa.
A mensagem final do Papa no Domingo de Páscoa foi de esperança: “À luz do Ressuscitado, os nossos sofrimentos são transfigurados. Onde havia morte, agora há vida; onde havia luto, agora há consolação. Ao abraçar a Cruz, Jesus deu sentido aos nossos sofrimentos. Feliz Páscoa para todos!”
Papa Francisco
fonte:
– Vatican News